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23/12/2022 às 08h00min - Atualizada em 23/12/2022 às 08h00min

E lá se vai mais um dia

WILLIAN H STUTZ
“Porque se chamava moço Também se chamava estrada Viagem de ventania Nem lembra se olhou pra trás Ao primeiro passo, asso, asso...”

Flávio Venturini

Pronto! Mais um ano que vai. E que ano, eleições, rachas de amigos e famílias. O bem contra o mal reinou assim se viu o país, quem era do bem para uns era do mal para o outro e a recíproca totalmente verdadeira. O Brasil quase em chamas, um horror. Mesas de boteco, reuniões de almoço de domingo, redes sociais (sociais!?) campos de batalhas verbais, um desastre de ódio e rancor. Quase à beira de uma guerra de secessão chegamos. A deles (guerra civil dos EUA) lá em 1861 resultou em quase 600 mil mortes. Aqui, uma doença quase que ignorada por “autoridades negacionistas” e seguidores de plantão ceifou quase 700 mil vidas e sem um tiro sequer. Tá certo o auge desse martírio não foi exatamente 2022, mas as feridas abertas, a dor do luto invadiram o ano como uma onda negra de tristeza e solidão coletiva. Nunca mais seremos os mesmos, isto é certo.

Aí, me vem uma copa do mundo realizada em um país onde nem tomar uma cerveja pode. Bom, pode em locais restritos a preços inimagináveis. Respeito, na terra deles é assim e quem teve grana para ir lá obviamente não estava nem ai para o preço das coisas além de saber por antecedência das restrições religiosas/culturais do local. Até bife com ouro os caras comeram! E novamente aqui os de bom coração e se reuniam em mutirões para distribuir marmitas aos que tem fome.

Em relação a copa de futebol, não percebi nem de longe a alegria que se comparasse de um clássico do nosso brasileirão. O time do Brasil não arrastava multidões em emoção e gritos, já disse aqui dia desses, até o foguetório , para alegria e paz dos bichos foi menor e não causou tanto estrago. E a nossa seleção outra vez deixou a sede da competição mais cedo. Não se ligaram tantas televisões e eu, particularmente preferi assistir as transmissões no YouTube no Cazé TV onde o ufanismo irracional e imbecil não vigora.

Ia tudo horrorosamente bem(mal) nessa copa arenosa, quando do nada me surge uma final quase esperada Argentina X França. Sentei-me para assistir por ser final. O emocionômetro batendo zero. Abri uma cerveja e um livro: Hibisco Roxo da genial autora nigeriana Ngozi Adichie, recomendação de minha comadre Rosa e que também indico leitura, é deslumbrante.

Quando do nada me pego torcendo portenhamente para Los Hermanos. E que jogo, O Hibisco roxo ficaria para depois. Posso dizer sem medo de errar e sem vacilo, foi o jogo mais fantástico que já vi desde que me entendo por gente, de copa do mundo.

Uma aula de futebol, de garra de sede de vitória, de suar camisa e vergonha na cara em honrar os seus países e sua torcida. Que vergonha senti de nossa seleção, espero que eles tenham aprendido alguma coisa naquele dia. Desde o tesão de jogar até a humildade comportamental, que aula.

Não meus queridos, o Brasil não é mais o país do futebol, o país do futebol hoje ou os países são Argentina, França, Croácia, Marrocos e tantos outros que mostraram fibra e amor à camisa. E o que restou para nós? Um técnico sem classe e sem educação que, ao findar o jogo da desclassificação vira de costas para seus jogadores, não cumprimenta o colega técnico do outro time e corre esconder no vestiário. Esperar o quê de alguém assim ou do seu time?

Não, não me perturbo com as mazelas de uma seleção mediana como a do Brasil. Guardo toda minha já pouca emoção futebolística para o meu Galo Doido aí é de criação mesmo.

Em outros tempos dava um vazio quando acabava uma copa e só de pensar em ver estes jogos do campeonato estadual e do brasileirão batia uma preguiça que só. Agora!? Que venha o Campeonato Mineiro com seus Atletico x Caldense, Patrocienense x Cruzeiro, Pouso Alegre X América, Villa Nova x Ipatinga ,Athletic x Tombense e Democrata-GV x Democrata-SL isso só na primeira rodada e, claro, O Brasileirão 2023. Vamos ter a oportunidade e o privilégio de ver grandes partidas e pode apostar com muito mais emoção e garra do que isso que nos proporcionou a seleção brasileira de 2022.

Hexa? Senta e espera, com estas cabeças e condutas não vem tão cedo, infelizmente para nós torcedores e brasileiros ávidos hoje por tão raras notícias boas e finais felizes. Oremos...

(...) E o rio de asfalto e gente Entorna pelas ladeiras Entope o meio-fio Esquina mais de um milhão Quero ver então a gente, gente, gente, gente, gente...(...)

Flávio Venturini

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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