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29/06/2019 às 08h00min - Atualizada em 29/06/2019 às 08h00min

Pólipos Intestinais: mais comuns do que se pensa

TÚLIO MENDHES

 

Quem nunca sentiu desconforto abdominal como dores, importantes alterações no funcionamento do intestino, excreção de muco ou sangramento ao evacuar? Pois é! Se o brasileiro é especializado em algo, com certeza é em ignorar sintomas importantes que tardiamente investigados desenvolvem sérias complicações, sem contar o hábito horroroso de se automedicar. Quando o tema é intestino, as pessoas sempre têm uma receitinha ensinada pela tia-avó do avô da bisa. Mas o assunto é sério, muito sério. Como especificado no título, vamos falar sobre pólipos intestinais, uma das condições mais comuns que afeta o intestino, ocorrendo em 15% a 20% da população.

Mas o que são esses tais pólipos? Bom, é uma alteração causada pelo crescimento anormal da mucosa do intestino grosso (cólon e reto), que se assemelha a um cogumelo, podendo aparecer em qualquer parte do intestino grosso. Inicialmente, são benignos, podendo crescer até sofrerem transformação maligna. Por isso é muito importante a remoção dos pólipos, com a principal finalidade de prevenção contra o câncer. Esses pólipos surgem como mutações de algumas células da mucosa, modificando seu comportamento. O surgimento pode ser ao longo da vida. Contudo, estudos concluíram que a idade de maior risco para o surgimento dessas mutações se inicia após os 50 anos. Por outro lado, pode ser hereditário, o que ressalta a importância de se pesquisar a história familiar ao analisar o risco de ter a doença. Outros fatores de risco que demandam atenção para o surgimento desses pólipos são as condições inflamatórias do intestino, por exemplo, colite ulcerativa e doença de Crohn, a obesidade, o sedentarismo, o histórico familiar de pólipos colorretais ou câncer de cólon, o uso de tabaco e álcool, o descontrole da Diabetes tipo 2, etc.

Um fato é que na maioria das vezes esse surgimento não apresenta sintomas. A pesquisa de sangue oculto nas fezes pode ser útil mostrando a necessidade da realização de exames completos, como a colonoscopia ou outros exames endoscópicos como a retossigmoidoscopia rígida e a retossigmoidoscopia flexível. A retossigmoidoscopia rígida permite a avaliação de aproximadamente 20 cm finais do intestino, enquanto a retossigmoidoscopia flexível permite o exame de 30 cm a 60 cm. A colonoscopia permite a avaliação de todo o intestino grosso. No exame radiológico chamado enema baritado é injetado um contraste por via retal que irá mostrar as paredes intestinais no exame de raios-X.

Os pólipos encontrados nos exames devem ser totalmente removidos e enviados para análise do médico patologista. A maioria dos pólipos pode ser removida através da colonoscopia, que produz imagens de excelente qualidade e tem grande variedade de acessórios destinados à remoção, proporcionando ao especialista condições de compreender a evolução e qual instrumento deve ser usado de acordo com as características do pólipo. Contudo, dependendo da localização de alguns pólipos, a remoção é feita através de cirurgia. Obviamente que ao realizar a colonoscopia existe sim a possibilidade de complicações potencialmente graves como hemorragia ou perfuração intestinal, exigindo também e imediatamente tratamento cirúrgico. Apesar de existir sim a possibilidade de complicações, sua baixa incidência não deixa dúvidas a respeito do benefício de se propor a colonoscopia e a polipectomia como proposta eficaz na prevenção do câncer de intestino.

Mesmo após a remoção de tais pólipos, apesar de não serem comum, eles podem reaparecer. Também é comum o surgimento de novos pólipos em locais diferentes, o que ocorre em cerca de 30% dos pacientes. Por esse motivo, é prioritário o acompanhamento pós-remoção. Algumas situações particulares caracterizam risco elevado para o câncer de intestino, ou seja, a investigação através do exame de colonoscopia precisa ter um intervalo de tempo abreviado, objetivando uma proteção mais adequada em cada situação. Fica a dica, cuide-se. Até mais!


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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