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15/09/2020 às 08h00min - Atualizada em 15/09/2020 às 08h00min

Delegado teve que fugir dos bandidos

ANTÔNIO PEREIRA

No último ano do século XIX, o governo federal construía o trecho da linha do telégrafo entre Uberabinha e Monte Alegre que demandava o estado de Mato Grosso. No acampamento da tropa de linha da construtora, que ficava ali pelas imediações do rio das Pedras, houve uma confusão danada envolvendo os dezoito peões fardados. Eram militares.

Américo Saint’Clair de Castro era o delegado municipal e foi acionado para acalmar o conflito. E lá se foi a nossa autoridade acompanhada do pequeno contingente policial. Cerca de dois soldados e um cabo. Lá chegando os militares de linha, vendo que o delegado vinha mal protegido, desfeitearam-no, abusaram e até chegaram a ofendê-lo. Um dos soldados da tropa de linha teve a petulância de pegar um cachorrinho e bater com ele no rosto do Saint’Clair. Impossibilitado de reagir, dada a superioridade dos peões, mas indignado, o delegado voltou para Uberabinha.

Aqui, mobilizou amigos e pessoas interessadas em auxiliá-lo, entre eles, o Chico Marques e seus filhos Dario e Orozimbo Luiz da Costa. Organizado o grupo de revide, Américo já se dispunha a voltar ao rio das Pedras quando foi surpreendido pela invasão da cidade pela tropa de linha do telégrafo.

Prevendo que o delegado se reforçaria e voltaria para cumprir sua missão, a tropa resolveu surpreendê-lo antes de qualquer movimentação. O encontro das duas forças se deu no largo da Matriz (praça Cícero Macedo) em frente a um hotel que lá existia e pertencia a João Bernardes de Souza.

Diante de uma tropa fortemente armada e disposta a tudo, o grupo de voluntários e os poucos soldados do contingente local preferiram uma fuga humilhante a enfrentá-los.

Nessa debandada, um dos homens de Américo Saint’Clair de Castro refugiou-se na Igreja que era onde está a Biblioteca Pública Municipal. O pessoal da tropa de linha achando que era mais fácil agarrar este que os outros, tentou invadir o templo, no que foram barrados pelo capitão João Bernardes de Souza que, além de bloquear-lhes o caminho, ainda os convenceu a retornar para o acampamento.

Com a volta dos peões ao acampamento, e vendo que era impossível tomar providências, Américo, deixou como estava para ver como é que ficava.
 
Obs.: Tanto Américo Saint’Clair de Castro, quanto Dario Luiz da Costa e o João Bernardes de Souza, foram fundadores da Loja Maçônica Luz e Caridade que hoje tem 124 anos.
 
Fonte: Tito Teixeira, Atas da Loja Maçônica Luze Caridade
Fontes: Tito Teixeira e jornais

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

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