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21/05/2021 às 16h00min - Atualizada em 21/05/2021 às 16h00min

Descarte irregular de máscara pode oferecer riscos sanitários e ambientais

“Existe a ideia de que o planeta tem uma lixeira fora dele”, afirma historiadora sobre a falta de preocupação da população com o lixo

NILSON BRAZ
Materiais descartados no meio ambiente podem facilitar contágio I Foto: Karol Mascarenhas
Mais de um ano de pandemia e não só o uso das máscaras se tornou um hábito como também o descarte delas. Muito tem se discutido sobre a reutilização das máscaras cirúrgicas, que são descartáveis, as conhecidas como PFF2, que são mais resistentes e mais recomendadas, mas também sobre qual o prazo de durabilidade e eficácia de uma máscara de pano. No fim de toda a discussão, uma coisa é certa, todas elas terão de ser descartadas em algum momento.
 
Com isso, outra situação que também se tornou corriqueira em tempos de pandemia é encontrar estes diversos tipos de máscaras dispensados de forma irregular. Jogadas no chão, ou mesmo no lixo, mas sem o cuidado e a proteção necessários.
 
Para a historiadora Aida Cruz, este comportamento está muito ligado ao mau hábito histórico da humanidade quando o assunto é a produção de lixo. “O descarte incorreto ou até irresponsável de alguns materiais se dá basicamente no comportamento propiciado pela educação da população. Existe a ideia de que o planeta tem uma lixeira fora dele. Não ensina ao ser humano essa responsabilidade do descarte correto ou até mesmo do não utilizar o que não se faz necessário”, pontuou.
 
E esse comportamento, em tempos de pandemia, não coloca em risco apenas a conservação ambiental, a limpeza urbana e a saúde pública de uma maneira genérica. As máscaras de proteção tem o objetivo de evitar a propagação e contaminação do vírus que provoca a covid-19. Descartar este material específico de forma deliberada provoca mais um agravante à saúde coletiva, já que é mais um meio de espalhar o coronavírus na população.
 
Para a historiadora a irresponsabilidade da pessoa em não se preocupar com a possível contaminação de outras pessoas ainda precisa evoluir muito. “O comportamento, o processo educativo de se entender o que é coletivo, público, se reflete muito no brasileiro. O brasileiro é muito solidário, alegre. Mas quando se fala no comportamento ético, coletivo, responsável, nós ainda somos neandertais”, afirmou Aida Cruz.
 
CUIDADOS
A médica infectologista Priscila Martins Brandão recomenda cuidados na hora de jogar uma máscara fora. Ela orienta que é ideal que a pessoa coloque a máscara que será descartada, seja ela de pano ou descartável, em um saco plástico ou de papel, feche bem e jogue no lixo comum. Dessa forma será criada uma dupla proteção, uma vez que além do saco do lixo, também terá a proteção oferecida pela embalagem extra na qual a máscara foi colocada.
 
A profissional de saúde afirmou ainda que é importante ressaltar que tanto as máscaras descartáveis, quanto as de pano não são recicláveis. Por isso o descarte ideal é no lixo comum.
 
Outros cuidados também são necessários na hora de retirar a máscara momentaneamente, como em ocasiões em que a pessoa vai a um bar ou restaurante e precisa retirar a proteção na hora de comer e beber. "O ideal é que se acondicione em um envelope de papel, em um saquinho plástico, ou até mesmo improvise um envelope de papel com o guardanapo e sempre que colocar ou tirar a máscara, além de lavar as mãos sempre que colocar ou tirar a proteção. Isso é importante para não contaminar o ambiente, mas também para não contaminar a máscara”, afirmou a médica.
 
Atento a todas estas recomendações, o servidor público Fernando Mariano Ferreira comenta que procurou saber qual a forma ideal de guardar, reutilizar e descartar as máscaras de proteção. “Eu fazia o descarte no lixo comum, mas nem sempre da forma correta, sem a proteção necessária. Agora eu sei que é necessário ter cuidado. Por exemplo, eu jogo no lixo do banheiro, já que é um lixo que fica dentro de um saquinho que a gente pega e coloca dentro de outro saco”, afirmou.
 
Preocupado em garantir a segurança contra a covid-19, mas também com a quantidade de lixo que poderia produzir, Fernando também buscou entender qual seria a melhor opção de máscara para utilizar no dia a dia. “Lembro quando saiu a recomendação de usar a máscara cirúrgica e de pano ao mesmo tempo. Mas depois li algumas pesquisas que diziam que as máscaras PFF2 filtram mais do que utilizando duas máscaras. E vai poluir menos, porque é só uma pra jogar fora depois”, disse o servidor.
 
REDE DE ESGOTO
A preocupação do servidor público é válida, principalmente porque este material jogado nas ruas e calçadas pode acabar entupindo bueiros e até mesmo seguindo pela rede de esgoto e causando estragos ainda maiores. O supervisor de gestão de resíduos do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) de Uberlândia, Arthur Rosa Públio, disse que não é comum encontrar as máscaras no sistema, mas que é importante que a população evite que isso aconteça.
 
“Tanto as máscaras, quanto o restante dos resíduos que são produzidos dentro de casa e que podem estar contaminados, no caso de alguém estar com a doença ou mesmo com a suspeita, é muito importante sempre colocar em duas sacolas. Evitando de colocar qualquer tipo de resíduo fora do lixo, na rua, ou na rede de esgoto”, afirmou Arthur.
 

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