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11/07/2020 às 10h01min - Atualizada em 11/07/2020 às 10h01min

TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo associado à Covid-19

TÚLIO MENDHES
O que é Transtorno Obsessivo Compulsivo, conhecido como TOC? Bom, resumidamente é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos incontroláveis, indesejáveis, comportamentos repetitivos e ritualizados que a pessoa sofre e se sente compelida a executar. Esses pensamentos e comportamentos são presumidos como impossíveis de refrear ou dominar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara o TOC como uma das 10 doenças mais debilitantes de qualquer tipo. Enfim, assim que fui diagnosticado com TOC, um amigo comentou: “Ao menos não é algo absolutamente tão grave assim”. O defendo, pois infelizmente pouco se discute sobre Transtorno Obsessivo Compulsivo. Na realidade, o TOC com sua impetuosidade aos poucos liquida vidas, por exemplo, despertando frequentemente em “seus” pacientes a necessidade de se isolar em casa, ficando fora do convívio social.
 
Mas o que tudo isso tem a ver com a Covid-19?
Pois bem... Não obstante o choque do status nos pacientes com TOC, configure estar relacionado à Covid-19, infelizmente o transtorno está sendo negligenciado. A predominação do TOC na população em circunstâncias normais gira mais ou menos entre 2 a 3% da população. Já os estressores psicossociais diminuem a eficiência do sistema imunológico, aumentando significativamente os estados emocionais e o tipo e intensidade de estresse enfrentado.
 
Confesso a você que me irrita ouvir as pessoas falando: “Ainnn” eu tenho um pouco de TOC com meu estojo de make! “Ainn” tenho um pouco de TOC com meus livros! “Ainn” eu tenho um pouco de disso! “Ainn” tenho um pouquinho de TOC daquilo!
 
Poxa minha gente, o TOC é um transtorno mental grave, considerado pela OMS como uma das 10 doenças mais debilitantes de qualquer tipo. Quem tem TOC não gosta do que faz; o transtorno causa enorme angústia. Então, quando você diz que tem 'um pouco' de TOC, você não tem.
 
Acredito que se fizermos uma pesquisa sobre os sentimentos das pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo, veremos que 99% desse público sente muita frustração com o preconceito que persiste em pleno século XXI. Além dos que se incomodam de o senso comum acreditar ser um diagnóstico fácil de ser superado.
 
Toda vez que alguém minimiza esse diagnóstico, impede que os pacientes entendam sua condição e sintam-se confortáveis para pedir ajuda. Muitas pessoas escondem os sintomas por causa da vergonha ou medo de serem consideradas “estranhas”. Fixação com organização, segurança e limpeza, entre outras não é nada divertido.
 
As recomendações de órgãos internacionais de saúde vêm recomendando medidas de proteção, como o distanciamento social e higiene, principalmente das mãos e as funções respiratórias. Sendo assim, a demanda por produtos como desinfetantes, sabão, álcool, lenços umedecidos e luvas subiu consideravelmente. Subiu ainda os desconfortos mais comuns como os transtornos de ansiedades (mais ou menos 70%) e a depressão (cerca de 30%), pois elas acreditariam que sua obsessão com limpeza tem correspondência com as recomendações das autoridades de saúde do mundo todo. 
 
Pensamentos que não saem da mente acompanhados de rituais complexos e rígidos comprometem a qualidade de vida de quem tem Transtorno Obsessivo Compulsivo. É importante observar que não adianta para falar para pessoa pensar positivo ou para a não pensar nisso, naquilo. Reforçando o foco desse texto... Transtorno Obsessivo Compulsivo é doença e, infelizmente neste cenário em que nos encontramos, existe um estímulo externo extremamente forte. Então, a recomendação é: se perceber que está ficando instável por causa disso procure um médico. A conexão com a família e amigos é fundamental, por isso, é importante tirar momentos do dia para conversar, utilize a tecnologia de modo produtivo, mantenha a proximidade digital! Falar com pessoas próximas sobre os medos, anseios e inseguranças é uma forma de aliviar a tensão durante essa pandemia.
 
Bom, por hoje é isso. Até o próximo sábado!
 


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.



 
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