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11/04/2020 às 09h30min - Atualizada em 11/04/2020 às 09h30min

Fumantes são mais propensos em contrair o coronavírus

TÚLIO MENDHES
Todo mundo sabe que o tabagismo motiva o risco de complicações de dezenas de doenças, lesa as vias aéreas e consequentemente os pulmões, propiciando uma sequência de disfunções respiratórias relevantes, por exemplo, bronquite e enfisema. Além de doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio, insuficiência vascular periférica, derrame cerebral e diversos tipos de câncer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, foi documentado que os fumantes têm um risco de duas a quatro vezes maior de contrair doença pulmonar pneumocócica invasiva - uma doença associada à alta mortalidade.

Na última década, houve redução de 40% no número de fumantes no Brasil e há mudança no perfil dos tabagistas ao longo dos anos, mas o problema ainda preocupa as autoridades de saúde. O fumante ativo sofre com a agressão direta da fumaça e do calor gerado pelo cigarro, o que leva a um processo inflamatório crônico, facilitando a penetração do vírus. O ex-fumante, dependendo do tempo que parou, ainda pode ter esse processo inflamatório, ou mesmo, já ter uma doença pulmonar relacionada ao fumo.

O novo coronavírus é um vírus muito agressivo para os pulmões, podendo ser ainda mais prejudicial para fumantes e ex-fumantes.

Uma universidade de ciência e tecnologia em Wuhan, na China, explanou uma pesquisa afirmando que as pessoas que fumam têm mais chances de desenvolver quadros graves do vírus do que os pacientes que não fumam. Uma vez que os fumantes são acometidos com maior frequência por infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. As evidências mostram claramente que o novo coronavírus ataca o sistema respiratório. O tabaco inflama as mucosas das vias aéreas prejudicando os mecanismos de defesa do organismo, tanto os sistêmicos, quanto os locais. Outro risco associado ao tabagismo é que o hábito de fumar requer levar as mãos frequentemente aos lábios, aumentando a chance de infecção. Um vírus novo numa pessoa fumante é um estrago tremendo, a pessoa não tem resistência nenhuma.

Se o fumo for através de narguilé, a carga de tabaco é superior ao cigarro comum. Cabe ressaltar ainda que os fumantes costumam tossir nas mangueiras do narguilé e a umidade da fumaça do tabaco promove a sobrevivência de microrganismos dentro dela. O uso de água fria na base ou jarro pode facilitar a sobrevivência de vírus e bactérias. Além disso, a disseminação de doenças infecciosas também pode resultar da preparação manual do narguilé, sobre a qual não se tem controle. Sem contar o fato do compartilhamento da piteira, contribuindo para a transmissão da Covid-19. Cientes disso alguns países como Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Paquistão e Catar, proibiram o uso do narguilé em locais públicos como cafés, bares ou restaurantes, para prevenir a transmissão do coronavírus.

O fumante brasileiro, de modo geral, é bem orientado e tem vontade de parar de fumar, mas, geralmente, ele “nunca” está no “momento” ideal para dar esse primeiro passo de uma longa caminhada para superar o vício. É fato que o trajeto a ser percorrido não é nada fácil e podem ocorrer recaídas, mas parar não é impossível e devolve à pessoa a liberdade perdida. O fumante tem uma série de limitações e todo mundo quer ser livre. Então, parar de fumar é reconquistar a liberdade. Assim sendo, a luz dessa pandemia sem precedentes, os fumantes devem tentar deixar esse vício para aumentar a sua qualidade e a expectativa de vida. Buscar apoio é fundamental, mesmo que virtualmente seja de parentes ou amigos. Ah, também é possível ter apoio emocional em plataformas virtuais e gratuitas com especialistas como psicólogos, cardiologistas, nutricionistas, psiquiatras cuja eficácia é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Em tempos de isolamento e distanciamento físico, pode ser um pouquinho mais complicado conseguir esse apoio, mas o computador e o celular estão aí para isso. Aproveitando a deixa, estou à disposição para ajudá-lo.


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.





 
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