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23/06/2023 às 12h45min - Atualizada em 23/06/2023 às 12h45min

Plano para executar autoridades foi descoberto após apreensão de carta no Presídio Jacy de Assis, em Uberlândia

Influenciador Lohan Ramires, solto neste mês, é um dos envolvidos no esquema criminoso; entenda o caso

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Sete mandados de prisão e 12 de busca e apreensão foram cumpridos em Uberlândia e Goiânia (GO). I Foto: Polícia Civil/Divulgação

Deflagrada na manhã desta sexta-feira (23) pelo Ministério Público Estadual (MPE), a "Operação Erínias" cumpriu sete mandados de prisão e 12 de busca e apreensão em Uberlândia e Goiânia (GO). A ação, que contou com o apoio da Polícia Civil (PC), Polícia Militar (PM) e Polícia Penal (PP), foi possível graças à apreensão de uma carta no Presídio Jacy de Assis. O documento continha um plano para executar autoridades de segurança, incluindo um promotor de Justiça, um delegado, um investigador e um agente da PP.

Em coletiva de imprensa realizada na sede do MPE, no bairro Tibery, o diretor regional da 9ª Região da Polícia Penal, Marcos Vinícius de Oliveira Silva, contou que a carta havia sido apreendida há algum tempo, durante uma revista na unidade prisional de Uberlândia. O documento já foi encaminhado para a perícia da Polícia Civil, que dará continuidade às investigações.

Um dos envolvidos na elaboração do plano é o influenciador Lohan Ramires, preso durante a "Operação Má Influência" em maio de 2022. Ele foi condenado a 18 anos de prisão, mas foi solto no início deste mês, após um alvará concedido pela Justiça.


Outro envolvido no esquema é Leandro Diogo Naves, preso em outubro de 2021 durante a 'Operação Balada', força-tarefa desencadeada para desarticular uma organização criminosa especializada em tráfico de drogas, de armas de grosso calibre e lavagem de dinheiro. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), Leandro estava detido no Presídio Professor Jacy de Assis desde o dia 6 de outubro de 2021, sendo solto no último dia 2 de junho deste ano, após um alvará concedido pela Justiça.

Os demais presos são: Marlon Batista Nunes, Rafael Ardila Chaves, Marcelo Gonçalves Carvalho, Jonathan Rodrigues da Silva, Anderson Modesto Cunha, Vandeir Tavares da Silva de Lima e Hiago Margues Ruas. Veja detalhes sobre os acusados:

  • Anderson Modesto Cunha: é monitorado por tornozeleira eletrônica desde o dia 23 de maio de 2023;
  • Vandeir Tavares da Silva de Lima: permaneceu preso de 19 de agosto a 27 de setembro de 2021 na Penitenciária Agostinho de Oliveira Júnior, na zona rural de Unaí. Foi solto após um alvará expedido pela Justiça;
  • Hiago Marques Ruas: não possui passagens pelo sistema prisional mineiro;
  • Rafael Ardila Chaves: não possui passagens pelo sistema prisional;

O advogado que representa Anderson Modesto Cunha e Hiago Marques Ruas informou que os clientes estão cedendo a senha dos celulares para facilitar a investigação e que, após a oitiva e a perícia dos aparelhos, a defesa entrará com pedido de liberdade na Justiça. 

 

A defesa de Leandro Diego Naves disse, por meio de nota, que “Leandro não tem qualquer envolvimento com o fato criminoso levantado em seu desfavor. Já prestou esclarecimentos em sede policial e sua inocência restará provada no decurso das investigações”. 

 

Em relação à Lohan Ramires, os advogados informaram que ele também está cedendo a senha dos celulares para cooperar com a investigação, e que “não tem qualquer envolvimento com as acusações que lhe são feitas. Sem sombras de dúvidas restará provado isso também no decurso das investigações”. 

 

O Diário tenta contato com os demais envolvidos para obter posicionamento sobre as acusações.

De acordo com o diretor regional da 9ª Região da Polícia Penal,  Marcos Vinícius de Oliveira Silva, a força-tarefa defende a necessidade de separar os envolvidos em diferentes unidades prisionais da região. "Nós já estamos analisando a possibilidade de transferi-los e mantê-los incomunicáveis uns com os outros, com o intuito de garantir a segurança e preservar a integridade das investigações", disse.

CONTEÚDO DA CARTA
O promotor de Justiça Thiago Ferraz de Oliveira deu mais detalhes sobre o conteúdo da carta. Segundo ele, o documento expunha planos para adquirir armas, inclusive fuzis, além de veículos blindados que dariam suporte ao grupo criminoso responsável pela execução das autoridades. Conforme relatado por ele, todos os investigados da Operação Erínias já foram investigados ou acusados em operações deflagradas anteriormente.

"Houve uma junção de criminosos que se arquitetaram e montaram esse grupo criminoso no interior do presídio. A partir disso, eles arrecadariam um alto valor no intuito de praticar esses atentados. O emissário dessa carta apontava que tinha um patrimônio que ainda é ocultado. Ele inclusive menciona um jet ski e veículos de luxo. Esses veículos já foram identificados e apreendidos. A ordem era para vender os veículos para arrecadar mais dinheiro. O documento também apontava que eles já tinham uma rota de fuga. A princípio, o valor que seria arrecadado gira em torno de R$ 450 mil", falou o promotor.


Agora, a força-tarefa vai realizar as oitivas dos presos e tentar efetuar a prisão de três autores, que ainda não foram encontrados. "Vamos analisar as provas arrecadadas, confrontar com o material que já tínhamos. As oitivas vão ser feitas e em todos os processos desses investigados que já são acusados de outras operações, vamos fazer um pente-fino processual e reforçar o pedido de medidas cautelares", concluiu.

CUMPRIMENTO DE MANDADOS
O delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu de Brito Brandão, participou do cumprimento de mandados em Uberlândia no início da manhã. Segundo ele, foram sete pessoas presas, e vários celulares e notebooks apreendidos. Nenhum dos investigados mostrou resistência.

"Os equipamentos estarão sendo periciados para nós vermos a abrangência desta organização que nós estamos combatendo. É um combate contínuo que estamos fazendo na nossa região, essa integração das polícias com o Gaeco tem propiciado um combate sistêmico às organizações criminosas", disse o delegado.

*Texto atualizado às 18h15 para acréscimo de informações. 

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