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27/05/2022 às 10h01min - Atualizada em 27/05/2022 às 13h00min

Influenciador digital é preso durante operação policial em Uberlândia

Operação "Má Influência" investiga crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, falsidade ideológica e organização criminosa

SÍLVIO AZEVEDO I IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Lohan Ramires esbanjava "conquistas" através das redes sociais I Foto: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Um influenciador digital foi preso na manhã desta sexta (27), durante a operação "Má Influência", deflagrada pela Polícia Civil, em Uberlândia. Lohan Ramires, identificado como o principal alvo da ação policial, está envolvido, segundo as investigações, em crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, falsidade ideológica e organização criminosa. Ao todo, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 13 de prisão preventiva.

A força-tarefa foi desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e contou com o auxílio da Polícia Militar (PM), Ministério Público e Receita Estadual. A operação Má Influência tem como objetivo desarticular um grupo criminoso envolvido em tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, sonegação tributária, entre outros crimes apurados em inquéritos policiais, cujas investigações conjuntas ocorrem há mais de um ano.

Segundo as investigações, a associação criminosa ocultava e dissimulava a origem de propriedades e bens provenientes de infrações criminais utilizando pessoas físicas e jurídicas. O principal alvo da operação era o elemento de conexão entre os demais integrantes e exercia um suposto papel de influenciador digital nas redes sociais. Lohan Ramires possui mais de 500 mil seguidores no Instagram.

“O alvo principal é um influencer digital que goza de certo prestígio, de certa audiência em suas redes sociais e ele justifica os seu sucesso como uma graça de Deus, uma graça divina”, explicou o delegado da Polícia Civil, Marcos Tadeu.  

De acordo com a investigação, os suspeitos utilizavam diversas estratégias para lavar dinheiro, como aquisição de imóveis por meio de interpostas pessoas, usando de expedientes fraudulentos, compra e venda de veículos de luxo, mescla de valores provenientes de crimes com valores lícitos utilizados em empresas, recebimento de diversas quantias fracionadas em pequenos valores em contas correntes com consequente transferência para contas de pessoas jurídicas, entre outras condutas.

Um dos investigados da operação foi responsável por intermediar transações financeiras por meio de movimentações de valores em contas bancárias e conversão de valores provenientes da lavagem de dinheiro em bens de luxo. O suspeito utilizava contas bancárias pessoais para receber valores provenientes de infrações criminais e, em seguida, realizava transferências bancárias para intermediários e destinatários finais. Após dissimular a origem dos valores, este adquiria bens de luxo, como lanchas, veículos de luxo e joias, posteriormente vendidos e transferidos em um processo de reciclagem de ativos.


 
As investigações demonstraram ainda que um dos suspeitos adquiriu hormônio do crescimento humano, vulgarmente conhecido como “GH”, com a utilização de receitas falsas, preenchidas com dados fraudados de pessoas físicas. Foram identificadas provas de que o investigado comercializava tais hormônios do crescimento, além de outros anabolizantes que tem a venda controlada, conforme previsão da portaria SVS n° 344 da Anvisa.

“Essa pessoa está envolvida em lavagem de dinheiro, organizações criminosas, como também tráfico de anabolizantes e produtos controlados pela Anvisa, e falsidade ideológica, por comprar esses remédios, hormônios para crescimento, e utilizava indevidamente como esteroides”, disse o delegado.

No intuito de justificar a origem do dinheiro, os suspeitos realizavam transferências bancárias para contas correntes de empresas pertencentes a integrantes da família do alvo principal, além de outras pessoas físicas e jurídicas, as quais também são investigadas. Identificou-se que as empresas tinham nome fantasia em referência à família, mas eram constituídas em nome de terceiros, os quais também serão investigados.

“O ganho ilícito que ele tinha com o comércio clandestino, e servindo de lavagem de capitais de organizações criminosas, fazia a mescla. Pega o dinheiro ilícito e aplica junto com o dinheiro lícito para poder camuflar, dissimular a sua ação. Em razão disso, tivemos a apreensão de mais de R$ 120 mil em espécie, quatro veículos de luxo e as operações ainda continuam envolvendo, inclusive, a apreensão de diversos equipamentos eletrônicos, como celulares e computadores”, disse Marcos Tadeu.

VENDA DE CELULARES
Outra prática ilícita do principal suspeito é a comercialização clandestina de aparelhos celulares, sem recolhimento de impostos e sem fornecimento de notas fiscais aos consumidores, conduta realizada para reciclagem dos ativos obtidos em fases anteriores do processo de lavagem de dinheiro.


“Você tem uma vasta gama de atividades ilícitas e atividades que maquiavam a empreitada ilícita. Você tem desde o comércio ilícito de anabolizantes, que inclusive é considerado um entorpecente, de acordo com portaria específica da Anvisa, na falsificação de receitas, de notas fiscais e o comercio indevido desses produtos. Também há a questão da lavagem e capitais para organização criminosas”, afirmou Marcos Tadeu.

As análises de dados bancários do investigado e outras provas demonstraram movimentação incompatível com sua renda declarada, além de constatar que o alvo central da investigação recebeu parcelas do auxílio emergencial pago pelo Governo Federal destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, durante a pandemia de Covid-19.





Uma das características principais dos alvos da operação era garantir a aparência de uma vida honesta e rica em redes sociais, tentando justificar o sucesso de suas “conquistas” à intervenção divina, quando, na realidade, estavam inseridos em um intricado esquema de lavagem de dinheiro. Um dos alvos principais declara que é influenciador digital, ostentando em suas redes sociais a posse de bens que foram, supostamente, adquiridos com os produtos e proveitos de infrações criminais.

“É importante destacarmos que, nem tudo que se enxerga nas mídias sociais, dentro de uma publicidade de uma figura, que a população possa entender que nem tudo que você vê, de fato é. Muitas pessoas utilizam de influência digital para fazer lavagem de dinheiro, movimentações financeiras ilícitas, delitos, extorsões, fraudes, estelionatos”, reforçou o Capitão da Polícia Militar, Elias Rocha.

O militar reafirmou que todas as pessoas investigadas estão sendo presas na operação. “É importante que todos saibam que, dentro do processo investigativo da operação, todas as pessoas identificadas tendo contato direto, ou indireto, dos crimes envolvidos em fase de investigação, estão sendo presas, ser ouvidas, conduzidas ao presídio para fazer justiça diante de tudo aquilo que propusemos na operação quando no cumprimento e execução”.


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*Matéria atualizada às 12h455 para acréscimo de informações.

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