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02/05/2018 às 09h51min - Atualizada em 02/05/2018 às 09h51min

O impacto do frete no e-commerce brasileiro

IVAN ZEREDO | SÓCIO E DIRETOR DE MARKETING DO CUPONOMIA
 
Você já desistiu de fazer alguma compra online por causa do valor do frete? Quando fizemos essa pergunta em uma de nossas pesquisas de mercado, a resposta que obtivemos dos usuários nos levou a perceber o real impacto que o frete dos produtos pode ter nas operações e estratégias do e-commerce. Neste caso, 90% dos participantes que responderam à pesquisa disseram que sim.

Quando comparamos esse comportamento entre os usuários das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil, o resultado é ainda mais contrastante. Por causa da distância dos centros de distribuição das lojas online e, consequentemente, do maior custo para entrega dos produtos, os consumidores da região Nordeste preferem, 60% a mais do que os do Sudeste, promoções de frete grátis do que outros tipos de descontos nos produtos.

Embora esses feedbacks sejam relevantes para o mercado, talvez não sejam tão surpreendentes assim, tendo em vista que não é de hoje que o preço do frete está no topo das discussões em diversos segmentos do e-commerce. Em um contexto generalizado, podemos considerar que esse fator representa uma das principais barreiras que impedem o crescimento do comércio eletrônico atualmente. É uma questão que interfere diretamente na experiência dos consumidores durante o processo de compra, desde a apresentação do produto até a conclusão do pedido na loja.

Para ajudar a otimizar essa experiência e aumentar as conversões na loja, os varejistas contam com algumas estratégias e opções de fretagem, que podem ser bem apropriadas, porém, cada uma com suas particularidades e ressalvas. Estão entre ela os programas de fidelidade para frete, que ganharam popularidade em grandes e-commerces americanos e têm funcionado em algumas empresas brasileiras. O modelo é baseado em planos de assinaturas que permitem fixar um valor mensal ou anual para a entrega dos produtos do site. É uma saída vantajosa para os consumidores, que contratam um serviço único e já sabem com antecedência o quanto irão pagar, e também para os lojistas que poderão contar com um volume de vendas recorrentes por parte dos assinantes.

Para quem pensa em oferecer o frete por assinatura, é aconselhável que sejam realizadas experimentações com pequenos grupos de clientes para verificar se esse modelo é realmente viável para o negócio.

Oferecer promoções de frete grátis também pode ser uma boa estratégia para as lojas online, sendo, em alguns casos, até mais eficientes que descontos nos produtos para aumentar a taxa de conversão. Mas é uma ferramenta que deve ser usada em momentos específicos, com campanhas e objetivos bem planejados.

Outra opção é a própria loja fazer a entrega dos produtos, mas, neste caso, é preciso limitar as entregas para os bairros mais próximos ou pela cidade que atua. É uma alternativa para e-commerces locais, mas, ainda assim, é preciso checar os custos extras para ver se realmente irá compensar ou se vale mais a pena enviar os produtos pelos Correios ou outras transportadoras.

O recente reajuste nas tarifas dos Correios, uma das transportadoras mais utilizadas no e-commerce, principalmente por pequenos e médios lojistas, trouxe à tona o debate sobre a influência do frete nas compras online e abre espaço para que novos formatos sejam inseridos e reavaliados com o intuito de conseguir melhores preços. Contudo, é importante ter em mente que as questões que envolvem o envio de produtos no comércio eletrônico vão além dos impasses entre varejistas e transportadoras. É um caso que envolve a infraestrutura do país, aquisição de tecnologias eficientes de logística e planejamento de negócio.
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