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02/09/2023 às 08h00min - Atualizada em 02/09/2023 às 08h00min

Transplante de órgãos: uma jornada de esperança e desafios

JOÃO LUCAS O'CONNELL
Nos últimos dias, o tema do transplante de órgãos tem sido amplamente discutido no Brasil. Com isso, surgiram muitas dúvidas sobre o que realmente é esse procedimento e como funciona o sistema de controle do Sistema de Transplante. Neste artigo, vamos explorar o que é o transplante de órgãos e como é feito o fluxo de captação e destinação de órgãos no país.

Infelizmente, muitas doenças levam à falência de um órgão ou tecido. Esta falência nada mais é do que a perda da função específica daquele órgão que passa a não atender mais a demanda que o que o resto do corpo necessitava dele. Em geral, o órgão insuficiente deixa de funcionar adequadamente por uma agressão sofrida que pode ser aguda (por exemplo quando a metade de um coração deixa de receber sangue e o músculo cardíaco sofre um infarto) ou crônica (situações em que o órgão é agredido por vários anos seguidos - por exemplo um fígado agredido pelo alcoolismo ou um pulmão agredido pelo cigarro). Assim, com a morte das células daquele órgão, o tecido vivo vai ser substituído por tecido morto e cicatricial (fibrose) e o órgão lesado vai perdendo progressivamente sua função.

O transplante de órgãos é uma técnica médica que consiste em substituir um órgão doente ou disfuncional por um saudável, proveniente de um doador. Esse procedimento é uma verdadeira esperança para milhares de pessoas que sofrem de doenças crônicas ou em estágio avançado, oferecendo a possibilidade de uma vida mais saudável e plena.

No Brasil, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é responsável por coordenar e regulamentar todas as etapas do processo de transplante de órgãos. O SNT é composto por uma rede de hospitais, centros de transplante, equipes médicas especializadas, além de órgãos governamentais e organizações não governamentais.

O fluxo de captação e destinação de órgãos no Brasil é complexo e envolve diversas etapas. Tudo começa com a identificação de um potencial doador, que pode ser uma pessoa que sofreu morte encefálica ou um doador vivo, como no caso de transplantes de rim ou fígado. É importante ressaltar que a doação de órgãos só pode ser realizada com o consentimento expresso do doador ou de sua família.

Após a identificação do doador, é feita uma avaliação criteriosa para verificar a compatibilidade entre o doador e o receptor. Essa compatibilidade é determinada por critérios como tipo sanguíneo, características físicas e imunológicas. É fundamental que haja uma compatibilidade adequada para garantir o sucesso do transplante e evitar possíveis rejeições.

Uma vez confirmada a compatibilidade, inicia-se o processo de captação dos órgãos. Equipes especializadas são acionadas para realizar a retirada dos órgãos do doador, seguindo rigorosos protocolos de segurança e qualidade. Esses órgãos são então transportados para os centros de transplante, onde aguardam a destinação para os receptores.

A destinação dos órgãos é feita com base em critérios estabelecidos pelo SNT, que levam em consideração a gravidade da doença do receptor, o tempo de espera na lista de espera e a compatibilidade entre doador e receptor. É importante ressaltar que o processo de destinação é transparente e busca garantir a justiça e a igualdade de oportunidades para todos os pacientes que necessitam de um transplante.

No entanto, apesar dos avanços e esforços realizados pelo sistema de transplantes no Brasil, ainda enfrentamos desafios significativos. A escassez de órgãos disponíveis para doação é um dos principais obstáculos, resultando em longas filas de espera e, infelizmente, na perda de vidas preciosas. As “fake news” que surgem sobre irregularidades no fluxo dos órgãos também podem atrapalhar. O processo é bem regulado, seguro e muito honesto e transparente.

Além disso, a falta de informação e conscientização sobre a importância da doação de órgãos também é um fator que contribui para a baixa taxa de doadores no país. É fundamental que a sociedade seja educada sobre a importância desse gesto solidário, que pode salvar vidas e oferecer uma nova chance para aqueles que estão à espera de um transplante.
 
Também é necessário um esforço conjunto da sociedade, dos profissionais de saúde e das autoridades para superar os desafios e promover uma cultura de doação de órgãos no país. Afinal, doar órgãos é doar vida.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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