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18/01/2020 às 08h00min - Atualizada em 18/01/2020 às 08h00min

Sentir dor não é normal, ainda mais durante a relação sexual

TÚLIO MENDHES

A dor durante a relação sexual é conhecida como dispareunia. E acredite, ela é mais comum do que se imagina. Ela dificulta não só a relação sexual, mas compromete a rotina da mulher porque impede qualquer tipo de penetração, inclusive na hora de fazer exames ginecológicos. A dispareunia pode ser classificada em dois tipos. A primeira é a SUPERFICIAL, que é quando ocorre em torno da abertura da vagina, normalmente no momento da penetração. Algumas possíveis causas são: infecções genitais como herpes e candidíase ou o vaginismo, que é quando a musculatura pélvica se contrai involuntariamente, inviabilizando a penetração, tornando a sensibilidade aumentada na área vaginal.

O outro tipo de dispareunia é a PROFUNDA, que é quando a dor é sentida dentro da pelve, em geral durante o movimento peniano. Essa classificação profunda pode ser sinal de endometriose, que geralmente costuma ser uma das principais e grandes responsáveis pela dor durante a relação sexual por conta do quadro inflamatório que provoca na pelve. Outra possibilidade da existência de dor durante o sexo pode estar relacionada com cistos no ovário e cicatrizes na região pélvica provindas de alguma infecção, cirurgia ou radioterapia.

É mais que recomendável procurar ajuda especializada quando surgir o primeiro sinal de dor. Geralmente, o ginecologista irá solicitar exames como papanicolau, ultrassom e exames de urina para se certificar de que o desconforto não é sinal de alguns problemas comuns. Durante o exame ginecológico, o médico pode fazer um teste rápido para identificar se a mulher sofre de dor provocada, isto é, causada por algum agente externo, como absorvente interno, coletor menstrual ou a própria penetração. O teste é simples e consiste em pressionar a área sensível com um cotonete.

Enfim, o mais importante é descobrir a origem da dor e atuar nela. Em ambos os casos, as características da dor são as mesmas e se manifestam em forma de ardência ou como uma cólica muito forte. Por isso, é importante que a mulher fique atenta à possibilidade de esse sintoma ter relação com a chegada da menopausa; geralmente é nessa fase que pode haver ressecamento vaginal por conta da diminuição do nível de estrogênio. Sobre isso, memorize uma dica simples para aumentar lubrificação vaginal: utilize lubrificantes próprios para uso íntimo e invista mais tempo nas preliminares.

Apesar da dica, não posso deixar de reforçar a importância de buscar acompanhamento o quanto antes, pois conviver com dor durante o sexo tende a provocar sentimentos de frustração e baixa autoestima, além de comprometer a saúde do relacionamento. Lembrando que esses fatores fazem com que a mulher não se sinta relaxada, o que dificulta a lubrificação vaginal e, consequentemente, provoca dor e desconforto. Assim entra o caso de procurar o quanto antes a ajuda de um psicólogo ou terapeuta, pois esse tipo de acompanhamento envolvendo a saúde emocional pode ser longo.

Entretanto e não obstante, a dispareunia tem tratamento. A primeira coisa é fechar o diagnóstico, isso é fundamental para verificar se existe alguma doença por trás dessa dor. Com a certeza de que a dor é origem da dispareunia, o próximo passo é classificar as condutas para a solução do problema. Geralmente, o médico vai tentar combater a dor com antifúngicos ou antibióticos. Para as mulheres que têm  endometriose existem diferentes opções de tratamento clínico ou cirúrgico. Por outro lado, para as pacientes que apresentam casos de vaginismo, o indicado é sessões de fisioterapia pélvica. Nesses casos, é comum exercitar a predisposição de se ter algo dentro da vagina, iniciando com a introdução de objetos chamados dilatadores, o que é feito pela própria mulher. Uma vez que o incômodo tem como limiar questões emocionais, é necessário o acompanhamento com um psiquiatra, que poderá indicar sessões terapêuticas com o objetivo de sanar os traumas que provocam a dor.

Bom, por hoje é isso. Até o próximo sábado!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.













 

 
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