Tive o prazer de participar, em novembro, como compositor homenageado do XV Concurso Nacional de Piano Cora Pavan Capparelli em Uberlândia. Mais do que um simples concurso, foi uma verdadeira festa musical, que mobilizou uma pequena multidão de crianças e adolescentes de vários estados, que lotava a grande sala do belíssimo Teatro Municipal, monumento da arquitetura moderna assinado pelo gênio de Oscar Niemeyer, e também o auditório Camargo Guarnieri do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli da Universidade Federal de Uberlândia.
O Concurso, promovido anualmente pelo Conservatório Estadual Cora Pavan Capparelli, abrangia várias faixas etárias – até 7 anos, de 8 a 9, de 10 a 11, de 12 a 13, de 14 a 15, de 16 a 17 e de 18 ou mais. Havia ainda as categorias de piano a quatro mãos e de música de câmara. Com isso, estimulou a participação de todos os estudantes de música da localidade, além de outras cidades do estado e de outras regiões do país. O que exigiu uma infraestrutura eficiente de apoio e logística para atendimento aos candidatos, ao júri e aos convidados. A equipe cumpriu sua tarefa brilhantemente, a começar pela liderança de Daniela Carrijo, a quem agradeço desde os primeiros momentos ainda na troca de e-mails, e estendo os agradecimentos a Fabiana Souza, Neiva de Freitas, com quem convivi mais proximamente, e Cecilia Carrijo, Gisela Gasques, Glaucielly de Paiva e Flavia. A liderança e supervisão coube ao Diretor do Conservatório, Julio Cesar de Almeida, que se desdobrou entre suas tarefas do dia a dia e o estar presente nas provas do concurso e encontros sociais. Paralelamente e extra Concurso recebi a atenção das pianistas Helenilce e Viviane Taliberti.
Destaco com louvor a banca examinadora – pianistas e professores Araceli Chacon, Maria Célia Vieira e Silvio Baroni - que se destacou pela eficiência, alto conhecimento musical e prática de avaliação de candidatos.
Após cada etapa concluída, de acordo com a faixa etária, o júri se reunia para decidir sobre as premiações, o que permitiu agilidade na divulgação dos resultados. Com sabedoria, o júri premiou com Menções Honrosas, empates e prêmios especiais todos os participantes do certame. Era de ver a alegria com que as crianças e adolescentes subiam ao palco para receberem seu prêmio, por mais modesto que fosse. Com isso, certamente se sentirão estimulados a continuar estudando e se preparando para o próximo concurso em Uberlândia ou em qualquer cidade do país.
Na verdade esse foi o júri mais simpático e divertido, além de muito competente, de que já tive oportunidade de participar. A começar pela alegria contagiante e as gargalhadas sonoras da excelente pianista Araceli Chacon, partillhadas pela simpatia da professora Maria Celia Vieira e o carinho envolvente do professor Silvio Baroni. São atitudes assim, como as que presenciei na banca julgadora, que admiro: considero o viver da arte sem pedantismo, sem demonstrações de erudição, a melhor maneira de honrar o conhecimento pessoal com leveza. A mim coube indicar os melhores intérpretes das minhas músicas, incluídas no programa como peças de confronto, o que promove uma excelente divulgação desse repertório entre os estudantes.
Um privilégio foi ter conhecido pessoalmente a professora Cora Pavan Capparelli, que com seus jovens 93 anos compareceu à maior parte dos eventos do Concurso. Ela é um monumento vivo da música de Minas e do Brasil, criadora, há 60 anos, do Conservatório Estadual que leva seu nome e também da Escola de Música da Universidade Federal de Uberlândia. Ao felicitá-la pelo Concurso e por todo o seu trabalho em favor da música, comentei que ao ver as dezenas de crianças e de jovens fazendo música, a gente sente renovar a certeza de que o Brasil terá um futuro melhor. E Dona Cora terá dado para isso uma valiosa contribuição.
E com meus agradecimentos por mais esta rica experiência, desejo a todos um 2018 muito melhor para o Brasil e para o mundo.
(*) Compositor
