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18/03/2023 às 08h00min - Atualizada em 18/03/2023 às 08h00min

Qual o melhor tipo de óleo para o preparo dos alimentos?!

JOÃO LUCAS O'CONNELL - '
Nos últimos anos, tem havido grande discussão na mídia televisiva, escrita e em fóruns de discussão da internet sobre como orientar a população (e os pacientes) sobre três pontos importantes relacionados à nutrição saudável e que foram motivo de grande controvérsia entre “pop stars” midiáticos da área de saúde recentemente:
 
  • Devemos utilizar o óleo de coco em substituição a óleos de cozinha tradicionais para o preparo de nossos alimentos?!
     
  • Devemos estimular o consumo do ovo em grande quantidade, por ser este uma excelente fonte de proteínas, independente do seu teor mais alto de colesterol?!
 
Na coluna de hoje, discutiremos o primeiro tópico controverso e discutiremos sobre o consumo do ovo na coluna da próxima semana. Provavelmente, grande parte da discussão atual advém da defesa enfática de inúmeros médicos e nutrólogos brasileiros – muito famosos em redes sociais – para o uso do óleo de coco (ou até mesmo da banha do porco) em substituição aos óleos tradicionalmente utilizados na cozinha (girassol, soja) e condenando fortemente o uso do óleo de canola (por ser um óleo artificialmente produzido).
 
Este grupo de médicos e nutrólogos não só recomenda a troca, mas estimula o uso de maiores quantidades de óleo do coco em nossa alimentação diária, sugerindo um grande benefício deste no equilíbrio do nível de colesterol do indivíduo (aumentando o colesterol bom e diminuindo o colesterol ruim)...
 
Bem... O que fazer diante de tanta controvérsia?! O colesterol elevado realmente tem relação com aumento na incidência de morte cardiovascular? Devemos realmente nos preocupar tanto assim com o nosso nível de colesterol?! Devemos manter o uso dos óleos vegetais (girassol, soja e outros industrializados como o de canola)?! Ou devemos migrar para o uso do óleo do coco ou da banha do porco?!
 
A cardiologia moderna é norteada por evidências científicas. Assim, baseados em estudos científicos bem conduzidos, com acompanhamento de milhares de pessoas ao longo de anos de seguimento, as Sociedades de Cardiologia (a Brasileira e as Internacionais) preparam diretrizes de atuação que visam orientar os médicos em relação ao que deve ser proposto para seguimento pelos seus pacientes.
 
Assim, as orientações desta coluna não estão baseadas em uma visão pessoal (como habitualmente faço por aqui), mas sim baseadas na opinião dos maiores especialistas em Cardiologia do Brasil. Em relação a este assunto, resumo, a seguir, as orientações oficiais das Sociedades Brasileira e Paulista de Cardiologia sobre este assunto controverso:
 
1- Atualmente, não existe qualquer dúvida sobre a estreita relação entre o colesterol ruim e o aumento de incidência de morte por eventos cardiovasculares. O controle adequado do colesterol diminui significativamente o risco de morte cardíaca. Em especial, o risco de morte por Infarto do Miocárdio e por Acidente Vascular Cerebral.
 
2- A dieta influencia fortemente nos níveis de colesterol e uma dieta adequada é fundamental para o seu controle. Alimentos (como o óleo de coco e a banha do porco), que aumentam as concentrações do colesterol no sangue, devem ser consumidos em pequena quantidade, visando a prevenção da doença cardiovascular.
 
3- Até o momento, não há evidência científica robusta que justifique a mudança nas recomendações vigentes, sendo que enfatiza-se o consumo de poucos alimentos fritos e quantidades adequadas de óleos de soja, canola e girassol para a manutenção adequada dos valores do colesterol do sangue. Não se recomenda o consumo rotineiro da gordura do coco para a prevenção da obesidade ou das doenças cardiovasculares.
 
Ressalta-se, por fim, que estas são recomendações para a população geral a fim de diminuirmos o risco global da incidência de doenças cardiovasculares. 



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
 
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