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22/02/2020 às 09h00min - Atualizada em 22/02/2020 às 09h00min

A ciência diz: não há um nível seguro de consumo de álcool

ANGELA SENA PRIULI

Em pleno sábado de carnaval, preciso te dar essa informação... mesmo que não faça diferença nos próximos dias! O que importa é compartilhar seu conhecimento com sua turma, bloquinho, vizinhos, família, combinado? Em 2016, quase 3 milhões de mortes em todo o mundo foram atribuídas ao uso de álcool, incluindo 12% do total mundial das mortes em homens entre 15 e 49 anos. É assustador e pode ser resultado de nossas escolhas.

"Os riscos à saúde associados ao álcool são enormes", disse a Dra. Emmanuela Gakidou, do Instituto de Avaliação e Métricas da Saúde, da Universidade de Washington, e a principal autora do estudo que revelou tais estatísticas em 2018 na revista The Lancet. As descobertas são consistentes com outras pesquisas recentes, que encontraram correlações claras e convincentes entre bebida e morte prematura, câncer e problemas cardiovasculares. Logo, a conclusão é que o consumo zero de álcool minimiza o risco geral de perda de saúde.

O estudo não faz distinção entre cerveja, vinho e licor. No entanto, os pesquisadores usaram dados sobre todas as mortes relacionadas ao álcool em geral e sobre os resultados de saúde relacionados para determinar suas conclusões. Os padrões de uso de álcool variam amplamente de acordo com o país e o sexo, o consumo médio por consumidor e a carga atribuída à doença. Globalmente, mais de 2 bilhões de pessoas ingeriam álcool no momento do estudo e 63% eram do sexo masculino.

Vejamos a situação em números para facilitar: "Consumo médio" refere-se a uma bebida padrão, definida no estudo como 10 gramas de álcool puro, consumido por uma pessoa diariamente, aproximadamente equivalente a:

  • Um copo pequeno de vinho tinto (100 ml) com álcool a 13% em volume;

  • Uma lata ou garrafa de cerveja (375 ml) com 3,5% de álcool em volume;

  • Uma dose de uísque ou outras bebidas destiladas (30 ml) com 40% de álcool em volume.

Com base nisso, este estudo utilizou 694 fontes de dados sobre o consumo médio de álcool em nível individual e populacional, juntamente com 592 estudos prospectivos e retrospectivos sobre o risco do uso de álcool. Mais de 500 colaboradores, como pesquisadores, acadêmicos e outros de mais de 40 países, contribuíram para o estudo, de acordo com Max Griswold, pesquisador sênior e principal autor. Com a maior base de evidências coletadas até o momento, o estudo torna clara a relação entre saúde e álcool - beber causa uma perda substancial de saúde, de inúmeras maneiras, em todo o mundo, disse Griswold.

Em 2016, oito dos dez principais países com menores taxas de mortalidade atribuíveis ao uso de álcool entre as pessoas de 15 a 49 anos estavam no Oriente Médio: Kuwait, Irã, Palestina, Líbia, Arábia Saudita, Iêmen, Jordânia e Síria. Os outros dois eram Maldivas e Cingapura. Por outro lado, sete dos 10 principais países com maiores taxas de mortalidade estavam nas regiões do Báltico, Leste Europeu ou Ásia Central, especificamente Rússia, Ucrânia, Lituânia, Bielorrússia, Mongólia, Letônia e Cazaquistão. Os outros três foram Lesoto, Burundi e República Centro-Africana. As autoridades de saúde desses países, disse Gakidou, deveriam examinar as descobertas do estudo para informar em suas políticas e programas para melhorar a saúde e o bem-estar de sua população.

No Brasil, o estudo mostrou que uma porcentagem entre 40-60% das mulheres ingerem álcool com frequência, em média de 1 a 2 doses do "consumo médio"; enquanto que entre 60-80% dos homens brasileiros consomem de 2 a 3 doses. Não estamos entre os 10 piores, mas estamos correndo mais riscos de desenvolver doenças crônicas.

Atenção: o mito de que uma ou duas bebidas por dia são boas para você é apenas isso - um mito. Este estudo destrói esse mito.
 
Fonte:
GBD 2016 Alcohol Collaborators. Alcohol use and burden for 195 countries and territories, 1990–2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. The Lancet, 2018.


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.












 

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