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16/07/2022 às 08h00min - Atualizada em 16/07/2022 às 08h00min

Embolia Pulmonar

JOÃO LUCAS O'CONNELL
A embolia pulmonar é uma das principais causas de internação e óbito no Brasil e no mundo. Entendemos por êmbolo, uma substância ou corpo estranho intravascular que migra de um local do corpo para o outro, em geral, seguindo o fluxo natural do sangue, tanto pelo sistema venoso (que termina na circulação pulmonar) quanto pelo sistema arterial (que termina na irrigação distal dos outros órgãos sistêmicos. Chamamos de embolia pulmonar, portanto, a doença que se dá pela obstrução (entupimento) de um ou mais ramos da artéria pulmonar. A artéria pulmonar recebe o sangue que vem do restante do corpo (pelas veias cavas) e que é ejetado pelo coração direito. É através da artéria pulmonar que o sangue é levado do coração direito aos pulmões (para ser oxigenado). Este sangue oxigenado vai então retornar (pelas veias pulmonares) ao coração esquerdo, para então ser ejetado para o resto do corpo através da artéria Aorta.  
    
Uma obstrução ao fluxo de sangue para parte do pulmão pode causar vários sinais e sintomas que dependem, essencialmente, da quantidade de pulmão que deixa de receber sangue (ou seja, da magnitude da embolia) e das comorbidades previamente apresentadas pelo paciente. Assim, uma embolia pulmonar importante pode ser fatal para qualquer pessoa e embolias menores também podem repercutir muito negativamente em um paciente com problema cardiopulmonar prévio. Além da diminuição da oxigenação do sangue (já que uma parte do pulmão não vai conseguir receber o sangue para executar esta tarefa), a obstrução da circulação pulmonar aumenta a pressão sanguínea dentro das artérias do pulmão, dificultando o fluxo normal de sangue pelo corpo, uma vez que ele não consegue atravessar o pulmão e atingir o coração esquerdo facilmente. Além disso, o coração direito vai trabalhar sobrecarregado e pode não suportar esta pressão. 

Na grande maioria das vezes, o entupimento se dá por um coágulo de sangue. Mas, pode surgir de pedaços de tumor, líquido amniótico, bolhas gasosas, de fragmentos ósseos, de microorganismos ou de cateteres que saem de sua posição original, entram na circulação venosa e atingem a circulação pulmonar. Quando a obstrução é por um coágulo, este geralmente se origina de veias da perna ou da pelve. Qualquer um de nós pode apresentar uma embolia pulmonar. Entretanto, há diversas condições predisponentes que facilitam a formação dos coágulos nas pernas: viagens prolongadas, pós-operatórios de grandes cirurgias (especialmente quando o paciente fica muito tempo sem mexer as pernas), durante internações prolongadas, pós trauma ou cirurgia osteomuscular de pelve ou pernas. Outras comorbidades e situações também aumentam o risco: pacientes obesos; portadores de  comorbidades (câncer, insuficiência cardíaca, insuficiência venosa, doença pulmonar); diabéticos; tabagistas; mulheres em uso de anticoncepcional e outros. 

Os principais sintomas são: dor torácica (que piora com a inspiração), tosse seca ou com sangue, pele azulada (cianótica) nos dedos e lábios, taquicardia, palpitações, falta de ar, queda de pressão e lipotimia, tontura e sudorese. O diagnóstico é feito através da identificação da obstrução da artéria pulmonar, usualmente feita pela angiotomografia ou pela angiografia pulmonar. Na vigência de uma clínica sugestiva, outros exames podem sugerir a possibilidade da embolia: o ultrassom venoso de membros inferiores, o eletrocardiograma, o ecocardiograma e alguns exames laboratoriais (gasometria, dímero D, enzimas cardíacas). 

O tratamento é feito através de medicações para “ralear” / “afinar” o sangue. O uso de fibrinolíticos é indicado para alguns casos e de anticoagulantes para a grande maioria deles. O anticoagulante via oral deve ser mantido por, pelo menos, 3 meses. Para os pacientes mais predispostos, pode haver a necessidade do uso indefinido desta medicação, a fim de evitar novos eventos. Mais recentemente, o uso de cateteres de aspiração posicionados ao nível da artéria pulmonar tem sido utilizado em embolias maciças, assim como há a possibilidade de indicação de cirurgia para a retirada dos êmbolos cronificados (não dissolvidos) que continuam atrapalhando a circulação pulmonar. A evolução clínica vai depender não só da extensão da embolia, mas também da competência do tratamento instituído. Nos casos leves, ou nos casos graves em que o tratamento foi correto, pode haver recuperação total do paciente em poucos dias. Casos muito graves ou casos mal conduzidos podem, invariavelmente, levar ao óbito ou a importantes limitações funcionais futuras.   


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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