Bebê foi levada da ala de maternidade do hospital logo após o nascimento | Foto: Arquivo pessoalAs investigações da Polícia Civil apontam indícios de que Claudia Soares Alves, que sequestrou uma criança recém-nascida no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), agiu de forma premeditada. A médica neurologista segue presa em Itumbiara (GO).
Em entrevista ao Diário, o delegado responsável pelo caso, Carlos Fernandes, esclareceu que o juiz da audiência de custódia converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva. “Entendeu-se que ela deve continuar presa no curso do processo. Ainda não houve avanço acerca da competência para julgar este feito. Ou seja, não sabemos se o processo vai correr em Uberlândia ou Itumbiara”, afirmou.
O delegado também comentou sobre a alegação da defesa de que Claudia estaria grávida e teria agido sob um surto psicótico. A Polícia Civil acredita que a mulher planejou o crime. “Tudo que a defesa alegou, a questão do surto, não tem nada comprovado nos autos. Outro ponto é que, pelas circunstâncias e pelo que foi encontrado na residência dela, enxoval, carrinho de bebê, fraldas, imaginamos que foi planejada essa subtração”.
Quanto aos próximos passos da investigação, Fernandes disse que serão realizadas oitivas de responsáveis do HC-UFU, vigilantes e outros funcionários. Além disso, o oficial confirmou que o seguimento da investigação deve trazer mais respostas. “Teremos outras respostas que não temos no momento. Qual era a finalidade dela, se era ficar com a criança ou passar para outra família, aí teremos enquadramento legal mais correto", finalizou.
Por meio de nota, o advogado de defesa de Claudia Soares disse que vai demonstrar em juízo que a acusada é portadora de transtorno afetivo bipolar e no momento dos fatos se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir a natureza inadequada e/ou ilícita de suas atitudes.
FALHA DE SEGURANÇA
O procurador Cléber Eustáquio, do Ministério Público Federal (MPF), informou que um procedimento foi instaurado para investigar as medidas de segurança do Hospital de Clínicas. “Foi instaurado um procedimento preparatório civil distribuído dentro do MPF. A princípio, iremos ouvir o diretor do hospital, Dr. Marcos, e buscar o que foi feito e apurado no âmbito interno. A intenção é verificar o que fizeram, qual foi a falha que permitiu que isso acontecesse e as providências que vão adotar para não ocorrer mais”.
Eustáquio acrescentou que medidas iniciais foram adotadas para reforçar a segurança no hospital, mas ainda se aguarda uma definição das ações permanentes a serem implementadas.
“Eles já adotaram medidas para que não ocorra essa situação mais, mas não colocaram no papel o que realmente vão fazer. Sei que reforçaram a questão da segurança, mas devemos esperar o que efetivamente vai ser feito em caráter permanente, não só nesse momento singular”.
O caso continua sob investigação e novas informações serão divulgadas conforme o andamento do processo.
Nesta sexta-feira (26), o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia informou que mantém o compromisso de aprimoramento dos processos de trabalho, especialmente com os controles de acesso. Atualmente, a unidade hospitalar conta com mais de 200 câmeras de circuito interno, monitoramento 24 horas, 38 profissionais de segurança capacitados e rondas contínuas.
“Todos os profissionais, residentes, docentes e discentes possuem crachás de identificação, além de protocolos definidos para acesso ao hospital tanto para profissionais quanto para pacientes e visitantes. O HC informa que está reforçando as orientações referente aos fluxos de acesso, bem como investindo continuamente em melhorias estruturais e tecnológicas para garantir a segurança de todos e melhor atendimento da população”.
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