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29/08/2020 às 09h00min - Atualizada em 29/08/2020 às 09h00min

Covid-19: chegamos ao fim do pico de contágio?

JOÃO LUCAS O'CONNELL

Esta semana, faz 6 meses que tivemos o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus no Brasil. Foi de um cidadão de São Paulo que trouxe o vírus da Itália, no fim de fevereiro. Hoje, já são mais de 3,8 milhões de casos registrados no Brasil e mais de 118.000 óbitos.

Se por um lado o alto número de infectados e mortos é alarmante e inesperado para muitos que previram que a pandemia seria uma “gripezinha” que duraria menos de 2 meses, para outros, que previram até 1 milhão de mortos, os números até aqui podem ser considerados baixos. Aliás, esta diversidade e contraposição de opiniões em relação às previsões da distribuição dos casos no país também se repetiu para inúmeros outros tópicos relacionados à pandemia. Nos últimos meses, políticos, gestores, profissionais de saúde, cientistas, imprensa e população leiga se polarizaram, muitas vezes de maneira agressiva, em relação a inúmeros assuntos polêmicos: aceitação das medidas de isolamento social; aceitação das medidas de higiene manual e respiratória propostas; quanto à eficácia e ao uso dos métodos diagnósticos para a doença; aceitação e adoção de protocolos terapêuticos e de inúmeras drogas sugeridas no tratamento e para vários outros tópicos... A polêmica mais recentemente discutida em rodas virtuais e mídias sociais é em relação aos rumos da pandemia no Brasil daqui para frente. O que vai acontecer nos próximos meses? O pico em platô vai se manter? Vai haver uma piora da curva de disseminação da doença com a reabertura progressiva de serviços daqui para frente? Vai haver uma melhora dos números da pandemia com uma diminuição do número de novos casos e óbitos nos próximos meses?

O fato é que é muito difícil fazer previsões certeiras neste cenário de pandemia. Primeiro, porque a pandemia se comportou, no Brasil, de maneira imprevisível e única no mundo. Nenhum outro país no globo teve um padrão de curva tão achatada e um pico em platô tão longo como o nosso. Segundo, porque as previsões do que vai ocorrer dependem de uma enorme gama de variáveis que não podem ser controladas por quem prevê. Assim, quem previu (como este que vos escreve), que a curva em platô duraria algumas semanas e teria o seu ápice nos meses de junho e julho, não previa que boa parte da população iria, simplesmente, abandonar por completo as orientações de isolamento social e de higiene manual e respiratória como inúmeros fizeram... Muito menos, que boa parte dos governantes fosse liberar o funcionamento de bares, restaurantes e outros serviços não essenciais bem no meio do pico da pandemia! Esta imprevisibilidade de conduta de gestores e da população dificulta qualquer tipo de previsão. Por exemplo: se os gestores optarem por manutenção do fechamento de escolas e universidades até o fim do ano, o padrão de distribuição de novos casos e de óbitos será um... Se optado pela reabertura rápida e progressiva destes serviços, o padrão da curva de disseminação da doença, com certeza, será outro...

Esta falta de coesão nas orientações oficiais em relação à condução da pandemia no Brasil também ajuda a explicar o comportamento atípico da curva de disseminação da doença no país até aqui. Pelas medidas de isolamento social adotadas precocemente em boa parte das cidades brasileiras e, possivelmente, por várias outras razões (pelo clima, pelas dimensões continentais, pelos cuidados de higiene manual e respiratória adotados por muitos), a curva de disseminação da doença foi bem achatada. Isto permitiu que os sistemas de saúde público e privados se preparassem para a chegada do maior número de casos e também que os casos fossem distribuídos ao longo de vários meses, garantindo condições mínimas de atendimento aos doentes. Entretanto, o abandono precoce do isolamento social e das medidas protetivas por boa parte da população, fez com que a epidemia continuasse crescendo e atingindo cada vez mais pessoas e levando à morte de milhares de brasileiros.

Mas, apesar da imprevisibilidade, não me privarei de manifestar minha impressão pessoal sobre os rumos da pandemia por aqui... Acredito que, finalmente, já atravessamos a pior fase da pandemia no país. Assim, apesar de que teremos que conviver com a pandemia até a chegada de uma vacina de ampla distribuição, o número de novos casos e de óbitos no Brasil vai diminuir a partir de agora! Porém, infelizmente, acredito que em nossa região estejamos, ainda, atravessando a pior parte da curva de contaminação da doença! Assim, por aqui, ainda teremos mais algumas semanas de grande número de casos e de óbitos diários! Entretanto, até o fim de setembro, os números também começarão a cair por aqui! O número de pacientes acometidos e vitimados pelo novo coronavírus vai cair progressivamente até o final do ano, apesar de que só ficaremos mais seguros e livres para retornar à normalidade após a chegada de uma vacina comprovadamente eficaz. Portanto, não desanime! A pior fase da pandemia já passou no Brasil! E está passando em nossa região! E, até o Natal, a ceia em família estará liberada! Com vacina ou sem ela... Pense positivo!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

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