Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
05/02/2022 às 08h00min - Atualizada em 05/02/2022 às 08h00min

Como e quando acaba uma pandemia?

JOÃO LUCAS O'CONNELL

Pandemia é o termo usado quando uma epidemia se espalha por diferentes continentes e se sustenta a partir da transmissão de um indivíduo para o outro. Nos últimos meses, várias previsões foram feitas em relação ao fim da pandemia da covid-19. Saber como e quando a pandemia vai acabar é um assunto que intriga a todos: cientistas, governantes, empresários, médicos e, certamente, você leitor. 

    

Prever o fim da pandemia da covid-19 se tornou muito difícil. Não só pela quantidade de variantes que surgiram a partir do vírus original, mas também por não sabermos ao certo como a nossa defesa (criada por exposição à infecção prévia ou às vacinas) vai se comportar com o contato com estas novas variantes. 

 

A primeira variante (alfa) que circulou pelo mundo em 2020 trouxe pavor e pânico ao mundo todo. Vivemos tempos difíceis, de muitas medidas restritivas, fechamento de indústrias e estabelecimentos comerciais, agressão à economia de vários países... À época, inúmeras medidas foram tomadas para tentar nos poupar de uma situação de sobrecarga a hospitais e, principalmente, UTIs no país. As medidas surtiram efeito e obtivemos sucesso! Com todas as medidas adotadas, a maioria das cidades conseguiu dar um suporte razoável aos seus doentes. Os hospitais não ficaram lotados.  Tivemos cerca de 200.000 óbitos. Bem menos do que os quase um milhão de óbitos que alguns haviam previsto para a “primeira onda”. Vencemos esta etapa! 

 

Ao final de 2020, estávamos prontos para retornar a nossa vida normal, a curva de disseminação da doença vinha caindo progressivamente. Eis que tivemos um novo surto (bastante mais agressivo) provocado pela variante Gama (variante Manaus) que nos castigou de maneira cruel. Tivemos situações de caos na saúde pública (e também na privada) na maioria das cidades brasileiras. Foram meses de muito sofrimento, com enfermarias e UTIs lotadas. Uma outra variante, também mais agressiva que a original – a Delta – manteve a segunda onda em alta por boa parte do primeiro semestre de 2021. O Brasil bateu recordes e mais recordes de novas internações e óbitos diários. Ao longo do ano de 2021, mais de 400.000 pessoas morreram de covid-19 no Brasil. 

 

Mas, ao longo do ano de 2021, boa parte da população brasileira sob maior risco de desenvolver um quadro grave de COVID foi vacinada. O número de novas internações e óbitos despencou. O alívio voltou. Alguns chegaram a decretar o fim da pandemia! Até que, para nossa má sorte, surgiu no horizonte uma tal de Ômicron, que encheu nossa paciência neste último mês, lotando Pronto Socorros e afastando milhões de brasileiros do trabalho... Apesar do grande número de novos casos diários (recorde desde o início da pandemia), não sofremos tanto com excesso de óbitos ou falta de leitos hospitalares. Para a nossa sorte, esta terceira onda terá uma passagem muito rápida. Partiremos, se tudo correr bem, para o fim deste novo ciclo da pandemia a partir das próximas semanas. 

    

Provavelmente, a pandemia só será oficialmente declarada terminada (quando permanecermos meses (ou anos), sem novas ondas de disseminação da doença. Alguns acreditam que, pelo fato de que as variantes anteriores (especialmente a Ômicron) possam ter contaminado pelo menos metade da população mundial nas últimas semanas, que ela poderia ter contribuído para a tão sonhada “imunidade de rebanho”. Muitas pessoas expostas ao vírus ou às vacinas simultaneamente e gerando anticorpos eficazes contra o coronavírus (através de vacinas ou pela própria exposição ao vírus) poderia propiciar a formação de uma barreira para a fácil transmissão de novas variantes do vírus. Pelo menos por alguns meses... 
 

Esta é uma esperança muito grande! Provavelmente, nós, população geral, declararemos informalmente o fim da pandemia antes das autoridades oficiais... Se novas variantes que driblem o poder imunizante das vacinas e da exposição às variantes prévias (incluindo a Ômicron) não surgirem, estaremos muito próximos de retomar nossa rotina habitual. Deixaremos de falar em novos casos, internações e óbitos. Vamos falar mais de eleição, copa, Big Brother e menos de coronavírus. Assim, aos poucos, decretaremos o fim da pandemia! Bem antes que a ciência possa declarar, mais prudentemente, uma situação “de controle” para, daqui a vários meses, afastado o risco do surgimento de novas variantes com alto poder de contaminação, possa ser declarado o fim do estado de pandemia. É para isso que torço!

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90