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22/10/2017 às 05h52min - Atualizada em 22/10/2017 às 05h52min

Batida turbina estratégia de venda

Toyota paga caro – R$ 250 mil – para testar resistência do sedã Corolla em instituto no sul da Alemanha

FERNANDO VALEIKA DE BARROS | FOLHAPRESS
Crash test feito na Austrália simula batida entre um Toyota Corolla 1998 (à esquerda) e um Corolla 2015 / Foto: Divulgação

 

O Toyota Corolla colidiu com uma barreira de 300 toneladas. O sedã feito no Brasil foi ao sul da Alemanha, em viagem paga pela montadora, para passar pelo teste de colisão.

"Por questões de segurança, esvaziamos os tanques de combustíveis e fluidos e os substituímos por água", diz o engenheiro uruguaio Alejandro Furas, diretor-técnico do Global NCAP (organização que promove crash-tests).

O som estridente anuncia o início da avaliação. O Corolla percorre cerca de 50 metros puxado por cabos, a 64 km/h. Os bonecos simulam passageiros adultos e crianças. Cerca de 15 segundos depois, o carro está destruído.

O resultado é o esperado: o sedã Toyota recebeu nota máxima, da mesma forma que o Volkswagen Polo brasileiro testado no dia anterior. Ao pagar caro para promover essa avaliação, as montadoras passam a ter dados que serão usados nas peças publicitárias.

Cada batida exige um investimento de R$ 250 mil, sem contar o montante gasto nos carros e nas despesas de alfândega, armazenamento e transporte entre a América Latina e a Europa. "Fazer um laboratório como o alemão custa cerca de R$ 70 milhões", diz Furas.

Primeiro, é preciso comprovar se a velocidade do carro estava dentro da margem para avaliação. Há uma tolerância de 1 km/h para mais ou para menos, para que o teste seja declarado válido. Em seguida, os técnicos conferem se o impacto ocorreu no ponto desejado. E se os dados e imagens foram registrados corretamente. Desde 1997, quando começaram os testes do EuroNCAP, o índice de acerto na execução é de 100%. Em seguida, mede-se a extensão dos danos causados pela colisão e os seus efeitos sobre os bonecos.

Os sensores espalhados pelos manequins terão registrado velocidade do impacto, força, deslocamento e desaceleração, entre outros dados. A análise deles levará quase uma semana.

 

ATRASO

Os bons resultados ainda são exceções. "Se comparados a modelos similares produzidos na Europa, os automóveis latino-americanos estão, ao menos, 15 anos atrasados em segurança. É inaceitável que os fabricantes que sabem fazer carros seguros na Europa, nos EUA e no Canadá ofereçam carros mais caros e menos seguros na nossa região", diz Furas.

"Os resultados foram fundamentais para que as montadoras reforçassem a estrutura dos seus carros e os recheassem com equipamentos de proteção, como air-bags e cortinas laterais", diz o engenheiro Gustavo Noronha, chefe do Departamento de Certificação da Toyota.

Nos testes são reproduzidas três colisões que estão entre as que mais causam mortes no trânsito. No ano passado, aproximadamente 6 milhões de pessoas morreram em acidentes desse tipo em todo o mundo. No laboratório alemão, também são realizadas avaliações de freios autônomos de emergência e simulações de acidentes com pedestres.

Nem todos os carros fabricados na América Latina, porém, podem ser submetidos a todos os testes. A falta de controle eletrônico de estabilidade como padrão impede que os veículos se submetam a testes de impacto lateral, o que limita as notas.


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