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23/11/2018 às 09h13min - Atualizada em 23/11/2018 às 09h13min

Ralar até que não é ruim...

CELSO MACHADO
Muitos de nós tivemos uma forte influência diante das dificuldades que passamos no início de nossas trajetórias de vida. De tudo que tivemos que “ralar”, para alcançar a posição em que hoje nos encontramos.

Os que não passaram por isso diretamente, conviveram com os pais que enfrentaram desafios e durezas ainda maiores. As gerações que vieram logo depois de nós, de uma forma ou outra tiveram contato com isso. Nem que seja por meio de narrativas dos pais e familiares conheceram e ouviram histórias de sacrifício e superação.

Claro que cada época tem suas peculiaridades e não faz muito sentido fazer comparações. Nem por isso penso que seja pecado fazer associações. Problemas sempre existiram e vão continuar existindo. É da vida. Enfrenta-los também. A questão é não fugir deles e absorver o aprendizado que nos propiciaram. Tenho plena convicção que isso marca e ensina muito mais do que os exemplos midiáticos e suas referências. Quem já levou um choque elétrico nunca vai esquecer disso quando for usar uma tomada ou fazer o reparo num aparelho.

Costumo brincar dizendo que o lado ruim de descansar é que só quem cansa pode sentir verdadeiramente essa sensação. A vitória pode até extasiar o torcedor que a presencia, mas isso é ficha pequena diante do que sentem os que lutam por ela e a conquistam no palco da disputa. Os que participam como atores, não como espectadores, como plateia.

Ganhar é sempre bom. Mas conquistar é muito mais motivador. Por maiores que tenham sido as dificuldades, por doloridas que tenham sido as lutas, o que elas nos transmitem não tem preço. São lições que vão estar sempre presentes em nossas vidas. Não passam, permanecem. Temos plena consciência disso, mas estamos sempre super protegendo nossas “crias” no intuito que não “passem pelo que passamos”.

O paradoxo é que ao agirmos assim,, por outro lado estamos impedindo que tenham acesso às mesmas fontes valiosas de aprendizado que a vida nos ensinou.
Não são raras as vezes que vemos jovens que sentem um vazio e falta de objetivo na vida, não porque lhes faltou carinho, mas por não terem “passado o que passamos”. Conhecem histórias mas não construíram histórias. Pode ser saudosismo, mas vai chegando uma idade em que gostamos de relembrar muitas coisas.
Das boas e até mesmo das que não foram nada boas. Porque elas, nos permitem olhar o passado e ver como chegamos onde estamos. Recordar com carinho até mesmo de tudo que tivemos que ralar para construir nossa jornada.

Boa semana a todos e só uma perguntinha: você sabe o que significa ralar no sentido figurado, não sabe?
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