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07/05/2021 às 11h32min - Atualizada em 07/05/2021 às 11h32min

Pandemia aumenta em 25% o fechamento de empresas em Uberlândia

Elevação foi registrada pela Receita Federal no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2019

FERNANDO NATÁLIO
Presidente da CDL disse que extinção deve ser ainda maior I Foto: Divulgação/CDL
Impulsionada pelos efeitos da segunda onda da covid-19, a extinção de empresas em Uberlândia no primeiro trimestre de 2021 aumentou 25,3% em relação ao mesmo período de 2019, antes da pandemia do coronavírus. Para empresários e dirigentes classistas, a elevação foi motivada, principalmente, pelo fechamento das atividades econômicas nos meses de fevereiro, março e abril de 2021, que atingiu em cheio o comércio local, determinado pelo município na tentativa de frear a disseminação do vírus e diminuir o colapso do sistema de saúde provocado pela doença.

Segundo dados da Receita Federal, de janeiro a março de 2019, foram formalizadas 1.591 baixas de empresas na cidade, enquanto em 2021, no mesmo intervalo de tempo, foram extintas 1.995 empresas no município. Em 2020, essa curva de aumento no total de fechamentos de empresas em Uberlândia já podia ser notada, já que no primeiro trimestre do ano passado 1.752 empresas fecharam as portas, uma alta de 10,1%.

Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia, Cícero Heraldo Novaes, esse número de extinção de empresas na cidade deve ser ainda maior, pois muitos empresários que enfrentam essa situação não dão baixa. “O empresário que passa por esse problema está, muitas vezes, sem dinheiro e sem cabeça para cuidar dessa parte burocrática, que de nada vai adiantar para ele. Nesses casos, ele já perdeu o negócio dele, então, o fechamento desta empresa vai ficar para depois. Então, esse número oficial não traduz a realidade, que é muito pior”, observou.

Para o dirigente classista, o varejo foi o segmento mais afetado no comércio de Uberlândia. “Fizemos um levantamento por amostragem que mostra que nessa área, lojas físicas, micro e pequenas empresas, as extinções podem ter chegado a 50%. No ramo de eventos esse percentual é ainda maior. Entre as empresa médias, a situação foi melhor e o percentual de atingidas deve ter ficado em torno de 10%. E entre as grandes, a o impacto foi menor, alcançando cerca de 2%. O grande problema foi entre as micro e pequenas empresas, que empregam muita gente”, completou.
 
DESEMPREGO
O fechamento de empresas tem levado ao desemprego em Uberlândia. No negócio comandado pelo empresário Cleomar Santos, 10 pessoas perderam seus postos de trabalho na cidade devido à crise provocada pela pandemia.

“Tive que demitir esses funcionários porque ficamos quase 60 dias fechados neste ano. Não estou conseguindo pagar as contas. Não é da minha índole, do meu caráter, fazer isso, mas não tenho como cumprir essas obrigações, não tenho receita para isso. Tenho a empresa desde 2001 em Uberlândia. Até a pandemia, nunca tive um cheque que havia voltado. Mas, ultimamente, venho acumulando negativações, protestos”, afirmou o empresário, que tem três lojas em Uberlândia que comercializam roupas multimarcas e uma unidade em Goiânia (GO), além de uma fábrica de calça jeans na capital goiana.

“Em Goiânia, fechei uma loja e, antes da pandemia, já tinha encerrado uma unidade em Uberlândia”, revelou o empreendedor, que ainda emprega 36 pessoas na cidade mineira.
 
ABERTURA DE EMPRESAS
Os dados da Receita Federal referentes ao primeiro trimestre de 2021 também mostram aumento na quantidade de abertura de empresas no município se comparado este período com o mesmo intervalo de tempo de 2019, antes da pandemia. Foram 4.179 empresas formalizadas nos três primeiros meses de 2019 e 5.729 no mesmo período de 2021, uma elevação de 37%.

Para o presidente da CDL Uberlândia, Cícero Novaes, essa alta não representa melhora na economia local, com mais empresas estruturadas e que empregam profissionais na cidade, mas, sim, a tendência de migração de empregados para o segmento de Microempreendedor Individual (MEIs). “O empregador não aguenta a carga de encargos trabalhistas, então ele passa a preferir contratar a prestação de serviço da MEI. Consequentemente, o funcionário deixa de ser empregado e passa a oferecer o serviço através da MEI. Tem muita abertura de MEIs nesses números de formalizações de empresas, por isso, esse aumento verificado.”

Além das pessoas que apostam nas MEIs, há os empresários que viram neste momento uma oportunidade para abrir seus negócios. Foi o caso do empreendedor Jovelino Ribeiro, que iniciou um empório gourmet em Uberlândia durante a pandemia, no qual oferece vinhos, champanhes, conhaques e cervejas, além de carnes nobres. 

“Sabíamos que as pessoas que gostam desses produtos não iam parar de consumi-los. Por isso, investimos nesta área. Tínhamos conhecimento que era um segmento que daria certo e a nossa escolha tem dado resultado. Além disso, fizemos tudo que foi necessário para nos adaptarmos às mudanças nas regras e leis e seguimos em frente. Alteramos horários, iniciamos vendas por aplicativos, enfim, fizemos o que precisou”, concluiu o proprietário do empório.
 


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