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13/01/2024 às 08h00min - Atualizada em 13/01/2024 às 08h00min

A polêmica em torno da obrigatoriedade da vacinação de crianças e adolescentes contra a covid-19: benefícios e riscos

JOÃO LUCAS O'CONNELL
Nos últimos dias, o debate sobre a obrigatoriedade da vacinação de crianças e adolescentes contra a covid-19 tem ganhado destaque no cenário nacional. Essa discussão, que envolve aspectos jurídicos e médicos, tem gerado opiniões divergentes e levantado questionamentos sobre a responsabilidade dos pais e do Estado na tomada de decisão.
 
É importante ressaltar que a vacinação é uma das principais estratégias para prevenir a propagação do vírus e reduzir o impacto da doença na população. No caso das crianças e adolescentes, a vacinação se mostra ainda mais relevante, uma vez que eles também podem ser infectados e desenvolver complicações graves.
 
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a covid-19 foi responsável por um número significativo de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e mortes entre crianças menores de 5 anos no Brasil. Além disso, a incidência e a mortalidade pela doença nessa faixa etária vêm aumentando desde 2022. Esses números alarmantes reforçam a importância da vacinação como medida de proteção.
 
Estudos realizados nos Estados Unidos demonstraram a eficácia da vacinação em crianças e adolescentes. Durante as ondas das variantes Delta e Ômicron, a vacinação mostrou-se efetiva na prevenção da infecção pelo SARS-CoV-2, bem como na redução de casos moderados ou graves e de internações em UTI. Esses resultados reforçam a importância da vacinação como forma de proteger essa faixa etária.
 
Além da eficácia, é fundamental destacar a segurança da vacinação em crianças e adolescentes. De acordo com o Ministério da Saúde, após a aplicação de milhões de doses em menores de 18 anos, a grande maioria dos eventos adversos foi leve ou moderada, como cefaleia, febre e mialgia. Não houve registro de óbitos relacionados à vacinação.
 
É importante ressaltar que a decisão de incluir vacinas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) é baseada em critérios técnicos e científicos. O PNI conta com a participação de especialistas de diversas instituições científicas, que avaliam a segurança e eficácia dos imunizantes antes de disponibilizá-los à população.
 
No Brasil, a obrigatoriedade da vacinação de menores de 18 anos está respaldada na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Essas leis garantem o direito à vida, à saúde e à proteção das crianças e adolescentes, incluindo a vacinação como uma medida de prevenção de doenças.
 
Diante desse contexto, é fundamental que a sociedade compreenda a importância da vacinação de crianças e adolescentes contra a covid-19. A vacinação é uma estratégia comprovadamente eficaz e segura para prevenir a doença e suas complicações. A inclusão da vacina no calendário infantil foi amplamente discutida entre especialistas e teve parecer favorável do Comitê Assessor em Imunizações.
 
É preciso destacar que a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina, que equipara crenças pessoais à ciência, pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação. É fundamental que as decisões relacionadas à vacinação sejam embasadas em evidências científicas e na expertise dos profissionais de saúde.
 
Portanto, diante dos benefícios comprovados da vacinação e da importância de proteger as crianças e adolescentes, é fundamental que a sociedade apoie e incentive a vacinação como uma medida de prevenção da covid-19. A responsabilidade dos pais na tomada de decisão deve ser considerada, mas é importante ressaltar que a não vacinação pode acarretar riscos à saúde e à vida dos menores.
 
A vacinação é uma responsabilidade coletiva, que envolve o Estado, a sociedade e a família. É preciso unir esforços para garantir a proteção de todos, especialmente das crianças e adolescentes, que são vulneráveis e merecem o direito à vida, à saúde e à proteção.
 
Referências:
1. Sociedade Brasileira de Moléstias Infecciosas
2. Estudo sobre a eficácia da vacinação em crianças e adolescentes nos Estados Unidos
3. Ministério da Saúde - Boletim de monitoramento de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação e à Imunização (ESAVI)
4. Constituição Federal Brasileira e Emenda Constitucional n. 65
5. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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