“Porque se chamava moço Também se chamava estrada Viagem de ventania Nem lembra se olhou pra trás Ao primeiro passo, asso, asso...”
Flávio Venturini
Pronto! Mais um ano que vai. E que ano, eleições, rachas de amigos e famílias. O bem contra o mal reinou assim se viu o país, quem era do bem para uns era do mal para o outro e a recíproca totalmente verdadeira. O Brasil quase em chamas, um horror. Mesas de boteco, reuniões de almoço de domingo, redes sociais (sociais!?) campos de batalhas verbais, um desastre de ódio e rancor. Quase à beira de uma guerra de secessão chegamos. A deles (guerra civil dos EUA) lá em 1861 resultou em quase 600 mil mortes. Aqui, uma doença quase que ignorada por “autoridades negacionistas” e seguidores de plantão ceifou quase 700 mil vidas e sem um tiro sequer. Tá certo o auge desse martírio não foi exatamente 2022, mas as feridas abertas, a dor do luto invadiram o ano como uma onda negra de tristeza e solidão coletiva. Nunca mais seremos os mesmos, isto é certo.
Aí, me vem uma copa do mundo realizada em um país onde nem tomar uma cerveja pode. Bom, pode em locais restritos a preços inimagináveis. Respeito, na terra deles é assim e quem teve grana para ir lá obviamente não estava nem ai para o preço das coisas além de saber por antecedência das restrições religiosas/culturais do local. Até bife com ouro os caras comeram! E novamente aqui os de bom coração e se reuniam em mutirões para distribuir marmitas aos que tem fome.
Em relação a copa de futebol, não percebi nem de longe a alegria que se comparasse de um clássico do nosso brasileirão. O time do Brasil não arrastava multidões em emoção e gritos, já disse aqui dia desses, até o foguetório , para alegria e paz dos bichos foi menor e não causou tanto estrago. E a nossa seleção outra vez deixou a sede da competição mais cedo. Não se ligaram tantas televisões e eu, particularmente preferi assistir as transmissões no YouTube no Cazé TV onde o ufanismo irracional e imbecil não vigora.
Ia tudo horrorosamente bem(mal) nessa copa arenosa, quando do nada me surge uma final quase esperada Argentina X França. Sentei-me para assistir por ser final. O emocionômetro batendo zero. Abri uma cerveja e um livro: Hibisco Roxo da genial autora nigeriana Ngozi Adichie, recomendação de minha comadre Rosa e que também indico leitura, é deslumbrante.
Quando do nada me pego torcendo portenhamente para Los Hermanos. E que jogo, O Hibisco roxo ficaria para depois. Posso dizer sem medo de errar e sem vacilo, foi o jogo mais fantástico que já vi desde que me entendo por gente, de copa do mundo.
Uma aula de futebol, de garra de sede de vitória, de suar camisa e vergonha na cara em honrar os seus países e sua torcida. Que vergonha senti de nossa seleção, espero que eles tenham aprendido alguma coisa naquele dia. Desde o tesão de jogar até a humildade comportamental, que aula.
Não meus queridos, o Brasil não é mais o país do futebol, o país do futebol hoje ou os países são Argentina, França, Croácia, Marrocos e tantos outros que mostraram fibra e amor à camisa. E o que restou para nós? Um técnico sem classe e sem educação que, ao findar o jogo da desclassificação vira de costas para seus jogadores, não cumprimenta o colega técnico do outro time e corre esconder no vestiário. Esperar o quê de alguém assim ou do seu time?
Não, não me perturbo com as mazelas de uma seleção mediana como a do Brasil. Guardo toda minha já pouca emoção futebolística para o meu Galo Doido aí é de criação mesmo.
Em outros tempos dava um vazio quando acabava uma copa e só de pensar em ver estes jogos do campeonato estadual e do brasileirão batia uma preguiça que só. Agora!? Que venha o Campeonato Mineiro com seus Atletico x Caldense, Patrocienense x Cruzeiro, Pouso Alegre X América, Villa Nova x Ipatinga ,Athletic x Tombense e Democrata-GV x Democrata-SL isso só na primeira rodada e, claro, O Brasileirão 2023. Vamos ter a oportunidade e o privilégio de ver grandes partidas e pode apostar com muito mais emoção e garra do que isso que nos proporcionou a seleção brasileira de 2022.
Hexa? Senta e espera, com estas cabeças e condutas não vem tão cedo, infelizmente para nós torcedores e brasileiros ávidos hoje por tão raras notícias boas e finais felizes. Oremos...
(...) E o rio de asfalto e gente Entorna pelas ladeiras Entope o meio-fio Esquina mais de um milhão Quero ver então a gente, gente, gente, gente, gente...(...)
Flávio Venturini
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