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30/01/2021 às 08h35min - Atualizada em 30/01/2021 às 08h35min

Riscos e benefícios das vacinas contra a COVID-19

JOÃO LUCAS O'CONNELL
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
No que se refere à saúde, o ano de 2021 não começou muito bem por aqui. Os noticiários alertam para o aumento progressivo do número de novos casos e de óbitos que temos presenciado, nas últimas semanas, em nossa região. Apesar disso, uma outra notícia trouxe esperança e celebração por aqui: a aprovação, pela ANVISA, de duas vacinas contra a COVID-19 para uso emergencial no país – a Coronavac e a vacina de Oxford.

Entretanto, apesar da aprovação destas duas vacinas ter trazido alegria e esperança para grande parte da comunidade médica e científica, ela foi mal recebida por uma outra parte da população. Mas, afinal, por que uma parcela da população enxerga as novas vacinas com descrédito? Com certeza, a principal razão para este descrédito não é científica! Afinal, os estudos científicos que levaram à aprovação das novas vacinas foram muito bem conduzidos e os resultados iniciais obtidos foram extremamente satisfatórios. Os resultados foram tão bons que a maioria das agências reguladoras de saúde do mundo também aprovaram o uso imediato destas e de outras vacinas...

Os argumentos dos contrários à vacina variam muito e são bastante numerosos: 1) “Desconfio da vacina porque ela foi produzida muito rapidamente”; 2) “Não temos acompanhamento de longo prazo dos pacientes vacinados para avaliar se ela realmente é segura”; 3) “Foram poucos idosos incluídos nos estudos”; 4) “As vacinas foram desenvolvidas e inicialmente produzidas na China e na Índia” (países que não seriam confiáveis, do ponto de vista do questionador...); 5) “O que vai adiantar eu me vacinar se eu vou ter que continuar usando máscaras e higienizando constantemente as mãos? Ou se não vamos poder reabrir escolas, estágios e cinemas?!” 6) A vacina pode alterar minha estrutura genética! As dúvidas e foram muitas e, por isso, muitos pacientes não estão dispostos a tomar nenhuma das vacinas que serão disponibilizadas...

Não custa lembrar que a vacinação é muito importante para o controle da pandemia e, consequentemente, para a retomada da economia! Os estudos já realizados mostraram que a vacina reduz, pelo menos pela metade, a chance de o grupo vacinado desenvolver um quadro de gripe pelo novo coronavírus. Mas, muito mais do que isso, a vacina é capaz de reduzir muito mais ainda (em mais de 75%) a chance da COVID motivar internações hospitalares e/ou óbitos. Assim, mesmo para a menos eficaz das vacinas, poderíamos ter uma redução importante no número de pessoas que necessitarão de internação hospitalar secundária a COVID. Portanto, a injeção não garante imunidade individual. Mas, diminui enormemente a chance de ter uma forma grave e letal da doença! Além deste grau variável de proteção individual, a vacina aumenta a proteção coletiva contra a COVID. Com menos pessoas gripadas, teremos menos pessoas transmitindo o vírus para outras, o que vai diminuir (no mínimo pela metade) a propagação da doença.

Outro ponto importante a se destacar é sobre a segurança das vacinas, em especial, daquela que será usada na maioria da população brasileira: a Coronavac.

Esta vacina é feita a partir do vírus inativado! Este processo torna a vacina mais segura porque praticamente elimina a chance do vírus injetado se replicar dentro do organismo da pessoa, gerando uma doença de COVID induzida pela vacina... Ainda, nos estudos já realizados, e nos milhares de brasileiros já vacinados até aqui, poucos apresentaram efeitos colaterais que fossem dignos de nota. A grande maioria dos efeitos colaterais são leves e passageiros... A dor, no local da picada, é o mais comum. Também pode acontecer dor de cabeça, dor no corpo, febre, náuseas, diarreia, vômitos. Por enquanto, não foi documentado nenhum caso de reação alérgica grave ou de óbito secundário à vacinação.

O temor dos efeitos colaterais a longo prazo também não se justifica. Em especial, com a vacina Coronavac. O vírus inativo injetado permanece por poucos dias no organismo, apesar de induzir à formação de uma resposta humoral mais duradoura. Sendo assim, a chance de efeitos colaterais a longo prazo é praticamente nula.
Por fim, vale a pena contra argumentar que, realmente, o uso da vacina não dispensa o uso de máscaras e a necessidade de higiene constante das mãos. Estas medidas de cautela ainda serão necessárias por um bom tempo! Pelo menos, até que 70-80% da população adulta esteja vacinada... Mas, por outro lado, a vacinação em massa é a nossa maior esperança para que, um dia, as coisas possam começar a voltar ao normal. Se você tiver uma oportunidade de ser vacinado, não tenha dúvidas: vacine-se!


Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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