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26/12/2017 às 17h19min - Atualizada em 26/12/2017 às 17h19min

Direitos humanos e democracia

ADRIANO ZAGO* | LEITOR DO DIÁRIO

Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Uberlândia, não poderia deixar de escrever sobre um dos documentos mais importantes da História da Humanidade que é a Declaração Universal Dos Direitos Humanos, redigida em 10 de dezembro de 1948 e da qual o Brasil é um dos signatários.

Nascida após o maior conflito bélico da História da Humanidade que deixou rastros incomensuráveis de destruição, sobretudo no continente europeu e asiático com milhões de pessoas mortas, e outros milhões sem lar. Milhões de famílias se viram destroçadas frente aos governos totalitários que desencadearam a guerra e amputaram as nascentes democracias europeias e impingiram inúmeras violações em todos os níveis.

Para além de refundar a noção de direitos humanos, um dos pontos relevantes do documento foi o resgate da democracia, explícito no seu artigo 21: “A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto”.

É nesse sentido que a democracia fundada na soberania popular, na separação e desconcentração de poderes, passa a ser o regime político que melhor protege e promove os Direitos Humanos. Alexis de Tocqueville, pensador político e estadista francês do século XIX, considerado um dos grandes teóricos da democracia americana, dizia que esta não se resumia a um apelo à igualdade abstrata de direitos, mas o combate à desigualdade pelo acesso às decisões públicas.  Para ele, uma “sociedade será mais democrática na medida em que haja maior número de atores participando das decisões políticas”.

Portanto, somente a democracia proporcionaria o quadro natural para a proteção e a realização efetiva dos direitos humanos em toda a sua extensão, fundamentados nos princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Isto abriu um leque sem precedentes na propagação e diversificação de direitos das chamadas “minorias”, como mulheres, grupos LGBTs, povos indígenas, crenças religiosas, imigrantes, deficientes, dentre outros.

A mobilização de inúmeros segmentos políticos e sociais, quer ao nível micro ou macro, em prol da defesa dos princípios de uma justiça social global tem direcionado as ações dos governos, e dos organismos internacionais, em escala sem precedentes. E isto só é possível por meio da democracia e de um Estado Democrático de Direito com ênfase na legitimidade e na representatividade social de seu povo.

Entretanto em tempos bastante conturbados como os da atualidade, inúmeros desafios se colocam à democracia e aos direitos humanos: a pauperização de parcelas imensas da população em todo o mundo trazendo ameaças à sua segurança, sobretudo no que diz respeito ao acesso à alimentação, moradia, saneamento básico e saúde; a violência crescente em todos os níveis, sem falar na erosão dos Estados e das instituições grassadas pela corrupção e impunidade.

A despeito do contexto vivenciado hodiernamente, somente com o fortalecimento das democracias é possível assegurar a liberdade de associação, de expressão, de crença religiosa e de opinião; o pluralismo político-partidário; a separação dos poderes e sua independência; a realização de eleições livres e transparentes como expressão da vontade popular.

Conclui-se, portanto, que não existe democracia sem o exercício dos direitos humanos e das garantias fundamentais.

(*) Advogado e vereador

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