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08/03/2018 às 09h26min - Atualizada em 08/03/2018 às 09h26min

A história do universo contada por elas

ANGELA SENA PRIULI | EMPRESÁRIA E BIÓLOGA*

Que rufem os tambores... nas profundezas dos oceanos1 (ou será que foi na superfície?) nascia o primeiro ser vivo do universo, o ancestral que deu origem ao que chamamos de vida. Discussões sobre como e onde à parte, te convido a navegar nessa sucinta linha do tempo do mundo.

A partir desse momento mágico da vida, uma mistura de vários ingredientes, diferentes climas e muitos milhares de anos depois, o planeta Terra foi presenteado com os famosos dinossauros. Haviam dinos para todos os gostos, os que andavam, os que voavam e até os gigantes que conseguiam nadar em águas geladas do norte2, que seriam os primeiros répteis aquáticos, assim como os crocodilos de hoje.

Caminhando um pouco mais no “feed” dessa “timeline”, o temperamento apimentado da natureza nos surpreendeu com aqueles que foram os principais ancestrais da nossa árvore genealógica: os primatas.

Ah, os primatas! Bichos de comportamento singular, que já expressavam um senso de organização familiar e respeito aos superiores do grupo, devido a sua capacidade avançada de aprendizagem e raciocínio3. Será? Mas são apenas macacos! Não, o termo apenas não rima em nada com tal perfeição. E quando tratamos de animais engenhosos como esses, nos perguntamos: como podem duas células, uma do pai e uma da mãe, gerar tal bicho pensante? Resposta na lata: o DNA (iniciais que todos já ouvimos falar e alguns de nós até já quisemos testar), uma molécula com cara de escada retorcida4, que é capaz de passar milhões de informações para as próximas gerações e gerar um novo integrante da família.

Seguindo galopante evolução, viemos nós - seres humanos - que para perfeitos ainda falta muito, mas podemos concordar que complexo é um adjetivo que nos cabe. Fomos nos encontrando mundo afora, migrando de lá para cá e vice-versa, tudo junto e misturado, e chegamos às cifras dos bilhões de pessoas. Sob o ponto de vista da “timeline do universo”, alcançamos tal feito bem rápido. No entanto, não podemos esquecer que tivemos e temos nossas barreiras, mas que vêm sendo quebradas graças aos avanços da ciência.

Uma dessas barreiras foi dificuldade de acesso à comida, que ainda sofremos, mas que já foi minimizada com descobertas importantes sobre a microbiologia dos solos e seu impacto na melhoria da produção de alimentos5. Olhando para a saúde, temos o fato de que países inteiros foram afetados pela AIDS, causada pelo vírus HIV descrito no século passado6, porém já desenvolvemos tratamentos e buscamos a vacina. Ainda temos milhões de pessoas morrendo de doenças crônicas, como o câncer, mas muitas delas também se curaram graças ao desenvolvimento de radioterapia7 e quimioterapia8.

E para não deixarmos a cibernética de lado, uma das maiores barreiras vencidas foi a distância. O surgimento dos computadores e algoritmos9 fez com que a comunicação nos transformasse em uma grande rede de movimentos e respostas velozes. Temos o controle de trilhões de dados em nossas mãos e já descrevemos até a “partícula de Deus” – o Boson de Higgs10, partícula responsável pelo pontapé inicial do passos pós-Big Bang.

Agora, você acha que tudo que escrevi acima é verdade? Cientificamente comprovados, mas não necessariamente na mesma ordem. Meu objetivo ao montar humildemente esse quebra-cabeça do universo era te contar que cada uma das descobertas citadas nessa história, e que hoje nos parecem óbvias, tem o dedo, as mãos e o cérebro de grandes mulheres da ciência.

Peças importantes da nossa criação foram desvendadas por mulheres cientistas que servirão como inspiração de postura, inteligência e persistência para muitas gerações de meninas e meninos. E para que elas sejam ainda mais reconhecidas, já que artigos na revista Nature e Prêmio Nobel não são notícias de redes sociais, aqui estão elas (vide referências numéricas no texto):

Madeline Weiss & Filipa Sousa – Alemanha (1), Mary Anning – Inglaterra (2), Jane Goodall – Inglaterra (3), Rosalind Franklin – Inglaterra (4), Johana Dobëreiner – Brasil (5), Françoise Barré-Sinoussi – França (6), Marie Curie - Varsóvia (7), Gertrude Elion – EUA (8), Ada Lovelace – Inglaterra (9) e Fabiola Gianotti – Itália (10).

Como uma mulher que deu passos nanométricos na ciência, deixo minha singela homenagem à todas as mulheres que dão seu melhor por si e para o mundo!
 
(*) Mestre em Ciências, Doutora em Genética, Pós-Dra em Imunologia
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