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14/03/2020 às 08h00min - Atualizada em 14/03/2020 às 08h00min

Coronavírus COVID-19: o pânico se justifica?

LUCAS O'CONNEL

Nos últimos 2 meses, os noticiários do mundo todo vêm alarmando a população em relação ao perigo potencial da infecção respiratória causada novo coronavírus COVID-19. Desde o início da epidemia, inúmeras informações sobre os riscos individuais e coletivos têm sido confusas e desencontradas. Tudo isso trouxe, inicialmente, enorme desconforto e pânico às populações do mundo todo. Num segundo momento, a divulgação da baixa taxa de letalidade atribuída ao COVID-19 (3-4%) trouxe uma sensação de alívio e, com isso, a impressão de que a preocupação com a nova gripe fosse exagerada. Assim, muitos especialistas passaram a não ver mais motivos para tamanha preocupação com a eventual disseminação do novo vírus. Mas afinal, se a mortalidade é baixa da doença é baixa e a maioria dos indivíduos (80%) apresenta um quadro semelhante a uma gripe comum, por que o alarde da imprensa e a preocupação crescente das autoridades? Ainda: Vamos realmente enfrentar uma epidemia da nova gripe ou fatores locais e climáticos nos protegerão da eminente epidemia? Há real motivo para pânico ou estão certos aqueles que defendem a serenidade, uma vez que estaremos enfrentando simplesmente uma infecção semelhante a uma gripe comum?!

A Organização Mundial de Saúde relutou em declarar o surto do novo COVID-19 como uma pandemia, mas a rápida progressão da doença respiratória verificada nas últimas semanas culminou no reconhecimento da preocupação global nos últimos dias. O grande número de casos suspeitos em nosso país (mais de 1.000 atualmente) nos faz acreditar que também teremos uma epidemia no país. Portanto, devemos sim nos preparar para a chegada do novo vírus por aqui nas próximas semanas...

Apesar disso, não existe motivo para pânico a nível individual! A maioria da população, especialmente os menores de 60 anos e os não portadores de doenças pré-existentes (mais de 80% dos pacientes vulneráveis), ao entrarem em contato com o vírus, desenvolverão um quadro gripal comum. Os sintomas, quando presentes, costumam melhorar espontaneamente após 5 a 7 dias. Entretanto, apesar da baixa letalidade e baixo risco de desenvolvimento de doença grave para a grande maioria das pessoas, inúmeros fatores justificam sim a grande preocupação das autoridades governamentais e da sociedade em manter um estado de alerta máximo para tentar evitar a progressão do novo vírus.

Primeiro: a infecção pelo COVID-19 é mais grave que a de uma gripe comum, especialmente entre os mais velhos. Segundo: como não temos defesa contra o vírus, se as medidas adequadas de contenção não forem tomadas ou obedecidas, uma boa parcela da população pode adoecer de uma vez só. Assim, se confirmados as taxas mundiais (aonde 20% dos doentes ficam clinicamente graves e necessitam de internação hospitalar), quanto mais gente infectada, maior a chance de muitos pacientes precisarem de leitos hospitalares ao mesmo tempo. Se isto acontecer, teremos sérios problemas relacionados à capacidade dos sistemas público e privado de saúde em manter o atendimento adequado à população...

Infelizmente, nosso sistema público de saúde já trabalha acima de seu limite. Já não há vagas para todos os pacientes que precisam de leitos de internação, em especial, de leitos de terapia intensiva (UTIs)... Imagine se acrescentarmos, de uma só vez, algumas centenas de pacientes a mais necessitando internação hospitalar por comprometimento respiratório importante. Poderia faltar vagas não só para atender os pacientes mais gravemente acometidos pela gripe, mas também piorar a já crítica espera pelo atendimento a diversos outros tipos de patologias agudas e graves. A depender do número de doentes acometidos simultaneamente, a situação pode ficar crítica também dentro do sistema privado de saúde...

Ainda, como os médicos que atendem dentro dos Pronto Socorros são muito susceptíveis à infecção pelo novo vírus, se uma boa parcela de agentes de saúde se contaminar ao mesmo tempo, a falta de assistência adequada à população pode se agravar ainda mais!

Desta forma, apesar de não haver motivos para pânico individual entre jovens, há motivos de sobra para mantermos um elevadíssimo grau de alerta enquanto sociedade para tentarmos dificultar ao máximo a disseminação do novo vírus entre nós, especialmente entre os mais velhos e já doentes. Para isso, toda informação de qualidade é e será sempre muito importante e bem-vinda.

Na nossa próxima coluna, em quinze dias, traremos mais discussões sobre temas importantes relacionados à aquisição e manutenção de uma saúde mais plena! Saúde plena de corpo e de alma!

Até breve!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


















 

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