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06/11/2021 às 08h00min - Atualizada em 06/11/2021 às 08h00min

Consequências de internações hospitalares prolongadas

TÚLIO MENDHES

Quando acontece a confirmação de uma doença em uma pessoa, e a mesma é quem desempenha papéis bem definidos na família, por exemplo, cuidar das finanças, mas de repente precisa ser hospitalizada – internada, geralmente faz com que o paciente e seus familiares vivenciem profundas mudanças em suas vidas. 

 

Bom... quando um paciente permanece por mais de 15 dias no hospital, a internação é considerada prolongada. Essa hospitalização prolongada afeta o vínculo familiar, levando os pacientes e familiares a vivenciarem profundas mudanças em suas vidas. Durante essa fase, é comum ocorrerem inversão de papéis e sentimentos de medo e insegurança que podem antecipar crises.

 

O medo da morte, as incertezas relacionadas ao prognóstico e ao tratamento, os conflitos emocionais, a preocupação com a condição financeira e a quebra de rotina podem gerar ansiedade e depressão em alguns membros da família, além do paciente.

 

A hospitalização prolongada é um dos problemas que mais afetam o sistema de saúde. Isto, devido à grande elevação dos custos financeiros e à redução da qualidade de assistência. Os fatores que geram um aumento no tempo de internação hospitalar são os mais diversos, podendo variar de acordo com sexo, idade, diagnóstico, assistência prestadas e recursos disponíveis no próprio hospital. Além disso, o ambiente hospitalar pode, muitas vezes, gerar um isolamento social decorrente da falta de estímulos visuais, sonoros e táteis para o paciente. 

 

Pacientes com histórico prolongado de internação possuem tendência a desenvolver alterações no humor. Assim, existem fatores que precisam de atenção. Estou falando dos transtornos de humor, das reações de ajustamento. O padrão mais comum de sintomas compreende uma combinação de preocupações excessivas, ansiedade, depressão e insônia.

 

A depressão é um fator comum em pessoas que estão internadas há muito tempo, muito deles, adquirem essa condição, pela dor, incapacidade física, pior prognóstico, sentir-se sozinho e deficiente apoio social. A ausência dos familiares pode gerar transtornos psicológicos, sobretudo quando a internação ultrapassar um período de quinze dias, dificultando ainda mais a recuperação e alta hospitalar.

 

Sabe-se que o tempo de imobilização no leito é proporcional às inúmeras complicações possíveis de surgir nos diversos sistemas do organismo. As consequências da internação prolongada são as úlceras de decúbito, desnutrição, confusão e declínio da função mental, incontinência, incapacidade de urinar, quedas... infecção do paciente por ficar exposto em áreas críticas oferecendo maior risco a eles, seja pela imunodepressão ou particularidades que se desenvolvem neste ambiente, ou ainda, nas áreas semicríticas, que não oferecem tantas ameaças, porém, ainda assim, necessita de cuidados, podendo se manifestar durante a estadia no hospital ou após receber alta, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

 

O aumento no tempo de internação está associado a aumento de custo, morbidade e mortalidade. A resposta ao estresse pelo paciente ou familiares está relacionada com o tipo, intensidade e duração dos fatores desencadeantes, pois conduz a alterações de ordem psicológica como medo, ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, bem como instabilidades fisiológicas, como, por exemplo, predisposição a infecções e retardo de cicatrização de feridas operatórias. 

Esses fatores estressores ainda ficam acentuados quando os pacientes adultos se internam via emergência, pois na maioria das vezes são pacientes que demandam de cuidados prolongados que passam por graves acidentes, sofrendo grandes fraturas que exigem, após o tratamento específico, outros procedimentos para a recuperação dos movimentos, a exemplo de fisioterapia, além do mais, não estão preparados para o processo de adoecimento e hospitalização, que irá comprometer o percurso de vida com o isolamento social.

 

Pois bem... sabe-se que para internar pacientes crônicos que precisam de cuidados por um tempo maior, é necessária, por exemplo, fisioterapia, terapia ocupacional, adequação nutricional e outros procedimentos que ajudem na recuperação ou melhora do estado geral do paciente. 

 

Até a próxima!


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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