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27/08/2022 às 08h00min - Atualizada em 27/08/2022 às 08h00min

Novas Perspectivas no tratamento da Obesidade – Parte II

JOÃO LUCAS O'CONNELL
No artigo de nossa coluna da semana passada, começamos a escrever sobre novas perspectivas no tratamento da Obesidade. Conversamos sobre os principais fatores de risco que levam à doença, a definição de Obesidade e seus diferentes graus, quais suas principais consequências e as doenças que comumente se associam a ela. Na coluna de hoje, vamos nos concentrar no tratamento atualmente disponível para a doença. 

Já falamos que, em geral, a Obesidade é causada por um importante desbalanço entre a quantidade de calorias que ingerimos e a quantidade que o nosso organismo usa diariamente para manter nossas funções vitais e para cobrir os excessos que cometemos (atividade física, mental, etc.). Alguns outros fatores também podem ajudar no ganho de peso, seja por induzir a um aumento da fome, por dificultar a realização de atividade física ou por facilitar a retenção de líquidos e gordura pelo organismo. Como a doença é multifatorial, a abordagem terapêutica mais apropriada deveria ser multidisciplinar, envolvendo diferentes profissionais em torno de um mesmo objetivo. Portanto, seria importante que o indivíduo que quer perder peso pudesse ser acompanhado por um médico, um nutricionista, um educador físico, um psicólogo e outros profissionais com experiência no acompanhamento do paciente obeso. 

O tratamento moderno da Obesidade envolve 4 pilares básicos: mudança do modelo mental, mudanças nos hábitos de vida, uso de medicamentos e intervenções médicas. É claro que nem sempre o uso das 4 abordagens será necessário. A depender da idade do paciente, do grau da obesidade, do nível de engajamento ao tratamento não farmacológico e não intervencionista, as medicações e intervenções podem não ser necessárias. 

Pilar Mudança do Modelo Mental:  para o sucesso do tratamento, o paciente precisa entender que o excesso de gordura corporal é muito prejudicial à saúde. Ele também precisa assimilar que sem mudanças comportamentais significativas, a doença não pode ser controlada. Aqui é onde o apoio familiar, dos amigos e de especialistas em mudança do padrão mental são muito importantes. 

Pilar Mudança dos Hábitos de Vida: infelizmente, não existe muito segredo: o indivíduo ganha peso porque ele gasta menos do que está ingerindo de energia no seu cotidiano. Um grande “problema” do ser humano é que o nosso organismo precisa de pouca energia para sobreviver. A maioria de nós conseguiria sobreviver bem, e manter o peso, com um consumo de 1500 a 2000 calorias por dia. Assim, mesmo uma dieta diária habitual do brasileiro, sem muitos exageros, já extrapola este valor diário, necessário para a manutenção da vida. Tudo o que excede este limite é armazenado e vai ficar estocado em forma de reservas para gasto futuro (principalmente sob a forma de gordura). Intervir neste desbalanço, consumindo menos calorias e gastando mais é o principal fator que levará à perda de peso. Quanto mais negativo for este balanço (consumo – gasto), mais peso se perde.   

Pilar Medicamentos: existem, atualmente, várias medicações que podem ser utilizadas com relativa segurança no tratamento da Obesidade. As mais eficientes ultimamente são medicações que agem ao nível do sistema nervoso central interferindo no limiar da saciedade. Ou seja, eles estimulam o cérebro a interpretar que o organismo já está satisfeito com menos comida do que o habitual e que não é necessário ingerir mais. A sibutramina é a medicação mais antiga que apresenta este efeito. Mais recentemente, surgiram outras medicações (inicialmente injetáveis e agora também em formulações administradas por via oral) que além de alterarem o limiar de saciedade também facilitam a secreção de Insulina pós-alimentação, inibem a ação do Glucagon e diminuem a motilidade gastrointestinal (todas alterações benéficas para o emagrecimento), levando também a desconforto físico quando se abusa da quantidade de alimento ingerida: são os chamados Análogos GLP1. Existem ainda outras medicações que podem ser usadas em associação a estas que podem aumentar a excreção urinária ou intestinal de glicose ou de gorduras (Orlistat, Acarbose e outras medicações fitoterápicas). 

Pilar Intervenções: por fim, existem as intervenções médicas que podem ser indicadas, em geral, para os obesos moderados ou graves (IMC maior que 35 kg/m2) que não responderam a abordagem mental, comportamental e/ou medicamentosa. Basicamente, há duas intervenções que podem ser discutidas: o implante do balão intra-gástrico (que pode ser usado por algumas semanas ou meses e auxiliar bastante na mudança comportamental do indivíduo) e a cirurgia bariátrica (a gastroplastia redutora e suas diferentes variações técnicas). 

Se você está bem acima do peso, consulte um especialista. O excesso de gordura é muito prejudicial à saúde. Qualquer perda de peso já faz muita diferença!


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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