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11/03/2023 às 08h00min - Atualizada em 11/03/2023 às 08h00min

Carne Vermelha ou Processada – Nem Pensar?!

JOÃO LUCA O'CONNELL
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, por sua sigla em inglês), a instituição especializada nesta doença da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicou recentemente um estudo sobre a possível relação entre consumo de carne vermelha e carne processada e uma maior probabilidade de desenvolvimento de câncer e outras doenças.

Os autores da publicação (no The Lancet Oncology, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo) revisaram mais de 800 estudos e classificaram o consumo de carne vermelha em geral como provavelmente carcinogênica para humanos, com base em evidências observacionais de que sua ingestão continuada possa estar associada ao surgimento de alguns tipos de câncer (em especial de intestino grosso). Já os dados sobre um possível efeito prejudicial para a carne processada foram muito mais contundentes. Após esta extensa revisão científica, a carne processada foi classificada como definitivamente carcinogênica para humanos, com base em evidência suficiente de que seu consumo regular aumenta muito o risco de causar câncer colorretal e uma forte evidência mecanicista que respalda esse possível efeito carcinogênico.

Os cientistas concluíram ainda que cada porção de 50 gramas de carne processada consumida diariamente aumenta o risco de câncer colorretal em 18%. Isso é muito! Assim, apesar de termos baixo risco de desenvolver câncer colorretal ao longo da vida, a incidência deste câncer aumenta bastante de acordo com a quantidade de carne processada consumida.

Segundo a OMS, carne vermelha é toda a carne muscular dos mamíferos, incluindo carne de vaca, porco, cordeiro, cavalo e cabra. A carne processada é aquela que foi transformada com sal ou fermentação, defumação ou outros processos para melhorar seu sabor ou conservação (linguiça, salsicha, presunto, carnes enlatadas, em conserva, carne seca, defumadas, molhos baseados em carne e outras).

Vale lembrar que a carne vermelha está formada por vários componentes. Pacientes com desnutrição proteica e com anemia podem se beneficiar do consumo da carne. Mas, o processamento da carne pode produzir uma série de produtos químicos carcinogênicos e pró-inflamatórios, que caem na circulação sanguínea após o seu consumo. 

Assim, pelo exposto acima, cabe a pergunta: devemos deixar de comer carne? A OMS esclarece que comer carne tem muitos benefícios para a saúde (como a oferta de ferro e de proteínas importantes para a formação muscular e dos glóbulos vermelhos do sangue). No entanto, muitas das recomendações nacionais aconselham às pessoas limitar o consumo de carne vermelha, em especial, da carne processada, já que ambos estão vinculados a um maior risco de morte por câncer, diabetes e outras doenças. Assim, provavelmente, seria mais sábio diminuir o consumo de carne vermelha para uma vez ao dia ou algumas vezes por semana e aumentarmos o consumo de outras fontes de proteína (como peixes, aves, ovos, suplementos proteicos, leite e derivados) ou outras fontes de ferro (folhas verdes escuras). 

A educação da população em relação a este perigo e a mudança dos hábitos alimentares será fundamental para a diminuição do número de casos de câncer intestinal decorrentes do consumo exagerado de carne vermelha e da carne processada. 



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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