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06/05/2023 às 08h00min - Atualizada em 06/05/2023 às 08h00min

A Síndrome do Pânico

JOÃO LUCAS O'CONNELL
Um ataque de pânico é definido como um período breve em que uma pessoa é acometida por uma sensação de angústia, ansiedade ou medo extremos, que têm início súbito e são acompanhados por sintomas físicos e/ou emocionais. Ataques de pânico são comuns e ocorrem em pelo menos 11% dos adultos anualmente. Já a “Síndrome do Pânico” consiste em ataques de pânico recorrentes que causam uma preocupação excessiva com ataques futuros e/ou modificações de comportamento para evitar situações que poderiam desencadear um ataque, como deixar de ir a certos eventos ou locais ou modificar hábitos de vida pelo simples medo de que aquela situação possa gerar uma crise de ansiedade. A síndrome do pânico ocorre em 2 a 3% da população anualmente. Ela geralmente tem início no final da adolescência ou no início da idade adulta. Mulheres têm duas vezes mais propensão de terem síndrome do pânico do que homens. 

Em geral, além dos sintomas emocionais relatados durante a crise (ansiedade, angústia ou medo extremos), a síndrome costuma estar associada a sintomas físicos como tontura, vertigem, dor de cabeça, dor no peito, dor na barriga, diarreia, tosse, falta de ar, sensação de engasgo, náusea, vômitos, palidez cutânea, extremidades frias, sudorese, dormência ou formigamentos na face e nas mãos, taquicardia, palpitações, medo de morrer, medo de perder o controle ou de enlouquecer, tremores, espasmos e até desmaios. Muitas pessoas também têm sintomas de depressão. 

Os sintomas de um ataque alcançam seu ponto máximo em até 10 minutos e desaparecem pouco tempo depois. Nota-se ainda que, em geral, os sintomas tendem a melhorar muito quando o paciente chega ao hospital ou à clínica de seu médico, ou a qualquer outro ambiente onde ele se sinta mais seguro e cuidado. Assim, muitas vezes, ao chegar ao Hospital, os sintomas começam a melhorar e desaparecem antes mesmo que o paciente possa ser avaliado por um médico. Entretanto, algumas crises podem ser mais prolongadas e durar até uma hora. Os ataques de pânico podem ocorrer sem motivo aparente. A pessoa afetada com frequência se preocupa muito com a possibilidade de ter outro ataque – um quadro clínico denominado ansiedade antecipatória. Desta forma, a pessoa costuma tentar evitar as situações que ela associa à ocorrência de ataques de pânico anteriores.

Como os sintomas de um ataque de pânico são sintomas importantes, as pessoas costumam pensar que têm algum problema de saúde grave afetando seu coração, pulmões ou cérebro. Por exemplo, a dor no peito e a taquicardia, comumente associados ao ataque de pânico, podem dar à pessoa a sensação de que ela está tendo um infarto. Se não for feito o diagnóstico correto do ataque de pânico, as pessoas podem ter a preocupação adicional de que um problema médico grave não foi detectado apropriadamente. Embora os ataques de pânico causem incômodo, às vezes extremo, eles não são perigosos. A frequência dos ataques pode variar muito. Algumas pessoas têm ataques semanais, ou até diários, que ocorrem durante meses, ao passo que outras têm vários ataques diários seguidos por semanas ou meses sem nenhum ataque. Alguns ataques de pânico ocorrem em resposta a uma situação específica. Por exemplo, uma pessoa com fobia de barata, rato ou cobra pode entrar em pânico ao deparar-se com uma. Outros ataques ocorrem sem um fator desencadeador aparente. A maioria das pessoas geralmente se recupera dos ataques de pânico sem tratamento, porém, algumas desenvolvem síndrome do pânico. 

O tratamento pode incluir medicamentos antidepressivos e ansiolíticos e a psicoterapia, incluindo as técnicas de terapia de exposição e a terapia cognitivo-comportamental. Algumas pessoas se recuperam sem receber um tratamento formal, sobretudo se continuarem a confrontar as situações nas quais os ataques tenham ocorrido (exposição repetida). Já em outras pessoas, os sintomas surgem e desaparecem por vários anos. Se a pessoa apresentou ataques frequentes e modificou seu comportamento para evitar ataques futuros, normalmente é necessário tratamento com medicamentos e/ou psicoterapia. A pessoa com síndrome do pânico será mais receptiva ao tratamento quando entender que seu quadro clínico envolve processos físicos e psicológicos e que, em geral, esse tratamento consegue controlar os sintomas. 



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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