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14/01/2023 às 08h00min - Atualizada em 14/01/2023 às 08h00min

A felicidade

JOÃO LUCA O'CONNELL

Já estamos terminando a segunda semana do ano de 2023. Começamos o ano muito agitados. A mudança na condução política do país alterou os ânimos de muita gente. Muitos começaram o ano com a esperança de que vivenciaremos tempos melhores daqui pra frente. Entretanto, tem muita gente muito decepcionada com os acontecimentos políticos, temendo que os próximos anos não serão tão prósperos assim... O pior é que quanto mais falamos em coisas e expectativas negativas, mais espalhamos o negativismo entre nossos amigos e familiares. E nada pior do que as redes sociais para espalhar esta corrente negativista. Tem muita gente com o astral pra baixo, pensando muito pra baixo! 

 

Uma coisa que me espantou muito neste fim de ano foi ver como algumas pessoas que estão tão bem (em termos de estabilidade financeira), e que têm um potencial enorme de continuarem prósperos, estejam tão temerosos e negativistas quanto ao seu futuro. E como pessoas que têm tão pouco, e que vivem com tanta dificuldade, mantêm a esperança de dias melhores. 

 

Outro dia, li um artigo sobre a felicidade que me ajudou a entender um pouco mais sobre como funciona a mente humana e sobre como a nossa postura mental e as nossas expectativas de mundo interferem de maneira tão direta com a nossa felicidade. 

 

Segundo o artigo, a felicidade “é uma emoção básica, caracterizada por um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e de prazer, associados à percepção de sucesso e à compreensão coerente e lúcida do mundo”. Assim, é difícil ser feliz quando mantemos uma mentalidade negativista, quando deixamos que as preocupações externas nos impeçam de curtir os momentos de bem-estar e nos afastam dos prazeres da vida. É também muito difícil ser feliz quando não superamos os fracassos e as derrotas que a vida nos impõe. E é ainda mais difícil quando a nossa visão do que acontece no mundo está tão incoerente com a realidade dos fatos. Quanto mais observamos os acontecimentos do dia-a-dia de forma negativista, mais nos afastamos da possibilidade da felicidade pessoal. 

 

A felicidade é um fenômeno predominantemente subjetivo e dependente mais de traços psicológicos e socioculturais inerentes ao indivíduo do que a fatores externos. Ou seja, quanto mais o indivíduo mantém uma mentalidade positivista, uma visão otimista, quanto mais ele pratica a gratidão e quanto mais treina a sua aceitação da realidade, mais feliz ele será e mais qualidade de vida ele terá. Isto ajuda a explicar porque pessoas que vivem na favela ou em países menos favorecidos e que vivem com muita dificuldade se sentem, muitas vezes, mais felizes do que pessoas que estão tão bem financeiramente. 

 

É muito difícil associar claramente a idade, o gênero, o estado civil, o poder aquisitivo das pessoas à felicidade. O indivíduo pode ser jovem ou idoso, casado ou solteiro, mulher ou homem, rico ou pobre e ser ou não feliz. Já algumas outras variáveis se relacionam de maneira mais clara com o nível de felicidade. Com certeza, os indivíduos que progrediram na vida, que viveram grandes conquistas, pessoas que estão saudáveis (física e mentalmente), pessoas que têm muitos amigos e uma família bem estruturada, aquelas que exercem a religião ou a espiritualidade diariamente, pessoas mais gratas, resilientes e otimistas tendem a ser mais felizes do que os seus antagonistas em perfil psicológico.

 

Por fim, os autores do artigo observam que é muito frequente, nos dias de hoje, que as pessoas sintam que suas vidas estejam repletas de tédio, ansiedade e insatisfação. Isso não é de se espantar, já que os valores contemporâneos de grande parte do mundo ocidental apontam para a crença de que seremos mais felizes se formos mais ricos, nos vestirmos na moda, consumirmos determinados produtos e tivermos determinada aparência física. As redes sociais ajudam a aumentar este entendimento. Entretanto, todas essas afirmativas têm sido repetidamente refutadas por estudos científicos, o que nos leva a considerar que tal sistema de valores é ineficaz na busca da felicidade. 

 

Sem dúvida nenhuma, a nossa atitude positivista e resiliente em relação aos eventos externos e que são independentes à nossa vontade nos coloca mais próximos do caminho da felicidade. Sermos gratos pelo que temos e pela nossa saúde e esperançosos de que dias melhores virão são atitudes mentais muito mais apropriadas para pessoas que desejam ser prósperas e de sucesso. As crises (financeiras, econômicas, políticas) sempre estiveram muito presentes na história da humanidade. E sempre tivemos aqueles que prosperaram e aqueles que não. Que possamos ser mais otimistas neste começo de ano. A negatividade faz mal e contamina! Sejamos menos rabugentos e mantenhamos uma mentalidade positivista para o ano que começa agora. 


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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