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31/08/2019 às 08h30min - Atualizada em 31/08/2019 às 08h30min

Alcoolismo é uma doença crônica

TÚLIO MENDHES

PARTE 2

Na ultima postagem falei sobre o alcoolismo como doença crônica, reforcei que alcoolismo não tem relação com o tipo e quantidade da substância ingerida pelo usuário, mas sim com a capacidade em controlar o consumo da droga. É um aflito diagnóstico com dimensões comportamentais e socioeconômicas, caracterizado pelo consumo compulsivo de álcool... Bom, quando questionamos a capacidade do usuário sobre o controle do consumo, levantamos outras questões como: O usuário consegue identificar que está dependente do álcool? Quais os tipos de alcoólatras? Existem tratamentos para o alcoolismo? Alcoolismo tem cura? Como ajudar um dependente do álcool?

Dificilmente a pessoa tem a noção de que o álcool passou a ser “necessidade”. Normalmente o usuário alimenta a ilusão de que pode parar quando quiser. Mesmo sofrendo uma pressão psicológica para parar de beber por parte das pessoas que o cercam. Pra ele, essa percepção é subjetiva, assim, nega veemente que está viciado. São três os tipos de alcoólatras: os leves, moderados e os graves. Os dois primeiros são mais perceptíveis, por exemplo, o alcoólatra leve ainda consegue notar que tem problemas e luta pra manter o controle, o moderado normalmente é aquele cidadão que prejudica sua vida profissional a ponto de perder o emprego, a vida social afastando as pessoas, entre outros, além de apresentar sintomas clínicos. O alcoólatra grave além de ter os prejuízos dos dois primeiros, ainda chega a convulsionar pelo excesso do álcool.

Assim como existem tratamentos para incontáveis diagnoses, também há para o alcoolismo. Terapias e medicamentos ajudam o alcoólatra a reestabelecer sua saúde física e psíquica. Por exemplo, aqui no Brasil temos o Alcoólicos Anônimos (A.A.) que pode ser descrito como um método de tratamento, no qual os membros ajudam-se mutuamente, compartilhando entre si uma enorme gama de experiências semelhantes sobre sofrimento e recuperação do alcoolismo. As reuniões são gratuitas e nelas seus membros trabalham única e exclusivamente a recuperação dos problemas relacionados à dependência do álcool. A instituição foi constituída em 1935. Estima-se que hoje existam aproximadamente 5.000 grupos no Brasil. Os membros do A.A. podem intervir para quando necessário facilitar a hospitalização do alcoólatra. Os membros dos escritórios locais do A.A. conhecem, geralmente, instituições que oferecem tratamento para alcoólicos, mas A.A. não é afiliada a essas instituições de forma alguma.

Além do A.A. existem algumas intervenções medicamentosas. Porém, os médicos apenas sugerem a administração dos medicamentos em alguns casos, quando tem confiança de que o paciente não vai fazer uso de álcool associado ao fármaco. Inclusive o paciente pode assinar um termo afirmando que conhece os riscos de associar a medicação ao álcool. Para o alívio de alguns sintomas pode-se administrar alguns ansiolíticos e antidepressivos.

Sobre o questionamento a respeito da cura para o alcoolismo, podemos afirmar que a cura está justamente em não consumir o álcool. Podemos contribuir para a evolução da cura sendo sutis, com alertas de forma respeitosa e menos invasiva, respeitando a pessoa no seu dia a dia. Por exemplo, mostrar as consequências da bebida na vida dela. Devemos refletir com a pessoa, fazendo-a perceber os prejuízos de forma gradual. Quando a pessoa percebe e aceita que precisa de tratamento, temos de levá-la na hora (a um centro de ajuda), pois ela pode ter o sintoma da ambivalência, em desejar e ao mesmo tempo não querer parar de beber.

Reforço o questionamento feito sábado passado: Qual a quantidade de horas propagadas alerta sobre os perigos do consumo de álcool, sobre a fatídica combinação Álcool X Direção etc? Meu caro leitor, temos que quebrar esse conceito de normalidade a propagação do consumo, temos de ser menos passivos à questão. Bom, esse tema rende muitos comentários, por isso para o próximo sábado trarei depoimentos de pessoas que convivem ou conviveram com um alcoólatra.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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