Fabíola Benfica Marra, Ereni Maria de Jesus e Cleusa Bernardes de Assunção, além de serem moradoras de Uberlândia, compartilham experiências de uma atividade em comum: cuidar do bem público e das áreas naturais da cidade. Há anos, elas realizam ações e mutirões para plantio de mudas que inspiram os filhos e a vizinhança.
Aos 63 anos, a servidora pública Cleusa Bernardes já plantou cerca de 40 árvores frutíferas na região do Parque Linear Córrego do Óleo, localizado no bairro Mansour. O que começou de forma espontânea há seis anos se tornou parte da rotina dela e do filho Fabrício.
“Na época, eu tive essa ideia de plantar árvores frutíferas, mas como moro em condomínio isso não era possível. Sendo assim, comecei a cultivar as sementes das frutas que eu comprava em torno do parque. Meu filho me ajuda em algumas tarefas e se tornou um hábito”, explicou.
A ação de Cleusa também inspirou outras pessoas que moram na região. Alguns vizinhos demonstraram interesse e agora ajudam com os cuidados das plantas e a limpeza do local para o crescimento das árvores. Quem passa por lá já consegue notar amoreiras, mangueiras, aceroleiras, entre outras.
TRANSFORMAÇÃO
A professora Fabíola Benfica Marra, de 42 anos, decidiu expandir sua plantação do quintal de casa para uma grande área desocupada no bairro Jardim Célia, que estava sendo utilizada para o descarte irregular de lixo. O trabalho começou há 10 anos e, hoje, o local já conta com diversas árvores frutíferas, além de ipês e palmeiras.
“Sempre tive esse apego à natureza e em todos os lugares que morei deixei um traço ecológico com o plantio de árvores. A situação desse lugar desocupado era muito triste então decidi expandir minha horta que tenho dentro de casa para esse espaço”, destacou.
Fabíola também conta com o apoio de outros moradores da região para realizar a manutenção do local e seguir cuidando das plantas. Além disso, ela recebe ajuda de outras pessoas que doam mudas.
“É uma tarefa constante. Às vezes as pessoas acham que é só ir lá plantar, mas existem muitas tarefas que devem ser feitas para que a árvore cresça de forma saudável, principalmente neste período de seca. É necessário sempre fazer a limpeza do local, a roçagem, além de aguar as plantas”, complementou a professora.
Fabíola restaurou e faz plantio em antiga área de descarte irregular de lixo | Foto: Arquivo pessoal
REDE DE SOLIDARIEDADE
Ereni Maria de Jesus, 55 anos, nasceu na fazenda e sempre foi cercada pela natureza. Com isso, ela decidiu aplicar os conhecimentos e incentivar o cultivo de árvores para recompor a mata do Córrego Mogi, que abrange os bairros Jardim Botânico e Jardim Inconfidência.
A geógrafa e agente dos Correios realiza a ação desde 2015 e ao longo dos anos conseguiu criar uma rede de solidariedade onde diversas pessoas participam do projeto. Atualmente, o grupo é chamado de Amigos do Córrego Mogi.
“Tudo começou quando me mudei para a região. Caminhava pelo Córrego e sempre via que a área de preservação estava muito degradada, sendo assim, pedi ajuda de uma vizinha para começarmos a fortalecer o local com o cultivo de novas plantas”, detalhou Ereni.
Somente no ano passado, o grupo de voluntários plantou mais de 40 árvores frutíferas no local. O grupo conseguiu cultivar mangueiras, abacateiros, gravioleiras e outras espécies arbóreas.
“Conseguimos fortalecer esse grupo a cada ano e cada membro oferece aquilo que está à sua disposição. Alguns doam mudas, outros ajudam no plantio e outros nos cuidados e manutenção. É conjunto de ações que faz o projeto ir longe”, frisou.
Cleusa recupera área com reflorestamento no entorno de córrego | Foto: Arquivo pessoal
APOIO
Mesmo com tantos esforços para recuperar as áreas preservadas da cidade, Cleusa, Ereni e Fabíola ainda enfrentam dificuldades para manter o cultivo das árvores. A falta de respeito da população com o meio ambiente é um dos principais problemas encontrados pelas voluntárias.
“As pessoas jogam lixos, ateiam fogo e muitos vezes até roubam as mudas que já foram plantadas. São muitas situações que impedem e atrasam o nosso objetivo de reflorestamento. É muito triste ver que muitos cidadãos não se importam com isso”, explicou a geógrafa, Ereni Maria de Jesus.
Devido à situação, as voluntárias seguem pedindo apoio e compreensão da população em relação às ações que revigoram em muitos pontos naturais, prejudicados pela interferência humana.
“É necessário mais respeito com a natureza e continuamos lutando para uma sociedade melhor”, concluiu a professora Fabíola Benfica.
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