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29/04/2023 às 08h00min - Atualizada em 29/04/2023 às 08h00min

Depressão: o “Mal do Século”

JOÃO LUCAS O'CONNELL

É muito normal nos sentirmos tristes e desanimados de vez em quando, principalmente, após algum acontecimento traumático e infeliz nas nossas vidas (após a perda de entes queridos, brigas com amigos ou colegas, perda de trabalho, golpes financeiros, divórcio e outros). No entanto, algumas pessoas ficam presas num ciclo de tristeza e pessimismo que parece não ter fim. Assim, às vezes é difícil distinguir entre um período de tristeza e a doença depressão. Por possuir um alto grau de subjetividade, o diagnóstico da doença, na maioria das vezes, irá depender da interpretação de um médico psiquiatra experiente em relação aos sintomas e sinais que o paciente apresenta. 

 

Caracterizada predominantemente por uma tristeza constante e prolongada, a síndrome é classificada como doença psiquiátrica crônica e pode ser recorrente, atingindo adultos, adolescentes e crianças. Além do sintoma clássico da tristeza profunda (que se manifesta quase diariamente, na maior parte do dia, por um período mínimo de duas semanas), o paciente costuma relatar também dor (especialmente de cabeça, nuca e muscular), culpa, amargura, perda de interesse, ausência de ânimo, pessimismo, desesperança, baixa autoestima. A depressão provoca ainda a ausência de prazer em coisas que antes faziam bem e grande oscilação de humor e de pensamentos. Além disso, ela pode alterar também a capacidade produtiva do paciente ao gerar desânimo, falta de vontade de trabalho, dores crônicas e problemas importantes de insônia. Por fim, nos casos mais graves, a depressão pode levar a pensamentos suicidas, pois, para a pessoa muito deprimida, a vida pode parecer não ter mais sentido. 

 

A doença pode aparecer subitamente, sem aviso prévio. Entretanto, existem alguns fatores que podem predispor o surgimento dos sintomas: histórico familiar de depressão; episódios traumáticos (traumas físicos ou psicológicos como os já relatados anteriormente); alterações hormonais; uso de medicamentos, álcool ou entorpecentes; uso excessivo de redes sociais; ambiente de trabalho ou de domicílio tumultuado ou insalubre; dores crônicas; estresse crônico; insatisfações com o peso corporal, com o companheiro ou familiares ou com o emprego ou estilo de vida.

 

A depressão também incita alterações fisiológicas no corpo, sendo porta de entrada para outras doenças. Pessoas acometidas por depressão podem, além da sensação de infelicidade crônica e prostração, apresentar baixas no sistema de imunidade e mais problemas inflamatórios e infecciosos. A depressão, dependendo da gravidade, pode desencadear também eventos cardiovasculares, gastrintestinais, autoimunes, obesidade e hipertensão.

 

A depressão é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o "Mal do Século”. Estima-se que uma em cada cinco pessoas no mundo apresentam problemas relacionados à depressão em algum momento da vida. A melhor forma de prevenir a depressão é cuidando da mente e do corpo, com alimentação saudável e prática de atividades físicas regulares. Saber lidar com o estresse e compartilhar os problemas com amigos ou familiares é outra alternativa, que pode ser aliada à prática de alguma atividade integrativa e complementar, como meditação ou oração, por exemplo. Uma boa leitura, assistir a filmes e vídeos positivistas, aprender coisas novas, ter hobbies, viajar e se divertir também ajudam na prevenção e tratamento da depressão. O sono reparador e o apoio da família também são fundamentais. Essas práticas mantém a cabeça ativa e a ocupam com pensamentos positivos.

 

O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso. Existem evidências de que a maioria dos indivíduos deprimidos apresentam alterações nos níveis circulantes de substâncias produzidas pelo cérebro e que regulam as sensações de prazer e bem estar e o uso de medicamentos pode ser necessário e mandatório para o tratamento. Existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente. 

 

Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios. A psicoterapia também pode auxiliar na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse.

 

A depressão não tem tempo para passar. Pode durar dias, semanas, meses ou anos.

 

A pessoa em crise, após superar o transtorno mental, também pode, a qualquer momento, experimentar novos episódios da depressão. 

 

Na maioria das vezes, o tratamento para depressão é feito combinando medicamentos e psicoterapia. Mas, como já dissemos, a busca ativa para a mudança nos hábitos de vida como uma alimentação saudável e a prática de meditação, oração, gratidão e exercícios físicos regulares também são fundamentais.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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