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17/10/2020 às 08h00min - Atualizada em 17/10/2020 às 08h00min

A dolorida, mas tratada – depressão

TÚLIO MENDHES

A depressão é um transtorno mental frequente. Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, etnias, classes sociais, de todos os credos sofram com o triste diagnóstico da depressão. Essa condição difere das oscilações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração. Ela causa grande sofrimento e disfunção no trabalho, nos estudos, nas relações sociais e inclusive no meio familiar.
 

Especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica condição de saúde. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano - sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Para as inúmeras pessoas que lidam com o transtorno depressivo maior, aquele que inclui diferentes tipos de depressão e que persiste, no mínimo, por duas semanas. Os antidepressivos podem ter um papel valioso amenizando no alívio dos sintomas, permitindo que essas duas pessoas deprimida retomem a vida que tanto gostavam. No entanto, para aqueles que apresentam uma forma conhecida como depressão resistente ao tratamento (treatment-resistant depression, TRD), as medicações padrão proporcionam pouco ou nenhum alívio. O transtorno não é raro: até um terço dos adultos com depressão maior enfrentam sintomas — como sentimentos persistentes de tristeza, distúrbios do sono, pouca energia e pensamentos sobre morte ou suicídio — que não respondem ao tratamento.
 

Embora não exista um consenso sobre a definição de depressão resistente ao tratamento, geralmente considera-se que um paciente apresenta a doença se o indivíduo não respondeu a doses adequadas de dois antidepressivos diferentes administrados por um período suficiente de tempo, que geralmente é de seis semanas.
 

Ainda há muito que aprender, mas vários avanços recentes e promissores estão ajudando a entender e a tratar a TRD. O melhor é escrever que aqui existem quatro motivos pelos quais as pessoas que vivem há muito tempo com esse transtorno podem ter novas esperanças. 
 

Não há como prever com absoluta certeza quais das pessoas com depressão não responderão ao tratamento, mas os pesquisadores observaram que determinadas populações são mais vulneráveis que outras. Mulheres e idosos, por exemplo, parecem apresentar TRD em taxas maiores, por motivos que provavelmente são biológicos e psicológicos. Indivíduos que apresentam crises graves ou frequentemente recorrentes de depressão também parecem mais susceptíveis. A saúde geral de uma pessoa deprimida também pode influenciar.
 

Pacientes com depressão que apresentam alguma doença clínica – como doença tireóidea e dor crônica – estão em maior risco para TRD,”Outras doenças associadas com a TRD incluem o abuso de substâncias e transtornos alimentares e do sono, que têm potencial para tornar uma pessoa mais propensa a ser resistente ao tratamento com antidepressivos. 
 

A depressão pode ter causas que ainda não compreendemos – e pode ser o motivo pelo qual os antidepressivos não funcionam para todos. Por um lado, a biologia da depressão ainda é, em grande parte, um mistério, por outro a teoria mais popular é de que ela é causada por níveis cerebrais baixos de alguns neurotransmissores, como serotonina e norepinefrina, que são associados com os sentimentos de felicidade e bem-estar. No entanto, os neurotransmissores podem não ser os únicos culpados – portanto, os antidepressivos, que atuam aumentando os níveis de serotonina ou norepinefrina, podem não ser o único tratamento que funcione. Os antidepressivos tradicionais afetam somente os neurotransmissores, portanto esse pode ser o motivo pelo qual alguns pacientes não respondem a eles. Embora as palavras “resistentes ao tratamento” possam soar como sinônimos de “ausência de esperança”, a realidade é que existem ferramentas para ajudar as pessoas com TRD. Mas como pra tudo existe solução, nossos brilhantes cientistas, pesquisadores trabalham ativamente em pesquisas conduzidas a depressão resistente ao tratamento. Por exemplo, estão realizando estudos clínicos com um composto que possui potencial para ajudar pessoas com TRD ao agir em vias cerebrais diferentes das dos antidepressivos. 
 

Enfim, existem perspectivas que atenderão as pessoas propensas à depressão ou (treatment-resistant depression, TRD).

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

 
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