09/12/2022 às 10h40min - Atualizada em 09/12/2022 às 10h40min
Após suspensão de bolsas-salário, residentes da UFU paralisam atividades, em Uberlândia
Movimento tem adesão de profissionais que atuam no HC-UFU, Hospital Veterinário, Hospital Odontológico e no Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (Credesh)
REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Profissionais da Enfermagem, Serviço Social, Psicologia, Nutrição, Farmácia, Medicina Veterinária, Fisioterapia e Odontologia aderem ao movimento I Foto: DIVULGAÇÃO/SINTET-UFU Residentes do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), Hospital Veterinário, Hospital Odontológico e do Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (Credesh) iniciaram nesta sexta (9) uma paralisação das atividades. O movimento protesta contra o bloqueio de verbas da Universidade, anunciado pelo Governo Federal, que afeta o pagamento de bolsas-salário dos profissionais.
De acordo com comunicado emitido pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnico - Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (SintetUFU), a paralisação tem adesão de profissionais da residência multiprofissional da Enfermagem, Serviço Social, Psicologia, Nutrição, Farmácia, Medicina Veterinária, Fisioterapia e Odontologia. O representante do Sindicato confirmou que os pagamentos aos profissionais estão suspensos e que existe uma previsão de que a situação seja normalizada, mas somente na próxima semana.
O movimento se reuniu nesta quinta (8) para anunciar a interrupção dos trabalhos. “Durante a atividade, muitas/os residentes oriundas/os de outras cidades explicaram a dificuldade em se manter em Uberlândia sem o pagamento do salário, pago em forma de bolsa, mensalmente. São profissionais formados que tem carga horária de 60 horas por semana, sem previsão de receberem por seu trabalho”, informou o SintetUFU.
Procurado pelo Diário, o Colegiado Executivo do Hospital de Clínicas da UFU/Ebserh informou que não recebeu nenhuma notificação das coordenações das residências médica e multiprofissional da Faculdade de Medicina da UFU informando sobre a adesão dos residentes à paralisação. Mas, esclareceu que nenhum serviço do hospital foi afetado até o momento.
Também por meio de nota, o Hospital Odontológico (HO-UFU) confirmou que as bolsas não foram pagas aos residentes da unidade. Segundo o representante, o HO tem cerca de 13 profissionais, sendo nove da Cirurgia Bucomaxilofacial e quatro do Multiprofissional. Por enquanto, o serviço não foi afetado.
"O HO-UFU a se solidariza com as reivindicações dos Residentes que não receberam as bolsas. Muitos deles são de outros estados e a bolsa é o único meio de se manterem. Eles são importantes para a força de trabalho do HOUFU, porém temos que manter nosso serviço e cumprir nossos compromissos com a prestação de serviço de saúde bucal que temos com o SUS e com a população de Uberlândia. Vamos fazer ajustes para que o impacto seja o mínimo possível", informou.
BLOQUEIO DE VERBAS
Na última semana, o Ministério da Educação (MEC) bloqueou cerca de R$ 2,7 milhões do orçamento discricionário da UFU. O valor é vinculado às despesas de manutenção e funcionamento da universidade e incluem contas de energia, água, telefone, prestação de serviços de limpeza, jardinagem e segurança.
O contingenciamento subiu para R$ 3,5 milhões e acabou afetando outros contratos firmados, incluindo os auxílios estudantis, conforme mostrou o Diário esta semana. “Todo o financeiro desapareceu. Tudo que estava empenhado, de compromissos da universidade no mês de novembro. Deixamos de poder emitir ordem bancária para o pagamento ser efetivado, isso já com o valor de R$ 3,75 milhões”, explicou o reitor da UFU, Valder Steffen Júnior.
Em entrevista coletiva, a o reitor também confirmou que mais de dois mil estudantes bolsistas não iriam receber os auxílios estudantis do mês de dezembro devido ao corte de recursos. O pagamento dos residentes também poderia sofrer atrasos. “Pagamos em média R$ 400 de bolsas para cada estudante. É uma massa significativa de alunos que recebem auxílio-permanência, como bolsa transporte, moradia e alimentação. Em dezembro, eles já não receberão o benefício”, disse o pró-reitor reitor de Planejamento e Administração, Darizon Alves de Andrade.
Segundo estimativa da instituição, o valor em caixa para o pagamento de despesas estimadas em R$ 10 milhões era de apenas R$ 71. Os limites chegaram a ser restabelecidos no dia 30 de novembro, mas, no dia seguinte, quinta-feira (1º), todo o orçamento foi novamente bloqueado.
Segundo o reitor, as universidades e institutos federais vêm sofrendo com cortes e contingenciamento de recursos desde 2016 o que torna a situação mais difícil de ser administrada, provocando preocupação nos gestores. Ele reforçou também que os orçamentos não são corrigidos pela inflação, o que dificulta ainda mais.
“Chegamos em 2022 com um desafio extremamente grande pela frente. Durante os anos de pandemia, foi possível fazer ajustes pois as aulas eram remotas. Mas, com a retomada das atividades presenciais, não foi mais possível conter gastos, como o Restaurantes Universitários, postos e contratos de vigilância. Tudo com orçamento debilitado".
Valder lembrou ainda dos cortes anteriores realizados pelo MEC. Em junho deste ano, houve o bloqueio orçamentário de R$ 9,5 milhões. “No segundo semestre, nós projetamos um déficit orçamentário de R$ 13 milhões que ficaria para 2023, já dificultando o orçamento do próximo ano”.
O Diário procurou o Ministério da Educação para obter um posicionamento sobre o bloqueio das verbas e aguarda retorno. VEJA TAMBÉM: