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18/07/2018 às 12h03min - Atualizada em 18/07/2018 às 12h03min

Vacinar é preciso!

​Entoe esse mantra que é sim respaldado pela ciência

ANGELA SENA PRIULI | COLUNISTA

Há mais de dois séculos foi descoberto que o contato das pessoas com parte de um vírus ou bactéria morta causava uma resposta de defesa - conhecida como imunização - capaz de prevenir as doenças causadas por estes agentes infecciosos.
Pois é, desde então, milhares de cientistas trabalham muito em todo o mundo - e utilizando muitos recursos - para descobrir novas vacinas que nos salvem de dissabores e da morte prematura.
A lista das vacinas já disponíveis é enorme (consulte o site da Sociedade Brasileira de Imunização).
Bem, daí há todo esse avanço e um grupo de pessoas resolve, considerando fatos pontuais, que não irão se vacinar mais. As consequências estão chegando aos noticiários todos os dias e são bem piores que os argumentos dos "antivacinas".
Vamos tomar consciência de alguns dados para elaborarmos nossas opiniões e entendermos porque vacinar é um ato de cidadania:

Poliomielite
Doença infectocontagiosa viral aguda, também é conhecida como paralisia infantil. Apesar de ser considerada erradicada no Brasil, as baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de cinco anos, acenderam uma luz vermelha no país. Em reunião com representantes de estados e municípios, o Ministério da Saúde alertou que 312 municípios brasileiros estão com cobertura vacinal abaixo de 50% para a poliomielite.
Sarampo
No Brasil, essa doença infectocontagiosa viral foi considerada erradicada em 2016, pois não houve nenhum caso em todo o país. No entanto, entre janeiro e maio deste ano, foram registrados 995 casos de sarampo no país (sendo 611 no Amazonas e 384 em Roraima), incluindo duas mortes, segundo a OMS. E não só nos países em desenvolvimento que isso acontece! Na Europa, um estudo sueco mostrou que entre 37.365 casos notificados de sarampo entre 2013 - 2017, 81% de todos os casos notificados eram pacientes que não haviam sido vacinados. E o alerta fica para outros números alarmantes: 33% dos pacientes foram hospitalizados e 11% tiveram pneumonia.

Antivacinas: quem e por quê?
Um estudo norte-americano revelou que a maioria das pessoas antivacinas são de classe média e alta, são mães que têm recursos financeiros, educação e tempo para tomar decisões em relação às vacinas. Estas mães consentem apenas as vacinas que acreditam ser mais benéficas para os seus filhos. Quais são os critérios adotados por elas? Há uma série de crenças pelas quais esse grupo enxerga a vacina como vilã, como por exemplo, porque creem que: as vacinas contém substâncias nocivas; as vacinas causam autismo ou alergias; o sistema deve dar conta do recado; a indústria farmacêutica quer apenas lucrar com a venda delas.
Na verdade, esse grupo considera outros fatores protetores como a amamentação, a nutrição saudável e o monitoramento das interações sociais e viagens como alternativas à vacinação.
Um parênteses: um estudo com mais de 5 mil participantes mostrou que as mesmas pessoas que acreditam em diversas teorias da conspiração descabidas, também apresentam crenças antivacinação. Reflita!
Por outro lado, as mães de famílias de baixa renda, muitas vezes, não têm tempo para considerar as escolhas individuais em torno da vacinação. Se os seus filhos não estão com as vacinas em dia, é mais provável que seja devido à falta de acesso a cuidados médicos. Esta mesma falta de acesso aos cuidados de saúde torna as crianças pobres que estão subvacinadas potencialmente mais vulneráveis aos riscos para a saúde à medida que as taxas de doenças evitáveis pela vacinação continuam a aumentar.

Argumentos pró-vacinas
As vacinas estão entre as principais conquistas da humanidade.
- Graças a elas, conseguimos erradicar, por ex, a varíola, doença que vitimou milhões de pessoas ao longo da história e estamos próximos da erradicação da poliomielite em todo o mundo. Além das vidas preservadas, esses avanços podem ser traduzidos em redução de internações e diminuição do alto custo social consequente do adoecimento por doenças imunopreveníveis.
- Os efeitos deletérios associados ao uso de vacinas, quando presentes e comprovados cientificamente, ocorrem em uma frequência muito baixa e são inexpressivos quando comparados aos riscos relacionados à não vacinação.
- As vacinas não apenas protegem você, elas também ajudam outras pessoas a se manterem saudáveis em torno de você - especialmente pessoas idosas, jovens e pessoas que não podem se vacinar, como as que se submetem à quimioterapia. Isso é chamado de imunidade de rebanho e afeta a saúde de todos.

Saúde é tudo e é para todos! Vamos ser responsáveis!

Fontes:
1. European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases. "Measles serious threat for babies, toddlers, unvaccinated youths." ScienceDaily, 21 April 2018.
2. Matthew J. Hornsey, Emily A. Harris, Kelly S. Fielding. The Psychological Roots of Anti-Vaccination Attitudes: A 24-Nation Investigation.. Health Psychology, 2018.
3. J. A. Reich. Neoliberal Mothering and Vaccine Refusal: Imagined Gated Communities and the Privilege of Choice. Gender & Society, 2014
4. http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43797-ministerio-da-saude-alerta-para-baixas-coberturas-vacinais-para-polio
5. Aps et al. Adverse events of vaccines and the consequences of non-vaccination: a critical review. Rev. Saúde Pública, vol.52, 2018.
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