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19/06/2021 às 08h00min - Atualizada em 19/06/2021 às 08h00min

#Sabadou! Bora tomar umas doses? (de atenção)

TÚLIO MENDHES
Já reparou que o #sextou e o #sabadou geralmente estão correlacionados ao consumo daquela cervejinha trincando de tão gelada? É um programa clássico do brasileiro, isso é um fato. Obviamente que temos os consumidores mais seletos quando o assunto é álcool, por exemplo, os amantes da conhecida caipirinha, até drinks mais sofisticados, como o Cosmopolitan, Whisky Sour, Dirty Martini, Negroni, Bloody Mary... Enfim, o cardápio é extenso, bem como as 27 unidades federativas do nosso querido Brasil, que com tantas culturas e povos distintos é de se esperar que tenha estilos de bebidas diferentes.
Mas o que tem a ver uma introdução embebedada com essa coluna que é sobre “Papo Saudável”?
Calma, vou explicar! O consumo de álcool sempre foi considerado natural na cultura Brasileira. Sobre isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS), recentemente, divulgou uma pesquisa extremamente alarmante. Comparada à média internacional sobre a ingestão per capita de bebida alcoólica, nós superamos o equivalente a 43,5% em dez anos. Por exemplo, lá em 2006, os jovens a partir de 15 anos ingeriam o equivalente a 6,2 litros de álcool puro. Muita coisa, né? Porém, o assustador é que essa quantidade saltou para 8,9 litros por pessoa. Esse salto nos colocou como o 49º país que mais consume álcool no ranking entre os 193 avaliados. A média mundial é de 6,4 litros por ano.

Esse uso excessivo está mascarado de alegria, prazer e euforia, mas o que está atrás de tudo isso é uma verdadeira e perigosa ameaça. Pra ter uma noção, 25% das mortes de jovens entre 20 e 39 anos estão diretamente relacionadas com o álcool. Outro número gigantesco está representado pelas 3,3 milhões de pessoas que morrem anualmente devido o uso abusivo do álcool, isso representa 5,9% de todos os óbitos registrados no mundo.

Você concorda comigo que todas as esferas dos governos deveriam ser responsáveis por elaborar, executar, inspecionar e pensar em políticas públicas para diminuir o uso excessivo do álcool? Não precisa ser nenhum gênio pra cogitar medidas regulatórias, na poderosa e riquíssima indústria do marketing de bebidas, além de limitar o acesso à compra, por exemplo, aumentando os valores nos impostos.

O principal motivo para o aumento do consumo de álcool no País é a falta de adoção de políticas eficazes, totalmente o oposto do que outros países fizeram, conseguindo restringir e diminuir o consumo de álcool entre seus habitantes. Medidas regulatórias não matam ninguém! Carecemos de partilhar da política de prevenção mundial. Parece exagero, mas não é.

Infelizmente, nosso querido Brasil varonil é tão generoso com a indústria de bebidas alcoólicas, principalmente com a cerveja. Um forte exemplo está na liberdade da comercialização. Em outras palavras, todo lugar que tem um alvará “meia-boca” pode vender bebida alcoólica, seja um boteco de bar, posto de combustível, lanchonetes, padaria, empórios etc.. Isso falando legalmente, mas sabemos que a corrupção de menores através da venda informal, também faz girar a economia desse setor. Enfim...

Esse descontrole no consumo de álcool traz graves prejuízos à saúde, tanto em razão de doenças causadas pela presença do álcool no organismo quanto por lesões resultantes de acidentes de trânsito e episódios de violência, por exemplo. Em todo o planeta, o uso nocivo do álcool é responsável por mais de 200 doenças, sem falar nas lesões causadas. Complementando essa lista de doenças, está a cirrose hepática, alguns tipos de câncer, transtornos mentais e comportamentais, e também doenças infecciosas causadas indiretamente pelo álcool, como tuberculose e AIDS. Além dos prejuízos à saúde, o abuso nocivo acarreta danos à família e aos amigos, destruindo os relacionamentos sociais não somente pra pessoa que abusa da bebida, mas a todos nós – a sociedade.
Portanto, se você é ou conhece alguém que faça parte dos alarmantes percentuais apresentados, pare, respire, repense e mude sua atitude, pois as perdas, sejam físicas ou emocionais, corroem a vida de modo lento e progressivo. Não se engane achando que está no controle da situação. Infelizmente, a situação é que tende a controlar.

Assim sendo, permita-me te servir uma dose? (de bom senso misturado com autocontrole). Tim-tim.


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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