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04/04/2018 às 09h52min - Atualizada em 04/04/2018 às 09h52min

​Água, uma riqueza finita

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA | COLUNISTA

Comemoramos, anualmente, o Dia Mundial da Água, em 22 de março. Esta data foi firmada com o objetivo de alertar e conscientizar a população mundial sobre o papel que a água ocupa nos mais diversos ecossistemas ao redor do globo. A cada três anos, na semana desta data, é realizado o Fórum Mundial da Água, que sediou sua oitava edição em Brasília na última semana. Na ocasião, foram firmados acordos internacionais que fortalecem consciência sustentável e estimulam a colaboração entre governos na gestão dos recursos hídricos.

Desde o ano de 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o acesso à água limpa e potável como um dos direitos fundamentais da humanidade. Entretanto, mais de meio bilhão de pessoas ainda são impossibilitadas de desfrutarem deste direito básico para garantir a sobrevivência e o mínimo de dignidade – só no Brasil, cerca de 40 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de água potável. Em contrapartida, nosso país consome aproximadamente seis litros de água para cada um real de valor adicionado bruto gerado ao PIB, segundo números divulgados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade que mais consome, segundo a ONU, é a agropecuária (70%) – um dos setores-chave da economia brasileira.

Além desse contraste absurdo, é válido ressaltar os níveis de desperdício existentes em nosso país: dados apontam que mais de 36% da água potável do país é desperdiçada em vazamentos e desvios ilegais nos sistemas hidráulicos. Isso sem contarmos os inúmeros rios e lagos que sofrem com a poluição e a contaminação causados pela intervenção humana.

Não é preciso uma análise profunda sobre este cenário para concluir o óbvio: existem inúmeros equívocos tanto na distribuição quanto no aproveitamento deste importante recurso natural. A situação fica ainda mais grave quando paramos para pensar que menos de 3% de toda a água disponível no mundo é própria para consumo humano, ao contrário do que muitas pessoas, inclusive líderes e empresários de grandes nações, parecem pensar. E, desta diminuta porcentagem, mais de 80% se encontram congeladas nas calotas polares, o que reduz ainda mais nosso acesso e aumenta a importância dos recursos que estão disponíveis e dentro de nosso alcance.

O Brasil é, como cantam os carnavalescos, um país “abençoado por Deus”, e em nossos territórios abundam recursos hídricos: 12% da água doce no mundo se encontra em nosso país, que se consagra como a maior reserva hídrica do planeta. Nossas maiores reservas se encontram nos aquíferos do Alter do Chão e Guarani, localizados no Brasil e os maiores já registrados até hoje. Ainda assim, somos campeões no desperdício e boa parte de nossa população sofre com a seca e a falta de saneamento básico.

Pensando estrategicamente, é urgente a mudança de comportamento da sociedade em relação aos escassos – e finitos – recursos hídricos. A água é o elemento primordial para a existência de toda a vida na Terra. Nós só existimos graças a este presente da natureza, e estamos cada vez mais propensos a enfrentarmos um cenário caótico de escassez. Precisamos preservar essa riqueza, tendo em mente que além de tratarmos de uma substância essencial à vida e ao ecossistema, o Brasil tem nesse mineral um dos principais insumos na geração de riquezas que alimentam o nosso PIB.

Um futuro sem água representa um futuro de crise, miséria e morte – e, mais uma vez, pagaremos o preço pela nossa insensatez e insensibilidade perante a natureza.
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