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20/06/2020 às 12h54min - Atualizada em 20/06/2020 às 12h54min

Inverno, vinho, queijo, amor e infarto!

TÚLIO MENDHES
Amanhã começa o inverno, minha temporada favorita, pois é a melhor época para degustar bons vinhos e harmonizá-los com os melhores queijos, sempre prezando pelo equilíbrio que caminha entre a acidez, taninos e o corpo da bebida com a gordura e consistência da comida. Mas você deve estar se perguntando? “O que isso tem a ver com o tal de Papo Saudável que ele escreve todo sábado?” Pois bem, tenha muita calma na alma e na compreensão da coluna de hoje. Continuando... Inverno, amor, vinho, queijo, beijo, calor e infarto. Aí vem você mais uma vez interrompendo o papo pensando: “Oi? A conversa estava tão agradável. Que papo é esse de infarto?”.

De novo, muita calma! Sem sua interrupção continuo equilibrando a conversa entre acidez e o tanino da taça de vinho que degusto enquanto escrevo. Bom! Assim como muitos sommeliers falam sobre a criação de um terceiro sabor na degustação entre queijos e vinhos. Muitos médicos falam sobre os riscos de se ter um infarto no inverno.

Mas, independente do assunto, cada um tem suas qualidades ressaltadas, tornando-se ainda melhor quando acompanhado e informado pelo outro. Muita gente tem dúvidas sobre como escolher o tipo certo de vinho para harmonizar com um bom queijo (e vice-versa!), assim como muita gente não entende os estudos realizados que mostram que, durante o inverno, o número de infartos cresce, em média, 30%. Segundo o Instituto Nacional de Cardiologia, a cada dez graus de queda na temperatura, ocorrem um aumento de 7% no índice de infartos, especialmente quando os termômetros atingem marcas inferiores a 14ºC.

As temperaturas baixas causam a vasoconstrição, que nada mais é que uma contração dos vasos sanguíneos. Esses vasos se contraem justamente para não perderem calor. Mais ou menos como nós fazemos nos dias mais frios quando nos contraímos e ficamos mais encolhidos. Com a contração dos vasos sanguíneos,  a passagem do sangue fica comprometida, forçando o coração a trabalhar mais para bombear o sangue,  assim os vasos acabam liberando placas gordurosas, bloqueando o fluxo do sangue para o coração e para o cérebro.

Como existem várias formas de classificar os vinhos, separando-os por texturas, maturação e tratamento, os médicos classificam os grupos mais propensos ao infarto na temperatura mais fria do ano, separando-os como hipertensos, sedentários, diabéticos, fumantes, pessoas com obesidade e pessoas com histórico de infarto na família. Ah, outro grupo que tem ganhado destaque são as pessoas depressivas, sugerindo que, ao baixar à guarda a probabilidade de um possível infarto aumenta e muito. Por isso, a depressão é vista como fator de risco tanto quanto o colesterol, a pressão alta ou o cigarro. Lembrando que mesmo quem não gosta de queijo harmonizado com vinho, as pessoas que não pertencem aos grupos de risco devem evitar a exposição prolongada ao frio intenso e o choque térmico causado pelas quedas bruscas de temperatura.

Resumo da ópera: no inverno ou não, os sintomas do infarto, invariavelmente são dor no peito, que pode irradiar pelo braço, falta de ar, tontura, náuseas, sudorese abundante. Mas, durante o período de inverno, algumas medidas podem – e devem – ser tomadas como manter-se aquecido (por mais que não se sinta frio), principalmente as pessoas idosas e com mobilidades reduzidas. Além de checar continuamente a pressão e o nível de glicose no sangue. É importante deixar bem claro que aquelas conversas de WhatsApp de que quem é magro, faz exercícios e mantém uma dieta pobre em gorduras não precisa avaliar a dosagem do colesterol no sangue é mentira, pois precisa sim. No inverno, tendemos a comer mais. Mas, é preciso cuidado com alimentos gordurosos e de difícil digestão, sobretudo à noite. Ah, e evitar a ingestão de álcool, pois é... mesmo o vinho que traz benefícios para o coração, deve ser bebido com parcimônia. O fato é que com moderação o vinho e o queijo no inverno não são proibidos. Só não modere no amor para com o outro e consigo mesmo. Para hoje é isso. Até o próximo sábado!



Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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