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02/04/2022 às 08h00min - Atualizada em 02/04/2022 às 08h00min

Como preservar a saúde do cérebro?

JOÃO LUCAS O'CONNELL
Uma preocupação frequente no consultório médico, especialmente com a população idosa, é sobre os cuidados para a preservação (ou recuperação) da saúde cerebral. Infelizmente, com o envelhecimento, da mesma forma que há uma perda funcional importante do sistema osteomuscular, outros sistemas sofrem bastante com a perda celular progressiva que acompanha o passar da idade. Com o sistema nervoso central e periférico não é diferente. Independentemente de desenvolver ou não o Mal de Alzheimer (o mais temido das doenças neurológicas que acompanham o envelhecimento), uma coisa é certa: o cérebro de todo mundo vai envelhecer e todos vamos sofrer (ao menos um pouco) com isso. 

Existe uma perda progressiva de função neurológica que passa a se manifestar de maneira cada vez mais intensa a partir da sexta ou sétima década de vida. É muito difícil evitar este processo. Revertê-lo então, nem se fala... Infelizmente, estudos científicos têm demonstrado que já a partir da terceira década de vida nossa velocidade de processamento de informações começa a diminuir. Para algumas pessoas, fica fácil perceber os primeiros sinais de perda de capacidade neurológica, como a diminuição do poder de concentração ou para se lembrar de alguma informação. 

Mas, algumas medidas podem ser tomadas para a prevenção dos efeitos deletérios da idade sobre o cérebro e suas funções. E quanto mais cedo começamos e intensificamos estes cuidados, maior o retardo do processo de perda da cognição, poder de concentração, memória, reflexos e outras funções neurológicas essenciais. Quais são os cuidados que podemos ter para evitar uma degradação mais rápida e importante de nossa função cerebral? Podemos listar algumas dicas já consagradas pela literatura médica que podem ajudar na prevenção do envelhecimento principalmente do cérebro (mas ajudam todos os outros órgãos e sistemas também): dormir bem, beber com moderação, não fumar ou fazer uso de outros tóxicos, ter uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas, ter horas recompensadoras de lazer, exercitar a mente, controlar o estresse emocional, manter bons vínculos afetivos com amigos e familiares. 

Dormir bem: um adulto precisa, em média, de 6 a 8 horas de sono por dia. Dependendo da pessoa, o período pode ser maior ou menor. Vários estudos já demonstraram que pessoas que dormem pouco, ou que dormem mal, têm maior estresse oxidativo, um “status” sistêmico pró-inflamatório e podem adoecer mais (especialmente de doenças neurológicas e cardiovasculares). Para um descanso melhor, torne o quarto mais aconchegante, não o utilize como ambiente de trabalho e evite ingerir álcool ou cafeína à noite. Se tiver problemas como insônia e ronco exagerado, procure um médico. 

Beba com moderação e não utilize tabaco ou outras drogas. Já está comprovado que o excesso de toxinas da bebida ou do cigarro levam a maior perda de massa cerebral e aceleram o processo de envelhecimento. O estresse emocional também é um inimigo do cérebro por liberar uma série de outras substâncias pró-inflamatórias. Uma alimentação inadequada, com altos níveis de carboidratos, gordura saturada ou hidrogenada, refrigerantes, enlatados, conservantes, embutidos, carne vermelha também funcionam como pró-inflamatórios, aumentando o estresse oxidativo e a perda celular progressiva, especialmente do cérebro. 

Por outro lado, uma alimentação rica em frutas, legumes, vegetais, carne branca, oleaginosas, azeite de oliva pode propiciar a formação de substâncias antioxidantes e vasodilatadoras que protegem o sistema neurológico e o cardiovascular contra o envelhecimento e contra a perda de função. Da mesma forma, a meditação, o controle do estresse e o exercício físico também estimulam a regeneração celular e promovem um envelhecimento mais saudável e com menor perda de função motora e cerebral. Se a meditação ou o exercício ainda forem associados a um maior contato com a natureza, melhor ainda...

Por fim, outra medida que retarda os sinais do envelhecimento e previne a perda de função neurológica é a realização de atividades que estimulem a mente e que mantenham o cérebro mais ativo. Assim, atividades simples como ouvir música, uma boa leitura, jogar cartas, conversar com amigos e familiares ajudam a mente. Mas, atividades que exijam mais, como um jogo de xadrez ou fazer palavras cruzadas, estudar um novo idioma ou aprender algo diferente (fazer um curso ou aprender a tocar um instrumento) auxiliam ainda mais o seu cérebro e retardam o seu envelhecimento. 


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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