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13/12/2020 às 08h00min - Atualizada em 13/12/2020 às 08h00min

O ato de DOAR faz bem para o corpo e para a mente

ANGELA SENA PRIULI

Muitos de nós nos lembramos da necessidade do outro no fim de ano, com o espírito natalino, então doamos brinquedos para crianças e comida e roupas para famílias. Se você já participou de atos voluntários para ajudar de qualquer forma os outros, sabe bem qual é a sensação no final, né? Gratidão, sensação de bem estar, e muita reflexão. Esses atos pró-sociais da sociedade humana tem sido estudados pelos cientistas e os resultados são um estímulo ainda maior para o altruísmo.

Na coluna de hoje vou te explicar, baseada em evidências científicas, que crianças pequenas que experimentaram amor compassivo e empatia de suas mães podem estar mais dispostas a transformar pensamentos em ações sendo generosas com os outros, de acordo um estudo da Universidade da Califórnia, em Davis.

Bora entender mais disso? Em estudos de laboratório, crianças testadas com idades de 4 e 6 anos mostraram mais disposição de doar os brinquedos que ganharam para crianças fictícias necessitadas quando duas condições estavam presentes - se eles mostraram regulação fisiológica flexível quando tiveram a oportunidade de compartilhar e se tiveram uma "criação" positiva que modelou tal bondade. Vamos entender?

O estudo incluiu inicialmente 74 crianças em idade pré-escolar e suas mães. Eles foram convidados a voltar dois anos depois, resultando em 54 pares de mãe e filho cujos comportamentos e reações foram analisados ​​quando as crianças tinham 6 anos. Em cada exercício de laboratório, depois de conectar um monitor para registrar a atividade da frequência cardíaca das crianças, o examinador disse às crianças que elas ganhariam fichas para uma variedade de atividades e que as fichas poderiam ser trocadas por um prêmio. As fichas foram colocadas em uma caixa e cada criança eventualmente ganhou 20  fichas. Em seguida, antes de a sessão terminar, as crianças foram informadas que poderiam doar todas ou parte de suas fichas para outras crianças (no primeiro teste, eles foram informados que eram para crianças doentes que não podiam entrar e jogar o jogo e, no segundo teste, dois anos depois, disseram-lhes que as crianças estavam passando por dificuldades).

Ao mesmo tempo, as mães responderam a perguntas sobre seu amor compassivo por seus filhos e pelos outros em geral.

As mães selecionaram frases em uma pesquisa como:

"Prefiro praticar ações que ajudem meu filho do que realizar ações que me ajudem."
"Aqueles que encontro por meio de meu trabalho e vida pública podem presumir que estarei lá se precisarem de mim."
"Eu prefiro sofrer do que ver alguém (um estranho) sofrer."

Tomados em conjunto, os resultados mostraram que a generosidade das crianças é apoiada pela combinação de suas experiências de socialização - o amor compassivo de suas mães - e sua regulação fisiológica, e que estes funcionam como suportes internos e externos para a capacidade de agir pró-socialmente que constroem um no outro. Os resultados foram semelhantes aos 4 e aos 6 anos de idade as crianças.

"Em ambas as idades, as crianças com melhor regulação fisiológica e com mães que expressaram amor compassivo mais forte provavelmente doariam mais de seus ganhos", disse Paul Hastings, professor de psicologia da UC Davis. "As mães compassivas provavelmente desenvolvem relacionamentos emocionalmente próximos com seus filhos, ao mesmo tempo que fornecem um exemplo precoce de orientação pró-social em relação às necessidades dos outros", disseram os pesquisadores no estudo.

Além de observar a propensão das crianças a doar os ganhos do jogo, os pesquisadores observaram que ser mais generoso também pareceu beneficiar as crianças. Nas idades de 4 e 6 anos, o registro fisiológico mostrou que as crianças que doaram mais fichas se excitaram ao receber a orientação da doação e atingiram mais facilmente o estado fisiológico anterior após o ato altruísta, em comparação com as crianças que doaram nenhuma ou poucas fichas. Eles disseram que comportamentos pró-sociais podem ser eficazes para acalmar a própria excitação, sugerindo também que ficar em um estado mais calmo depois de compartilhar pode reforçar o comportamento generoso que produziu aquele sentimento bom.
Trocando em miúdos: aja com compaixão e empatia e crie seus filhos assim, pois doar dá sim um calorzinho do bem no coração e no corpo da gente, além de melhorar o ambiente e a sociedade em que vivemos.
 
Fonte:Jonas G. Miller, Sarah Kahle, Natalie R. Troxel, Paul D. Hastings. The Development of Generosity From 4 to 6 Years: Examining Stability and theBiopsychosocial Contributions of Children’s Vagal Flexibility and Mothers’ Compassion. Frontiers in Psychology, 2020


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 

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