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19/03/2022 às 08h00min - Atualizada em 19/03/2022 às 08h00min

A importância das vacinas para a humanidade

JOÃO LUCAS O'CONNELL
Idealizada pelo médico Edward Jenner, a primeira vacina foi criada no século XVIII, quando a varíola era a maior ameaça da humanidade. Entretanto, foi ao longo dos últimos 100 anos que este importantíssimo braço da ciência se desenvolveu de maneira fantástica. Hoje, há imunizantes contra muitas outras doenças, como poliomielite, sarampo, caxumba, gripe, hepatite A e B, entre muitas outras. Considerada um dos maiores avanços da ciência, a vacina é responsável por evitar, a cada ano, entre dois e três milhões de mortes por doenças preveníveis, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

A vacinação é uma forma simples, segura e eficaz de proteger as pessoas contra doenças nocivas, antes que entrem em contato com os agentes responsáveis pela sua transmissão. As vacinas estimulam o nosso sistema imunológico a produzir defesas específicas contra determinado vírus ou bactéria, ensinando as células do nosso sistema de defesa a reconhecer os agentes que penetram em nosso organismo. A partir desta identificação, as células de defesa irão tentar neutralizar o agente agressor, seja através da produção de anticorpos (proteínas que inativam os agentes agressores) ou através da própria ação de algumas células de defesa que agridem diretamente os agentes agressores através da produção de citotoxinas que irão destruir o patógeno. 

Assim, basicamente, as vacinas desenvolvidas apresentam o agente agressor ao nosso organismo para que possamos aprender que aquele patógeno é um agressor e não faz parte do nosso organismo, devendo ser neutralizado. Estes agentes podem ser introduzidos de diferentes maneiras. Em geral, eles são administrados por via injetável (subcutânea ou intramuscular) ou por via oral. 

Entretanto, a inoculação do microrganismo vivo e atuante poderia, logicamente, causar a doença pois, uma vez introduzido no organismo, ele se multiplica e nos agride da mesma maneira como se tivéssemos entrado em contato com ele por outras vias numa contaminação (pela via aérea, por exemplo). Assim, estes patógenos precisam ser manipulados em laboratório a fim de que sejam inoculados (ou ingeridos) apenas microrganismos inativados (já mortos), atenuados (enfraquecidos) ou mesmo apenas partes da parede celular do vírus ou bactéria (incapazes de causar doença). Mais recentemente, assistimos ao desenvolvimento de vacinas que introduzem uma informação genética (RNA mensageiro) em nosso organismo. O objetivo final destas vacinas também é o de criar anticorpos contra um vírus que ameaça a nossa saúde. Mas, ao invés de inserir o vírus atenuado ou nativo no organismo, é inserido um “código de genes” que ensinam as células a sintetizar uma proteína (anticorpo) que auxilia na resposta imunológica do nosso corpo. 

Entretanto, é importante salientar que estas vacinas, em geral, acabam não funcionando para todos. Alguns indivíduos (idosos, desnutridos, com problemas relacionados à menor imunidade) acabam não conseguindo “aprender” o caminho necessário para a indução da resposta efetiva. Assim, para algumas pessoas, determinadas vacinas podem não funcionar, ou funcionar em um grau menor de eficácia de resposta. Mas, de uma maneira geral, a grande maioria das vacinas funciona para a grande maioria das pessoas. Em outros casos (como contra o coronavírus), as vacinas têm alta eficácia contra determinante variante e menor efetividade contra outras. Ainda, contra algumas variantes, a vacina é capaz de prevenir de maneira muito eficaz qualquer sintoma da infecção para a maioria das pessoas e, para outras variantes do vírus, ela é menos eficaz para a prevenção de um quadro sintomático, porém altamente eficaz para a prevenção de uma complicação grave da doença. 

Vale destacar ainda que, infelizmente, não existem vacinas eficazes para uma série de vírus ou bactérias (como o HIV, o vírus da Herpes e a grande maioria das bactérias). Para muitos patógenos já existem outros medicamentos que podem ajudar a combater a agressão quando sofrida (medicações antivirais ou antibacterianas que ajudam a frear a replicação do invasor ou a ajudam a destruí-lo. Outra dura realidade é saber que, muitas vezes, infelizmente, a ativação do sistema de defesa ou é ineficaz ou é muito demorado, o que acaba permitindo a destruição maciça de células e tecidos pelo agressor e a consequente vitória do invasor. É o que acontece quando perdemos um paciente para uma doença infecciosa...

Por fim, é importante lembrar também que, em se tratando de doenças facilmente transmissíveis, quando somos vacinados, não estamos apenas protegendo a nós mesmos, mas também aqueles ao nosso redor. Pois, se o meu sistema imunológico fica apto a reconhecer rapidamente um invasor e eliminá-lo, eu consigo evitar que eu mantenha o circuito de transmissão do agressor, uma vez que o meu organismo vai destruí-lo antes que eu consiga transmitir o patógeno a outras pessoas. 


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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