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04/07/2020 às 16h40min - Atualizada em 04/07/2020 às 16h40min

Depressão infantil associada à Covid-19

TÚLIO MENDHES
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que o transtorno depressivo é a principal causa de incapacidade na realização no que tange as responsabilidades diárias entre as crianças. A OMS também declarou que a depressão tem se tonado a doença mais incapacitante do mundo. Na fração que se enquadram as crianças, uma das medidas importantíssimas é tirarmos a depressão infantil da invisibilidade.

Imagine como estão os sentimentos das crianças e adolescentes durante essa pandemia! Bom, a primeira coisa a se entender é que os sintomas na depressão infantil mudam conforme a evolução da idade. As crianças de zero a dois anos podem apresentar recusa de alimentos, desenvolvimento tardio, alterações no desenvolvimento psicomotor e na linguagem, problemas de sono e doenças somáticas. Já crianças em idade pré-escolar podem manifestar comportamento regressivo, principalmente no aspecto psicomotor, linguagem e distúrbios intestinais. Resumindo, os sintomas são: transtornos de ansiedade, tristeza ou irritabilidade intensa, isolamento, ideação suicida (especialmente em adolescentes e crianças mais velhas), sérias dificuldades de sono, de se alimentar, isolamento constante, medo intenso e duradouro, crises súbitas de ansiedade com sintomas somáticos como taquicardia e falta de ar, entre outros. Quando os pais começam a ligar muito para o pediatra, ou irem várias vezes ao pronto-socorro, é também um sinal de alerta para a depressão.

É fato que existem muitas crianças e adolescentes que não gostam muito de ir para a escola, mas, até os mais resistentes, estão sentindo falta da rotina, do ambiente escolar, de interagir com as pessoas. Estão sentindo saudades dos colegas, inclusive dos professores. Uma válvula de escape é a promoção, sempre que possível de encontros virtuais, tanto para estudar como para jogar e conversar sobre o que quiserem. Pois bem, quanto aos sentimentos infanto-juvenis a respeito da Covid-19 e suas consequências, outra interessante configuração é tirar um tempo exclusivo para a criança/adolescente e ouvir os seus medos, receios. Apenas ouvi-los respeitando e não julgando o que há de ser confessado. Em seguida, os pais devem conversar com ele/ela com total serenidade sobre a real situação. É importante transmitir a certeza de que é uma situação momentânea e que eles não estão passando por ela sozinhos.

Os pais devem escolher o que dizer, sem exageros e com otimismo, com termos e exemplos que cada um possa entender, de acordo com a idade e com as possibilidades do momento vida. É recomendável observar se a criança ou adolescente realmente se tranquilizou após a conversa. É importante os pais ressaltarem que sempre estarão disponíveis para voltar a conversar a qualquer momento. Temos que nos esforçar para respeitar o limite de cada um. Estamos todos preocupados e pode ser um alívio, mesmo que parcial, reconhecer que todos temos muitas razões para nos sentirmos desconfortáveis e mesmo assustados. E é exatamente esse reconhecimento que ajuda a não se deixar paralisar.

Ao notar que a criança ou adolescente está com dificuldades, procure observar e escutar de forma atenta e discrição, para acolher e trocar algumas palavras ou gestos que lembrem o que tem o feito sofrer, mas que ele não está só. Que estamos passando por um período que uma hora vai acabar, e que estamos fazendo este esforço para nos cuidar e para cuidar de todas as outras pessoas. E que quando este período de isolamento terminar, poderemos voltar a encontrar com os amigos e familiares, frequentar os parques, as praias, voltar a fazer os passeios que fazíamos e alguns novos, que podemos planejar enquanto estamos em casa. Ah e encaminhá-los para a escola com ou sem saudade rsrs.

Lembrando que, identificados os possíveis sintomas de depressão na infância, os responsáveis devem procurar um psiquiatra infantil, que poderá definir o diagnóstico com precisão, descartando outras condições clínicas, capazes de provocar sinais semelhantes. Assim, tenha um bom fim de semana e até a próxima!
 


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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