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18/07/2020 às 14h23min - Atualizada em 18/07/2020 às 14h23min

O peso do coronavírus

TÚLIO MENDHES
A pandemia do coronavírus. O medo de infecção. A necessidade de quarentena. Uma casa repleta de comida. Um ambiente de alto estresse. Junte os cinco e os resultados são altos níveis de estresse e ansiedade, tudo muito “perfeitinho” para comer em excesso e ganhar peso. Sim, em resposta a esse período de reclusão por causa da Covid-19, o nosso corpo tende a secretar os chamados hormônios do estresse. Por exemplo, o cortisol que é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, que reage quando estamos deprimidos, ansiosos, estressados, irritados, etc prejudicando nossa saúde de maneira geral, podendo ainda elevar o apetite e os desejos por mais alimentos calóricos, ricos em açúcar e gorduras. Aí pronto, temos uma tempestade perfeita agitando as águas turbulentas da embarcação Covid-19.

Ainda sobre o isolamento social... é fato que sensibiliza nossa saúde mental. O isolamento e a solidão podem exacerbar a chamada depressão subjacente. Esse tipo de depressão, como dita anteriormente, ativa os “benditos” hormônios responsáveis por despertar nos cidadãos de bem, o efeito “Masterchef”, ou ainda, o “contágio” da música infantil: “Comer, comer, comer, comer é o melhor para poder crescer. Comer comer, comer, comer é o melhor para poder crescer”.

Mas muita calma, pois somos assim, carentes de conforto. O problema está no excesso dessa carência. Não é proibido comer algo que traga conforto e emoções positivas. É proibido ultrapassar a linha do “saudável”. Por exemplo, os diabéticos não podem buscar consolo em pães, bolos, doce de abóbora com coco ou aquela tentadora geleia de amora com sorvete de creme. “Aí é pra cabá com os pequis do Goiás. É pra roer todo o queijo de Minas. É pra beber todas pinga do Brasil. A paixão que eu sinto por comida”. OPS! Olha eu misturando as coisas. Nada de paixão por comida, por favor, controle-se daí que eu faço minha parte. Concordo que não tem sido nada fácil estar confinado em casa por causa do trabalho remoto, a jornada reduzida, e infelizmente o desemprego. Entretanto, as pessoas passaram a cozinhar mais em casa e a luz no fim do túnel tem sido o aumento na contenção de gastos. “Maaaas” como tudo tem dois lados, o lado negativo bate de frente com essa contenção, pois aumentou o consumo de leite condensado, chocolates, pães de queijo, sopas, temperos e massas. Os fabricantes desses produtos informam que houve aumento na venda desses “ditos cujos” bem acima da média de outros alimentos. E, segundo a inflação oficial, os preços dos alimentos tradicionais que são preparados em casa, de fevereiro a abril, estavam subindo, contudo tem mostrado uma desaceleração contínua.

Com todo esse cenário de liberdade e ociosidade, é certeiro o pensamento: “Ah eu vou comer, porque mereço”, “Ainn... vou comer essa panela de brigadeiro, porque tô estressadíssima!” etc...

Nessa onda do eu mereço, a preocupação de quem encararia o isolamento social por causa da Covid-19 era justamente de que a nova rotina e a ansiedade resultassem nesse exacerbado ganho de peso. Então né “migos”... a preocupação foi tanta que tem virado realidade! Por outro lado, a real preocupação dos profissionais de saúde em associação ao famoso peso “efeito sanfona”, diz respeito estritamente à perigosa conexão entre a obesidade e o novo coronavírus. Afinal, a obesidade prejudica o resultado positivo do sistema imunológico contra o processo inflamatório causado pela Covid-19.

É trágica a pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) sobre o estudo do peso do brasileiro. O resultado é de que quase 20% da população do nosso Brasil varonil é considerada obesa e mais da metade está acima do peso.

Isso é sério! A obesidade e todas as doenças elencadas ao excesso de peso são responsáveis por 3 milhões de mortes no mundo todos os anos. Um aumento no peso da população global pode ter consequências trágicas. É necessária uma ação rápida para reverter os efeitos negativos que esta quarentena tem causado na nossa saúde física e mental. Portanto, manter hábitos alimentares saudáveis e praticar atividade física estão entre os segredos para vivenciar esse período de isolamento com o peso saudável.



Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.



 
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