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11/04/2018 às 10h53min - Atualizada em 11/04/2018 às 10h53min

​O 'nós contra eles' não é bom para o Brasil

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA | COLUNISTA

É irônico pensarmos como a crise política no país tem surtido efeitos tão opostos daqueles que achávamos ser óbvios. Com os escândalos de corrupção que se espalham através dos três poderes da República, muito se falou sobre a população “acordar para a vida” e, finalmente, começar a cobrar de seus representantes políticos posturas mais transparentes, profissionais e, é claro, representativas.

De fato, em 2013, com o início da movimentação contra o aumento das passagens de ônibus em diversas capitais do país, a população finalmente parecia ter tomado consciência de sua força política, se apropriando das ruas como local de reivindicações e protestos. Mas, para nossa infelicidade, de lá para cá o sentimento de união se dissolveu: as ruas tornaram-se palco de manifestações partidárias e separatistas, e o desejo de mudança deu lugar ao ódio e à indignação coletiva.

Esse fenômeno divisional foi potencializado pelo boom da internet e, principalmente, das redes sociais, que facilitou a organização de espaços de discussão e debate e atuou como fator determinante na democratização do acesso à informação. Entretanto, essas ferramentas acabaram criando “bolhas” ideológicas, fortalecendo ainda mais a política de guerra do “nós contra eles”.

Vale ressaltar que a diversidade de pensamento não é algo prejudicial à sociedade. Pelo contrário: ao ponderarmos uma mesma situação ou problemática sob várias perspectivas, é possível localizarmos mais facilmente as falhas e pensarmos soluções mais práticas e assertivas para o bem comum. Mas isso só é possível por meio do diálogo, algo que tem sido cada vez mais inviabilizado pelo “nós contra eles”, uma postura que só transmite a intolerância e o ódio.

E é claro que, como tudo o que acontece na sociedade, esse fenômeno tem refletido em nosso aparato político e burocrático, resultando em guerras entre poderes, investigações partidárias, legislação em causas próprias, ataques entre figuras políticas, e etc. Mais uma vez, a preocupação pelo bem comum e pelo bem-estar da Nação tem dado lugar a interesses de grupos, e o maniqueísmo político tem demonstrado cada vez mais aspectos negativos e desinteressantes à sociedade.

Esses comportamentos limitam as capacidades dos agentes de transformação social (líderes políticos, de movimentos sociais, etc.) de receber e processar críticas, mas também de efetuar a autocrítica, desconstruindo e problematizando suas ações, pensamentos e posturas diante do cenário sociopolítico do país.

Precisamos, enquanto Nação, compreender que as práticas do divisionismo da sociedade só enfraquecem nossas forças e alimentam interesses de grupos políticos que tem como objetivo a aquisição de vantagens para si. Assim, escutamos cada vez menos uns aos outros, além dessa estratégia cínica de manipulação da informação, surte efeito positivo para os poderosos, lançando sementes de medo e ódio na população e jogando nosso país nas mãos de uma elite do atraso.

Muito se fala sobre a corrupção e da manipulação no meio político, mas é preciso entendermos que esse quadro negativo só pode ser mudado por meio de nossa participação na própria política.

Pensando estrategicamente, não é chegada a hora de nos unirmos em prol de uma reforma ampla do aparelho do Estado? Em ano eleitoral, a união pode fazer total diferença, culminando em mudanças sistêmicas e democráticas de nossas lideranças e, consequentemente, nos rumos que virão a ser tomados nos próximos quatro anos.

Em sua próxima discussão política, te convido a pensar estrategicamente e não se deixar levar pelo “nós contra eles”. Antes de partir para os ataques, lembre-se do velho e sábio dito popular: “Unidos venceremos, divididos cairemos”.
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