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20/08/2022 às 08h00min - Atualizada em 20/08/2022 às 08h00min

Novas perspectivas no tratamento da Obesidade – Parte I

JOÃO LUCAS O'CONNELL
Segundo dados oficiais, a proporção de obesos na população brasileira com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou entre 2003 e 2019, passando de 12,2 para 26,8% da população adulta. Assim, atualmente, pelo menos um em cada quatro adultos brasileiros é considerado obeso, o que representa 41 milhões de pessoas. 

Nos últimos três anos, a pandemia da COVID ampliou ainda mais a epidemia da obesidade no Brasil, ao levar a maioria da população a se expor ainda mais aos principais fatores de risco para a obesidade: a dieta inadequada e a inatividade física. Pela complexidade do tema, vamos dividir a abordagem em dois artigos em nossa coluna. Neste primeiro, trataremos da definição do que é obesidade, dos principais fatores de risco para a doença e a que doenças ela poderia levar. 

Quais os principais fatores de risco para a ocorrência da obesidade? 
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo, geralmente causada por um consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao valor necessário pelo organismo para a sua manutenção e realização das atividades do dia a dia. Ou seja, a obesidade acontece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. Assim, a dieta inadequada e a inatividade física (sedentarismo) são os principais fatores de risco para o surgimento da obesidade. Estar inserido numa família ou sociedade de hábitos inadequados também é, por si, um fator muito favorável para o surgimento da doença. 

Existem outras situações clínicas, doenças e várias medicações que podem facilitar a ocorrência da doença. Assim, a gravidez, o hipotireoidismo, a doença de Cushing, mudanças hormonais, a gravidez, a depressão, a ansiedade, fraturas de membros que impeçam o indivíduo de praticar exercícios, o uso crônico de corticoides e de alguns antidepressivos, anticonvulsivantes, antipsicóticos são alguns exemplos de situações clínicas, doenças e medicamentos que podem contribuir para o ganho de peso. É importante salientar também que existe um importante componente genético associado à doença e algumas pessoas e famílias têm uma predisposição maior para o ganho de peso que outros. 

Entretanto, na maioria das vezes, o componente comportamental se sobressai ao fator predisposição genética. É muito clássico o exemplo de orientais que têm antecessores extremamente magros e saudáveis no Oriente e se tornam muito obesos quando se mudam para o ocidente e passam a adotar um estilo de vida não saudável. 

Como se define a presença de obesidade? 
Para determinar um quadro de obesidade, são levados em consideração alguns fatores. O principal deles é o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que avalia a relação entre o peso e a altura do indivíduo. A partir deste cálculo, a doença é também dividida em diferentes graus, que vão da obesidade leve à grave. O cálculo é feito dividindo-se o peso do indivíduo sobre o quadrado da altura. Exemplo: 87 kg dividido por 1,78m. IMC de 27,45 kg/m2. É considerado sobrepeso, um IMC entre 25 e 29,9; obesidade grau I, um IMC entre 30 e 34,9 (obesidade leve); obesidade grau II, entre 35 e 39,9 (moderada); e obesidade grau III, um IMC de 40 ou mais (obesidade grave). 

Quais são as principais implicações e consequências da obesidade? 
Ter excesso de peso significa muito mais do que uma questão estética. O excesso de tecido gorduroso leve a um aumento da resistência à ação do hormônio Insulina e a produção de uma série de substâncias inflamatórias produzidas pelo nosso corpo que podem levar a inúmeros problemas graves como: diabetes, esteatose hepática, hipertensão arterial, aumento do colesterol sanguíneo, aumento do risco de infarto e acidente vascular cerebral, artrose, artrite, apnéia do sono, dentre vários outros. 

O quadro da obesidade é reversível? 
O quadro da obesidade pode ser sim reversível. Em geral, é reversível com mudanças drásticas de hábitos de vida, que incluem a adoção de uma alimentação saudável e balanceada associada à prática frequente de exercícios físicos. Entretanto, infelizmente, para muitos obesos moderados ou graves (IMCs acima de 35, dietas mais restritivas, intervenções medicamentosas e cirúrgicas podem ser necessárias e muito úteis para a reversão da doença). 

Na maioria das vezes, sem estas intervenções, a reversão do quadro se torna muito difícil, pois, a maioria dos obesos moderados e graves têm muita dificuldade em se adaptar a dietas restritivas e limitação física para a realização de atividades físicas que possam contribuir para o emagrecimento. No artigo da semana que vem, abordaremos as principais novidades em relação à abordagem terapêutica da obesidade. 


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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