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22/03/2020 às 08h30min - Atualizada em 22/03/2020 às 08h30min

Quanto tempo o COVID-19 fica no ar e nas superfícies?

ANGELA SENA PRIULI

Os dias atuais estão cheios de medos, dúvidas e qualquer novidade sobre quem nos amedronta é um ponto positivo para desmascará-lo. Na última terça, 17 de março, foi publicado que o coronavírus 2019 (COVID-19) é estável por várias horas a dias em aerossóis e superfícies. Os cientistas descobriram que o coronavírus 2 (COVID-19), agente causador da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), foi detectável em aerossóis (como partículas líquidas de um espirro ou tosse no ar) por até três horas, até vinte e quatro horas em cobre e papelão e até dois a três dias em plástico e aço inoxidável.

Os resultados fornecem informações importantes sobre a estabilidade do SARS-CoV-2, que causa a doença de COVID-19, e sugerem que as pessoas podem adquirir o vírus pelo ar (após 3 horas que alguém infectado tenha expelido suas partículas pelo ar) e depois de tocar em objetos contaminados. Talvez você já tenha ouvido alguma informação semelhante sobre outros vírus, mas os dados oficiais foram comprovados só agora. O estudo no NIH (do inglês, Instituto Nacional de Saúde, dos EUA) tentou imitar o vírus sendo depositado de uma pessoa infectada em superfícies cotidianas em um ambiente doméstico ou hospitalar, como tossir ou tocar objetos. Os cientistas então investigaram quanto tempo o vírus permaneceu infeccioso nessas superfícies.

Os cientistas do NIH compararam como o ambiente afeta o SARS-CoV-2 e o SARS-CoV-1 ("primo" do COVID-19), que causa o SARS. O SARS-CoV-1 é o coronavírus humano mais intimamente relacionado ao SARS-CoV-2 e, assim como seu sucessor agora circulante pelo mundo, emergiu da China e infectou mais de 8.000 pessoas em 2002 e 2003. O SARS-CoV-1 foi erradicado por medidas intensivas de rastreamento de contatos e isolamento de casos, e nenhum caso foi detectado desde 2004. No estudo de estabilidade em superfícies, os dois vírus se comportaram de maneira semelhante, o que infelizmente não explica por que o COVID-19 se tornou um surto muito maior.

Os cientistas destacaram observações adicionais de seu estudo: Se a viabilidade dos dois coronavírus é semelhante, por que o COVID-19 está resultando em mais casos? Evidências emergentes sugerem que pessoas infectadas com COVID-19 podem estar transmitindo vírus antes de reconhecer sintomas. Além disso, ao contrário do SARS-CoV-1, a maioria dos casos secundários de transmissão de vírus do COVID-19 parece estar ocorrendo em contextos comunitários, e não em hospitais, por exemplo. No entanto, locais de tratamento de saúde também são vulneráveis à introdução e propagação do COVID-19, e a estabilidade dele em aerossóis e superfícies provavelmente contribui para a transmissão do vírus em ambientes de saúde.

Diante dessas confirmações científicas, vamos repetir insistentemente o óbvio então: sigamos a orientação dos profissionais de saúde pública a usar precauções semelhantes às da influenza e outros vírus respiratórios para impedir a disseminação da COVID-19 (SARS-CoV-2):

 

  • Evite contato próximo com pessoas doentes.

  • Evite tocar seus olhos, nariz e boca.

  • Fique em casa quando estiver doente.

  • Cubra sua tosse ou espirre com um lenço de papel e jogue o lixo no lixo.

  • Limpe e desinfete os objetos e superfícies tocados com frequência, usando um spray ou pano de limpeza doméstico comum.


Apesar dos pesares, sigo otimista, visto que a China alcançou o sonhado "achatamento" da curva. Façamos nosso máximo como nação: um por todos, todos por um! E vamos acompanhar sem pânico as cenas dos próximos capítulos, seguindo à risca as orientações que nos forem passadas.
 
Fonte: van Doremalen et al. Aerosol and Surface Stability of SARS-CoV-2 as Compared with SARS-CoV-1. New England Journal of Medicine, 2020.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
















 

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