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11/04/2020 às 08h30min - Atualizada em 11/04/2020 às 08h30min

MÃÃÃÃÃEEEEEEE!!!!

IARA BERNARDES

Eu estou cansada! Sim! Estou exausta: limpa casa, lava banheiro, lava louça, faz comida, lava louça, aparta brigas, lida com birras, respira, não pira, lava louça de novo, pano no chão, novas pequenas pegadas no chão que estava limpo há 3 minutos, um filho chora, o outro o acusa de puxão de cabelo, a outra que não tem nada a ver com o assunto toma partido do irmão favorito, vem mais choro e quando olho para a cozinha, parece que as louças pularam do escorredor para dentro da pia. Mais uma vez a gente respira, pensa que estressar não adianta, porque afinal, não resolve nada mesmo. Enquanto isso ainda precisamos programar as atividades escolares que parecem infinitas e dar atenção individual para cada filho.

Pronto! Desabafo feito, vamos pensar na melhor maneira de lidar com a situação. Primeira coisa é respirar. A respiração lenta e profunda controla a liberação de cortisol, hormônio ligado ao estresse e, o melhor é que te ajuda a ganhar tempo para pensar na solução do problema, e claro: não surtar. Segunda coisa é não gritar. É uma tendência materna recorrer ao grito tentado fazer com que as coisas funcionem, seja no auxílio das tarefas diárias, ou mesmo separar os irmãos, que vira e mexe estão se atracando por causa de um brinquedo. Porém, o grito demanda uma energia muito grande. Repare que quando você grita, se sente cansado com mais facilidade e esse comportamento constante esgota seu sistema emocional, diretamente ligado à sua imunidade, ou seja, as chances de você desenvolver doenças físicas e mentais aumenta consideravelmente. Sem contar que ninguém merece conviver com alguém que grita o tempo inteiro!

Sei que respirar, controlar os gritos, pensar antes de falar não é fácil, principalmente quando estamos vivendo sob pressão, medo e instabilidade, como atualmente. Entretanto, fazer esse exercício traz benefícios emocionais permanentes para você e sua família a curto e médio prazo. Isto é, não é uma mudança de comportamento que demora a ser notada e a causar impacto na conduta de quem o cerca, pois, logo que passamos a controlar nossos ânimos, magicamente, as pessoas ao redor tendem a melhorar também, afinal, é o que eu sempre digo: o que muda estar ou não estressada na maternidade é a maneira como escolhemos agir. Escolha, pelo seu próprio bem, a se controlar no momento de raiva e ansiedade.

Além de todas as tarefas diárias que estamos cientes que devemos fazer, com o isolamento social ainda fomos forçados a desenvolver outro papel fundamental na formação dos nossos filhos: a de professor. Pai eterno! Quantas atividades chegam semanalmente no nosso e-mail ou nos aplicativos escolares! Como ensinar português, matemática, geografia, história e todo o programa curricular para o meu filho? Algumas escolas têm aulas on-line, porém outras apenas mandam as atividades e os pais que se virem. Por isso, vou contar a minha experiência e o que tem dado certo, porque, por mais que seja professora, não sou especialista em educação domiciliar, principalmente com crianças em idades diferentes, solicitando comida, água, brincadeiras e atenção.

Antes de falar propriamente o que deu certo, vou falar do meu contexto para que vocês possam adequar de acordo com a realidade de cada família. Aqui somos cinco moradores: Marcelo, meu esposo, corretor de seguros, imóveis e advogado, já trabalhava em regime home office parte do dia, enquanto as crianças estão na escola. Eu, professora, trabalho em unidade escolar no período da manhã e destino parte da tarde para as atividades curriculares e extracurriculares das meninas, enquanto Benjamin está na escola. A Maria Luísa tem 7 anos e estuda no segundo ano do Fundamental, já está alfabetizada em português e complemento a educação dela com material extra em casa. Isadora tem 5 anos e ainda não aprendeu a ler e escrever e o Benjamin, com 3 anos fica na escola pública em período integral.

Quando as aulas foram suspensas separava cerca de uma hora e meia por dia para fazer as atividades com as duas mais velhas, enquanto o menor brincava próximo a nós. Inicialmente deu muito certo, mas à medida que o tempo em casa foi sendo estendido, o tédio começou a tomar conta do menor que solicitava demais a nossa atenção. Desse modo, a partir dessa semana resolvi destinar momentos separados para cada filha na realização das atividades curriculares, logo, o menor sempre tem companhia para brincar enquanto a outra faz as tarefas enviadas pela escola. No momento tem dado certo e as coisas estão fluindo com mais tranquilidade, mas se preciso for, vamos nos adequando para que a rotina seja mais calma. Pode parecer engraçado, porém, em meio a essa reviravolta toda, algo bom vem à minha mente em um pensamento esperançoso e um pouco sórdido: agora os pais vão dar valor aos professores de seus filhos.

Brincadeiras – com um fundo de verdade – à parte, espero que, assim como nós estamos conseguindo, mesmo que com um pouco a mais de cansaço, adaptar a rotina familiar, vocês também consigam, para que esse momento seja de ainda mais aprendizado. Sendo assim, me coloco à disposição para auxiliar meus leitores, amigos e curiosos nesse momento. Se quiser conversar, desabafar, pedir orientação em qualquer aspecto, sinta-se à vontade para me chamar no direct do Instagram @maternidadenostress. Agora é hora de voltar para o homeschooling.
 
Abraços!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.















 

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