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12/12/2017 às 18h38min - Atualizada em 12/12/2017 às 18h38min

Corrupção e a deterioração de serviços públicos

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA | COLUNISTA

Dissociar a política brasileira da corrupção tem se tornado uma tarefa cada vez mais árdua para todos nós brasileiros. Não que algum dia ela tenha sido fácil - afinal, a corrupção parece ser uma característica intrínseca à humanidade - mas, para o desespero da nação, as estimativas apontam para crescentes processos de piora.

Basta uma leitura dinâmica dos principais veículos de comunicação do país para comprovar a frase de abertura deste texto. Os escândalos de corrupção se alastram por diversos níveis do aparato político e burocrático do Brasil, alcançando, inclusive, a sociedade civil. Os delitos atingem níveis surpreendentes: fraudes, estelionatos, desvios de verba, sonegação de impostos, nepotismo. Enredos dignos do horário nobre e repletos de comportamentos que fazem valer a essência da Lei de Gerson - levar vantagem em absolutamente TUDO, não importando por quais meios.

O cenário da corrupção brasileira está cada vez mais complexo e multifacetado, mas a solução é clara como a mais límpida das águas: é preciso - melhor ainda, é URGENTE - a elaboração e a execução de um plano de enfrentamento e combate à corrupção. E esse plano não pode e não deve, de forma alguma, se dar em dissonância de uma profunda reforma política e administrativa do aparato burocrático brasileiro.

Tendo o mal da corrupção cultivado e fincado raízes nos três ramos de nosso sistema político - Legislativo, Executivo e Judiciário - é impossível pensar a superação deste mal sem atacá-lo diretamente em suas raízes, em sua fundação, e somente uma reforma que possibilite uma revolução interna e externa dos Três Poderes e suas respectivas instituições é capaz de garantir, de maneira eficaz, a extinção da corrupção institucional característica do sistema político do Brasil. Do contrário, as raízes continuarão a crescer, florescer e dar frutos, enfraquecendo cada vez mais os alicerces do frágil equilíbrio da sociedade brasileira.

Uma das consequências diretas da abrangência da corrupção institucional no sistema político brasileiro é a gradual deterioração do serviço público no país. Com o retorno das pautas neoliberais para o cenário político e econômico do Brasil, o funcionalismo público tem sofrido ataques bruscos e violentos, com o objetivo maior de perpetuar o discurso do Estado-mínimo e fortalecer a imagem da iniciativa privada como “salvadora da pátria”.

Não é recente a idéia criada pelas mídias de massa do funcionário público preguiçoso, sedentário e exageradamente remunerado. Esses ataques, ainda que indiretos, prejudicam a reputação do serviço público e colocam em dúvida a necessidade de sua existência. Como contra-ataque, é preciso resgatarmos a dignidade do funcionalismo público, valorizando a competência, a honestidade e o espírito ético de cada um. E é aqui que entramos, novamente, na importância do combate eficaz à corrupção: enquanto houver uma batata podre (ou um funcionário ou servidor corrupto e improdutivo) no saco, toda a produção estará comprometida - e isso vale tanto para os políticos quanto para os funcionários.

O combate à corrupção é como a construção de um edifício: é preciso começar pelas bases, pela fundação, pelos alicerces. Não se pode destituir os políticos corruptos sem, antes, tratar da corrupção em níveis institucionais. Pensando estrategicamente, é necessário que o povo tome para si as rédeas de seu próprio destino e lidere a longa batalha contra a corrupção, delegando para pessoas sérias a incumbência da execução das atividades para as quais foram escolhidas.

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